sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Verão 2016 - 19 agosto 2016 – Florença



19 agosto 2016 Florença


Acordamos, mais uma vez cedo e após o check-out no hotel saímos de Pisa em direção a Florença. Florença seria apenas um ponto de passagem já que o nosso destino final seria Veneza, mais para o final do dia.

Os nossos planos para este dia eram passar o dia em Florença e a meio da tarde seguir viagem até Veneza, mas tal como em outras ocasiões os planos não foram cumpridos, mas lá iremos.


O caminho entre Pisa e Florença é muito curto e em pouco tempo estávamos à procura de estacionamento em Florença. Não foi tarefa fácil pois em Florença ainda é mais difícil estacionar que em Pisa (bem aqui até foi fácil!) e pelas pesquisas que fizemos antes da viagem chegamos à conclusão que o local ideal para deixar o carro era próximo da estação de comboios, a Estação Ferroviária de Santa Maria Novella. Os parques de estacionamento mais em conta estavam todos nas imediações da estação. Colocamos no Gps a morada da estação como destino, mas como toda a zona estava em obras fomos obrigados a fazer vários desvios e acabamos por ficar confundidos onde ficava o parque de estacionamento que pretendíamos. Ao fim de algum tempo decidimos entrar no parque da estação que apesar de mais caro estava mesmo ali à mão de semear.

Fomos caminhando em direção ao Duomo, o que nos levou cerca de 10 min, e pelo caminho paramos para tomar o pequeno-almoço numa pastelaria que nos apareceu no percurso.



O primeiro local de interesse com que nos deparamos foi a Praça Santa Maria Novella, não confundir com a Piazza Stazione, que é a praça imediatamente em frente a estação de comboios!). O nome da praça deve-se a igreja de Santa Maria Novella, com sua belíssima fachada em mármore branco e verde. Por incrível que pareça, para entrar na igreja é preciso pagar 5€. Em Itália é mesmo assim…


Continuando chegamos à Piazza del Duomo e fomos surpreendidos pelo tamanho da praça, pois tínhamos memória de uma praça maior. O tempo tem estes impactos, as memórias vão-se perdendo e por vezes temos estas surpresas.


Quando colocamos os pés na Piazza del Duomo temos a certeza que estamos realmente em Florença! É um dos lugares mais extraordinários de Florença não só pela beleza da catedral e o batistério, mas pela quantidade de pessoas de países diferentes por metro quadrado! Se pararmos nesta praça 10 minutos ali mesmo nas escadinhas em frente à entrada da catedral vamos poder ouvir dezenas de línguas diferentes. É uma verdadeira experiência antropológica!



Nesta praça fica o complexo do Duomo, que conta com a Catedral (Santa Maria del Fiore), Campanário e Batistério.

O Duomo, ou melhor a Catedral começou a ser construída no século XIII e a sua conclusão levou cerca de seis séculos, quando terminaram as portas de bronze!


O Duomo comporta cerca de 20 mil pessoas e muitas das obras de arte que antes podiam lá ser vistas, hoje estão abrigadas nos vários museus da cidade. Obviamente, todas as estátuas da parte exterior do Duomo são réplicas e muitas das originais podem ser visitadas no Museu Dell’ Opera del Duomo.

Ainda pensamos subir à Cúpula do Duomo. São 463 degraus, numa escadaria estreita, com pouca luz natural. Um pouco traumatizante, mas não foi por isso que não subimos. Não tínhamos muito tempo disponível, a subida é paga e a fila era algo extensa.

Ainda nesta praça temos o batistério, uma construção octogonal datada provavelmente do século VI ou VII que simboliza o oitavo dia (octava dies), o tempo da Ascensão de Cristo. Simbolizava a vida eterna, que é dada pelo batismo.

É aqui no batistério que estão as famosas portas de bronze!


A história das mesmas é bastante curiosa: as portas do lado sul foram entregues no ano de 1336 e representam a vida de São João Batista. Em 1401, foi aberto um concurso para a construção das portas do lado norte. Os concorrentes foram: Lorenzo Ghiberti, Filippo Brunelleschi, Donatello e Jacopo della Quercia. Ghiberti, que, então com 21 anos, ganhou a encomenda. Brunelleschi ficou tão desiludido com a perda da encomenda que mudou-se para Roma para estudar arquitetura e nunca mais esculpiu. Ghiberti levou 21 anos para finalizar as referidas portas. Essas portas retratam cenas do Novo Testamento.

As portas do Batistério hoje são réplicas. Você pode ver as originais no Museu Dell Opera del Duomo.

