sábado, 31 de dezembro de 2005

Paris - França - 31 Dezembro 2005



31 dezembro 2005 – Paris


O último dia do ano 2005 nasceu escuro, chuvoso e frio, em suma, nada convidativo para se andar pela cidade ao ar livre, a forma mais interessante de se ir conhecendo uma cidade pois pode-se ir apreciando o que nos vai aparecendo pela frente e podemos a qualquer altura alterar a nossa rota ou alterar os planos delineados porque surgiu alguma coisa interessante entretanto.

 
Como era a estreia da Virgínia em Paris, e o tempo disponível não era muito tivemos que começar por aquelas atrações que recebem mais visitantes. Nem sempre são as melhores, mas se recebem muitas visitas é porque serão melhores que as outras, senão não receberiam tanta gente. Apesar de este raciocínio ser um pouco “barato” não pode deixar de ter alguma verdade…


Começamos logo de manha cedo pela Catedral de Notre Damme, sem nenhuma justificação, apenas porque tínhamos de começar por algum lado.

  
A Catedral de Notre Damme é o km zero de Paris, já que é a partir de uma pedra colocada diante da Catedral situada na Île de la Cité que se contam as quilometragens das principais estradas francesas.

A Catedral de Notre Dame começou a ser construída em 1163, no local onde antes havia outra igreja, sob o comando do então bispo de Paris, ansioso por consolidar a imagem da cidade de Paris como um polo religioso, cultural e intelectual do período. E o resultado final da obra, executada num portentoso estilo gótico francês, foi grandioso o suficiente para que, pelo menos nos sete séculos seguintes (até a Revolução Francesa), a catedral fosse sinónimo do catolicismo parisiense.


O impacto visual começa logo nas suas dimensões – 130 metros de profundidade, 48 de largura e 35 de altura, o que a torna apta a acolher até 6 mil pessoas – continua por cada detalhe do edifício (que demorou quase dois séculos para ser concluído) e termina na coleção de obras de arte que comporta, entre vitrais, quadros e esculturas.

  
A Notre Dame testemunhou alguns dos grandes eventos da história francesa, tais como a coroação de Napoleão como imperador em 1804 e a beatificação de Joana D’Arc em 1909 (representada num estátua no interior da igreja).

  
Também está guardado em seu relicário nada menos que a suposta coroa de espinhos de Jesus Cristo, exibida aos visitantes na primeira sexta-feira de cada mês, e que por este motivo não tivemos oportunidade de ver.


Saímos da Catedral e fomos caminhando pela Rue d'Arcole atravessando a ponte com o mesmo nome até chegarmos à praça onde se situa o Hôtel de ville, ou seja a Câmara Municipal. Foi uma curta caminhada de apenas 10 minutos. A nossa passagem por aquele local foi a pista de gelo que anualmente é lá instalada por alturas do Natal. Não nos atrevemos a experimentar…


Continuando a nossa caminhada através da Rue Beaubourg fomos dar ao Centro Georges Pompidou, um dos ex-libris da cidade de Paris. Desta vez não entramos e apenas aproveitamos para beber um chocolate quente num Starbucks localizado numa praça mesmo ao lado do Centro.

Apenas como referencia, dizer que o Centro George Pompidou foi inaugurado oficialmente em 31 de janeiro de 1977 e desde então recebe anualmente cerca de 6 milhões de visitantes, sendo um dos locais mais visitados em França. Alberga o Museu Nacional de Arte Moderna, que é o maior museu europeu do género.

Localizada no grande espaço aberto interior está a Bibliothèque Publique d’Information e um centro para música e investigações acústicas conhecido como IRCAM. O espaço exterior, uma praça plana e livre, é constantemente utilizada para eventos urbanos.

Para mais informação sobre este local é favor procurar outros posts aqui no blog sobre Paris.

