sábado, 10 de outubro de 2020

10 - 11 de Outubro – Pinhão

O contexto de pandemia do Covid19 provoca na maioria da população, um cansaço e uma ansiedade generalizada, pois lidar com os seus efeitos e consequências faz com que vivamos em permanente sobressalto, acrescido com o reinício das atividades letivas.

 

Com necessidade de “arejar” decidimos dar um pulinho até à região demarcada do douro vinhateiro, mais concretamente ao Pinhão.

 

Somos apaixonados pela região do Douro, pelas suas paisagens, pelos seus cheiros, pela sua gastronomia, etc.

 

Então, num sábado de manha, deixamos as filhas com a avó e saímos de casa brindados por um sol radioso e por temperaturas dignas de um fim de semana de primavera.

 

Falemos agora um pouco sobre o Pinhão!

 

Bonita vila da região Norte do País, o Pinhão situa-se na margem direita do Rio Douro, sendo considerada o coração do Alto Douro Vinhateiro, onde se localizam as muitas quintas que produzem o vinho do Porto, inserida numa das áreas classificadas pela UNESCO como património cultural da Humanidade.

 

Pinhão deve o seu topónimo ao rio com o mesmo nome, afluente do rio Douro, cuja bonita foz se encontra nesta localidade.

 

A paisagem envolvente é de uma beleza única, rodeada de uma natureza luxuriante com o Rio Douro como companheiro e casas senhoriais, quintas e solares que atestam a riqueza que o vinho do Porto tem concedido à região, estando a vila construída em desníveis que a parecem encaminhar para o encantador rio.

 

Um dos principais conjuntos patrimoniais da vila é a bonita Estação de Caminhos de Ferro (falaremos dela mais tarde!), construída no século XIX, com painéis de azulejos de grande beleza retratando cenas quotidianas de Pinhão, bem como a produção do Vinho do Porto, desde a vindima, passando pelo pisar das uvas até ao transporte de rabelo até aos armazéns do Porto.

 

O caminho de ferro foi um dos motores de desenvolvimento de Pinhão, que vê facilitada a comunicação às cidades onde se comercializavam os produtos da região.

 

A faceta turística da vila tem crescido muito ao longo dos anos, sendo local de paragem obrigatória dos famosos cruzeiros do Douro, oferecendo uma boa oferta de restauração e alojamento, bem como bares e cafés onde se pode degustar o bom vinho do Porto, ou lojas de artesanato local.

 

Logo que se entra na Estrada Nacional 222 – considerada uma das mais belas do mundo –, é impossível não ficar colado à janela. A beleza do rio Douro e as diferentes tonalidades de verde nas encostas, com as vinhas a despontar na primavera, fazem esquecer as curvas e contracurvas (muitas, por vezes) desta estrada que une o País do Litoral ao Interior, de Vila Nova de Gaia a Vila Nova de Foz Coa. Chegamos ao Pinhão cerca das 13:30h e fomos provocar um local para almoçar. Confesso que não procuramos pesquisar as melhores opções, um pouco por preguiça!

 

Junto de nós encontrava-se a “Taberna do Rio” e decidimos arriscar.

 

A Taberna do Rio também faz parte da história do Pinhão, o edifício foi das primeiras oficinas mecânicas para automóveis a funcionar na vila do Pinhão, a casa data da sua construção aproximadamente dos finais dos anos 20, com a construção da linha do Douro, o comboio chegou ao Pinhão nos finais do Sec. XIX e com ele o desenvolvimento do comércio local, na época em que existiam no Pinhão todos os serviços dos antigos mercados tradicionais, onde o Pinhão era o centro nevrálgico do comércio da região do Douro.

 

Em 2013 e com a ideia de voltar a dar vida ao lugar surgiu o projecto da Taberna do Rio.

 

Os alicerces do edifício fundamentam-se na história, foi com ela que aprenderam e é através dela que querem transmitir o que de melhor sabem fazer, o lema é dar a conhecer a riqueza da gastronomia tradicional do Douro, entre outras coisas que marcam a identidade dos seus habitantes.

 

Feitas as escolhas, o serviço foi um pouco lento, mas nada que ultrapassa-se os limites do aceitável.