O Campanário foi projetado por Giotto, começou a ser construído no século XIV, conta com sete sinos e está decorado com cópias de esculturas e relevos que retratam o Antigo Testamento.

À semelhança do Duomo também podemos subir ao topo do Campanário, mas atenção que a subida são cerca de 415 degraus. Para quem tiver fôlego!


Depois de algum tempo na praça, decidimos caminhar até ao nosso objetivo seguinte, a Ponte Vecchio e ir parando pelo caminho quando tal se justificasse. E foi precisamente por isso que paramos na Piazza della Repubblica.

Hoje a Piazza della Repubblica é uma das áreas mais nobres de Florença: aqui encontramos alguns dos cafés mais antigos e famosos da cidade, como o Gilli (desde 1733) e o ou o Paszkowski (desde 1846), além do sofisticado Hotel Savoy, um dos melhores hotéis de Florença. Mais recentemente foi inaugurado nesta praça também o Hard Rock Café de Florença.



A Piazza della Repubblica sempre foi considerada o centro de Florença, o coração da cidade. Nela encontra-se a famosa “Colonna della Dovizia” (dovizia = riqueza) ou “Colonna dell’Abbondanza“, que foi erguida em 1431 e recebeu no topo uma estátua realizada por Donatello.

Antigamente a Piazza della Repubblica era palco de um antigo mercado da cidade, que sucessivamente foi transferido para a Loggia del Mercato Nuovo (a poucos metros de distância) também conhecida como Loggia del Porcellino, a nossa paragem seguinte.

Quando foi construída a sua loggia em 1547 a poucos passos da Ponte Vecchio, este Mercado era o local de venda de seda, os florentinos eram famosos pela tintura da seda desde a idade média. Depois, já no séc. XVIII passou a ser chamado de Mercado da Palha, pois ali era local de venda dos objetos de palha, como o chapéu de palha de Florença que era o mais “top” daquela época.

Hoje é um mercado de souvenirs e de couro, ficando aberto todos os dias da semana, das 8 até anoitecer.

O ponto principal da Loggia é a Fontana del Porcellino, assim conhecida, mas que na realidade não é um porco, mas sim um javali.

Uma escultura de bronze do século XVII do artista Pietro Tacca cujo original está guardado no Palazzo Pitti, que por sua vez é uma cópia de uma escultura helenística conservada no Uffizi.


A lenda popular diz que tocar no nariz traz boa sorte, mas o procedimento completo é mais elaborado. O procedimento completo para a obtenção de boa sorte é colocar uma moeda na boca do Javali, depois de ter esfregado o nariz. Se a moeda cair dentro da grade onde a água cai vai trazer boa sorte, caso contrário, não.

Na minha opinião, não custa nada tentar 2 ou 3 vezes até cair dentro e obter a boa sorte!
Continuamos a nossa jornada até chegarmos a uma nova praça, com muito interesse, a Piazza della Signoria.

Florença surpreende-nos, pois achávamos que seria difícil encontrar uma praça mais bonita do que a Piazza Duomo, bem digamos que a Piazza della Signoria não fica atrás.
Aqui encontramos o Palazzo Vecchio, sede do governo local. Também de incrível beleza é a Loggia dei Lanzi, uma pequena galeria aberta desenhada por Orcagna em 1376 e onde podemos ver expostas, entre outras a estátua de Perseu com a testa de Medusa obra de Cellini (1554) e o Ratto di Sabine de Giambologna.

Nesta praça encontramos algo um pouco deslocado, digamos assim!

A escultura, "Searching for Utopia", faz parte integrante de uma exposição criada pelo escultor belga Fabre intitulada "Guardas Espirituais", que abriu em Abril de 15. Trata-se por isso de uma exposição itinerante.


Andando mais um pouco chegamos ao destino pretendido: a Ponte Vecchio. Um dos cartões postais da cidade de Firenze, a Ponte Vecchio é a ponte mais antiga da cidade e é de uma beleza única! Atravessa o rio Arno no seu ponto mais estreito ligando a cidade de Norte a Sul..

Antes da atual Ponte Vecchio, tantas outras foram construídas e destruídas pelas constantes cheias do Rio Arno. A ponte definitiva foi construída em pedra em 1345 por Taddeo Gaddi (segundo Giorgio Vasari) ou por Neri di Fioravanti. Somente em 1442 foi determinado que os açougueiros da cidade deveriam ocupar as lojas do Ponte Vecchio para preservar a higiene pública. Como eles haviam necessidade de mais espaço, construíram desordenadamente pequenas salas que se projetam sobre o rio, sustentadas por estacas de madeira. Esta é a razão para a sua forma desordenada.