 






A comida estava muito saborosa acompanhada por um vinho branco do Douro gelado. Para finalizar uma fatia de bolo borrachão (, um bolo típico da zona, que estava divinal!

 

A escolha revelou-se acertada, com um preço justo para a refeição: 40€

 

A refeição terminou mesmo a tempo do início do cruzeiro de 2 horas num barco Rabelo pelo rio Douro acima até à foz do rio Tua.

 




 

Operado pela empresa “Magnifico Douro, o pequeno passeio é uma oportunidade para apreciar paisagens de sonho que não poderão ser avistadas a partir das estradas que serpenteiam o rio.

 

Possibilidade de avistar uma variedade de quintas, muitas delas com aproveitamento para o turismo rural e enoturismo.

 







 

Não podendo ser comparável à experiência de subir o Douro desde a Foz até à Régua, é, no entanto, uma boa opção para quem quer passar 2 horas tranquilas a admirar belas paisagens!

 








 

O custo do passeio foram 20€/pax, comprado através da internet (no local o preço era igual!) e foram cumpridas todas as regras de segurança relacionadas com o Covid, até porque o barco ia com pouca gente.

 

Para passar a noite no Pinhão, a oferta era muita e variada, mas decidimos abusar um pouco e ficar num hotel 5*. O preço era mais baixo que o habitual, pelo que por menos de 200€ escolhemos o Vintage House Hotel, mesmo em frente ao rio.

 

Uma antiga adega foi adaptada para este magnífico hotel de interiores confortáveis e sofisticados. Todos os quartos desfrutam de vista para o rio Douro.

 

Mesmo ao lado da ponte projetada por Gustave Eiffel no século XIX, The Vintage House – senhorial e bem maior do que parece visto de fora, mas já lá vamos – continua a proporcionar-nos o mesmo cenário, com o Douro a entrar pelas portas e janelas de cada um dos 39 quartos e 11 suítes (só três dão para as traseiras), deste que foi o primeiro hotel de cinco estrelas da região. 

 




 

Aberto em 1998, desde então passou por várias mãos até regressar, em 2016, aos primeiros donos: o grupo The Fladgate Partnership (dono de The Yeatman Hotel, em Vila Nova de Gaia) e proprietário das marcas de vinho do Porto Taylor’s, Fonseca e Croft.

 

Manteve-se o mobiliário de época (aparadores, jarrões), estofaram-se cadeiras e sofás, mudaram-se cortinas e a decoração dos quartos, pintaram-se algumas das paredes de cores fortes.

 







 

A renovação do hotel nos últimos três anos (custou um milhão de euros) trouxe também sete novos quartos, entre os quais quatro master suítes (ideais para famílias), com nomes de castas de vinho: Tinta Barroca, Touriga Nacional, Touriga Francesa e Tinta Roriz.

 

Os corredores e os pisos desnivelados levam-nos em ritmo de passeio pelo interior do hotel, surgido a partir da antiga casa de habitação e dos armazéns de vinho.

 









 

Do Library Bar ou do restaurante Rabelo, abertos ao público, continuamos a avistar o rio. Se o tempo estiver convidativo, saberá bem a refeição lá fora, no terraço, com vista para as palmeiras do jardim.

 

Devidamente instalados no nosso quarto, não vínhamos preparados para usufruir da piscina exterior do hotel (falta uma piscina interior e um Spa, para a experiência ser divinal!), optamos por dar uma vista de olhos pela localidade e visitar uma das suas perolas, a estação de caminho de ferro.

 

A Estação Ferroviária do Pinhão é a mais bela estação do Douro. Construída durante o século XIX é conhecida pelos seus azulejos representativos da produção do vinho do Porto, desde as vindimas, o pisar das uvas até ao transporte do vinho em barcos rabelo rio abaixo até às caves em Vila Nova de Gaia.

 


O comboio chegou ao Pinhão em 1880 o que contribuiu para a rápida expansão do que antes era um pequeno povoado.

 

Em 1937 a estação recebeu os painéis de azulejo que fazem a sua fama. A sua autoria é de J. Oliveira, artista que também decorou outras estações portuguesas, e foram construídos na fábrica Aleluia de Aveiro. São 24 painéis que cobrem a quase totalidade das paredes do edifício principal.

 





 

Observar os painéis é como ler uma história, contada pelas imagens que representam as fases da produção de vinho. É também uma viagem ao passado onde podem ser observados vários aspetos já desaparecidos do Douro Vinhateiro.

 


 

Entretanto decidimos ir procurar um restaurante para jantarmos, pois achamos que o restaurante do hotel era demasiado caro para o que pretendíamos.

 

Tal como referimos anteriormente, a meteorologia foi nossa amiga durante o fim de semana, pois as temperaturas eram dignas de outras estações do ano. As temperaturas altas, parece que também surpreenderam alguns restaurantes da região, pelo menos, o que nós escolhemos para jantar, pois enquanto esperávamos por mesa, fomos informados que devido a muita procura não tinham comida para servir, pelo que tivemos de escolher outro. Optamos pelo Rufete, de menor qualidade, mas também mais barato. Pelo menos nisso ficamos a ganhar.

 

Escolhemos Naco de Carne e Polvo à Lagareiro, acompanhados com feijão verde e batatas a murro e cerejadas.

 



 

Toda a comida estava muito boa, servida em quantidades generosas. Preço: 36€. Boa opção, sem dúvida!

 

Após o jantar regressamos ao hotel para descansar, pois essa era a principal razão da nossa escapadinha!

 




Manhã cedo, abertas as portadas das janelas e da varanda, veem-se os barcos rabelo (atracados no cais mesmo em frente a The Vintage House) zarpar do cais de Pinhão rumo à foz do rio Tua, num vaivém que faz parte da paisagem.

 

O pequeno almoço foi servido no Salão do Rio, de olhos postos nas águas do Douro (lá está): compotas caseiras de fruta (pera, melão, abóbora, ananás), manteiga de amendoim, marmelada, charcutaria regional, queijos de cabra e de ovelha.

 

Como tínhamos a alternativa de tomar o pequeno almoço no exterior, com vista para o rio e sentir o cheiro a rio enquanto comíamos, em boa hora o fizemos, pois, ficamos deliciados.

 




 

E como estas coisas acabam sempre muito rápido, era altura de regressar pois a família esperava-nos para um regresso à realidade: preparar a semana de trabalho e de escolha para as filhas!

 

No regresso, queríamos fazer uma última visita, pois somos apaixonados por miradouros e ali bem perto do hotel tínhamos um dos melhores: o de Casal de Loivos!

 

A par do miradouro da Quinta das Carvalhas, que fica do outro lado do rio Douro, Casal de Loivos oferece uma das mais bonitas vistas do douro vinhateiro.

 

Sentados num dos bancos de madeira do miradouro podemos contemplar o rio Douro, Pinhão, a ponte que com os tons brilhantes destaca-se do verde da vinha e da oliveira que decoram as serras altas e com encostas muito íngremes.

 


 

A mão humana desenhou na natureza. Umas vezes com linhas circulares da vinha e dos socalcos, outras vezes com manchas de oliveiras nos pontos mais altos.

 

No vale o rio corre também intervencionado pela vontade humana através das barragens. Um pouco antes, a montante, fica a da Valeira.

 





Do miradouro vemos uma grande extensão do rio que depois de passar por Pinhão faz uma curva apertada e descreve um S a caminho de peso da Régua.

 

O trabalho da natureza e dos homens criaram uma paisagem cultural classificada pela UNESCO como Património da Humanidade e que é uma obra-prima.

 

Junto ao miradouro está um mapa. Já gasto, mas que ainda nos consegue informar de alguns pontos de referência que se conseguem observar. Um deles é a foz do rio Pinhão que, devido à distância a que estamos, temos de ter um olhar cirúrgico que nos leva ainda para a descoberta da entrada da linha de caminho de ferro no Pinhão.

 

Para finalizar deixamos um video do nosso fim de semana:

 


 

 

E assim ficamos por aqui, até uma próxima experiência, que o acaso nos proporcione e que receberemos de braços abertos!