Em 1565, o recém grão-duque de Firenze, Cosimo I de' Medici, pediu ao arquiteto Giorgio Vasari para construir um corredor elevado que ligasse o palácio do governo (Palazzo Vecchio) à sua residência (Palazzo Pitti), passando pela Ponte Vecchio e pela Chiesa di Santa Felicità.

A sua motivação foi a incerteza do apoio da população ao Duque e ao novo sistema de governo que substituiu a Republica Fiorentina. O Corridoio Vasariano (como é conhecido hoje) foi construído em apenas 5 meses!

No lado sul da Ponte Vecchio (lado Palazzo Pitti), encontra-se a Torre dei Mannelli, a única entre as 4 torres de proteção do Ponte Vecchio ainda de pé. A Família Mannelli recusou-se a ter sua torre destruída para a construção do corredor Vasariano. Assim sendo, o arquiteto Giorgio Vasari teve que alterar o seu projeto inicial criando uma solução para contornar a torre através de grandes suportes e pedra serena.

Uma particularidade da Ponte Vecchio é ser conhecida mundialmente por ser toda ocupada por joalharias. Esta ocupação foi determinada por Ferdinando I em 1596 que se incomodava com o mal cheiro dos açougues que ocupavam a ponte e ordenou a mudança de atividade.

Hitler foi recebido em Florença por Mussolini no ano de 1938 durante a viagem dos alemães a Itália em busca de uma aliança. Mussolini mandou abrir duas grandes janelas no centro da Ponte para que Hitler pudesse admirar a vista para oeste do Rio Arno.


Em Agosto de 1944, durante a Segunda Guerra Mundial, os nazis bombardearam Florença e a Ponte Vecchio foi a única das pontes a sobreviver de pé! Talvez tenha sido salva graças à visita de Hitler alguns anos antes. Em compensação, destruíram quase completamente as vias de acesso à ponte. O Corredor Vasariano durante muitos anos foi a única maneira de atravessar de Norte para Sul da cidade.

A estátua a meio da ponte é de Benvenuto Cellini, um artista-escultor-escritor do século XVI, considerado o ourives mais importante de Florença.

Os cadeados que circundam a estátua simbolizam o amor insolúvel entre um casal. Os nomes são escritos sobre o cadeado e a chave é atirada ao Rio Arno simbolizando que ninguém jamais poderá abri-lo. Um pequeno conselho a quem quiser tentar fazer isso: se for apanhado paga uma multa de 50€. O amor por vezes fica caro…


Tiramos as fotografias da praxe, do ângulo que todos os turistas tiram! Talvez por ser o melhor!


Nesta altura começamos a sentir uma vontade enorme de ir até Veneza. A vontade da Beatriz ir até à cidade sem carros era muita e decidimos que após o almoço seguíamos para Veneza.

Procuramos um restaurante e decidimos experimentar um self-service próximo da Ponte Vecchio: o ristorante Queen Victoria!


Escolhemos este restaurante pelo facto de podermos escolher a comida e os respetivos acompanhamentos.

Não foi uma escolha muito acertada, pois a comida já estava previamente pronta e era aquecida na hora que pedíamos. Além disso foi caro (para a qualidade apresentada!) para um pratinho com muito pouca comida.


O nosso erro foi básico: estávamos demasiado perto da Ponte Vecchio e fomos apanhados numa armadilha para turistas. A melhor opção era afastar-nos daquele local e procurar outro restaurante, menos frequentado por turistas.

Terminada a refeição o melhor era esquecer e pensar no que íamos fazer de seguida.

De novo com o carro decidimos ir até ao local onde, provavelmente, temos a melhor vista de Florença. É do alto do miradouro da Piazzale Michelangelo que as fotos de Florença ficam escandalosamente bonitas!


A Piazzale Michelangelo fica do lado esquerdo do Rio Arno, numa área mais elevada. De lá é possível avistar o majestoso e imponente Duomo, a Ponte Vecchio contornando o Rio Arno, além das ruínas das muralhas da cidade.

Temos de reconhecer que a praça Michelangelo, por si só, não tem graça nenhuma. Há algumas réplicas de estátuas de Michelangelo e também barraquinhas com souvenirs e lanches porque há turistas por lá.

No andar inferior da praça, existe um restaurante com terraço panorâmico. Saborear uma taça de vinho enquanto se contempla a vista sobre a cidade não deve ser nada mau!

Daqui partimos em direção a Veneza, ou melhor a Mestre, pois é aí que vamos pernoitar durante a nossa estadia em Veneza.

Para finalizar um pequeno vídeo que realizamos em Florença:
Até já … em Veneza!

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