Retomamos o nosso caminho em direção a uma das grandes atrações da nossa visita, o Museu do Louvre. O museu já não me era estranho pois visitei-o numa visita de estudo quando tinha apenas 17 anos, na minha primeira viagem de sempre ao estrangeiro… saudades!!!

 
Como a Virgínia não conhecia o museu, lá tivemos que enfrentar as filas para comprar o bilhete de acesso ao mesmo.

  
O Museu do Louvre, frequentemente vencedor dos rankings dos museus mais visitados do mundo – a média das últimas publicações é superior a 8 milhões de visitantes anuais –, este palácio do século 12 foi convertido na Meca da arte em 1793, quatro anos após a Revolução Francesa.


Entre as mais de 35 mil obras em exibição no Museu do Louvre estão nada menos que a Vénus de Milo, escultura de autor desconhecido, e a Mona Lisa, de Leonardo da Vinci – sem duvida a mais procurada, o que implica estar preparado para enfrentar multidões à volta do quadro, que depois surpreende a maioria dos interessados pelo seu diminuto tamanho. Obviamente, que o tamanho não é o mais importante, e pena é que não seja possível observar esta preciosa obra-prima com toda a calma, silêncio e veneração que esta merece.


São mais de 60 mil metros quadrados de área neste gigantesco acervo de arte de inúmeras épocas e culturas do mundo, por isso vale a pena reforçar a sugestão de que o ideal é reservar mais de um dia para a visita ao museu, pelo menos para os verdadeiramente apreciadores. No nosso caso até tenho alguma vergonha de dizer que apenas passamos algumas horas no seu interior.


A visita ao Museu do Louvre já começa de forma um pouco teatral, com a pirâmide de vidro do arquiteto sino-americano Leoh Ming Pei dando as boas-vindas aos turistas e apreciadores de arte. A solução encontrada por Pei não só ofereceu um novo postal a Paris, mas também a tão aguardada entrada (decente) para um edifício tão importante como este. Além disso, inundou de luz todo o Hall Napoleon e serviu para dar mais algum credito ao já de si ficcionado livro de Dan Brown, O Código da Vinci.


Falando um pouco da história do museu, as origens do Louvre remontam ao ano de 1190, quando aqui foi construída uma grande fortaleza junto às margens do rio Sena. O castelo do rei Felipe Augusto possuía um ar obviamente bélico, com muralhas e torres. No século 14, o rei Carlos V imprimiu um ar menos bélico ao complexo, agora transformado em residência real. Os ares palacianos surgiriam pela vontade dos soberanos renascentistas Francisco I (que demoliu o antigo castelo e trouxe Leonardo da Vinci para França -- com a Mona Lisa a tiracolo) e Henrique IV (que aqui abrigou artistas que montaram atelier no seu recinto).


Com a mudança da corte para Versalhes, o Louvre ficou num estado lastimável, sendo transformado em museu em 1793, durante a Revolução Francesa. Com a expansão colonialista francesa durante o século 19, uma série de antiguidades do Oriente Médio e Egito foram "importadas" pelos franceses. Jean François Champollion, o homem que decifrou a Pedra de Rosetta, foi o primeiro curador do departamento egípcio.

A última grande intervenção no edifício foi comandada pelo presidente François Mitterand em 1989, que encomendou o polémico -- como tudo em Paris -- projeto de I.M. Pei.

O Museu do Louvre cobre um longo e precioso leque da produção artística do homem. A curadoria dividiu o acervo em sete coleções, dispostas em três seções principais: Sully (o Cour Carrée), Richelieu (que abrange a ala paralela à Rue de Rivoli) e Denon (a ala ao longo do rio Sena). Todas elas possuem acesso através da pirâmide.


Os departamentos seguem um labiríntico roteiro pelo museu: Antiguidades (dividido em coleções egípcia, grega, romana e etrusca), Pinturas (principalmente francesas e europeias), Antiguidades Orientais (objetos do Oriente Médio, Mesopotâmia, Índia e norte da África), Esculturas, Arte Decorativa, Gravuras e Desenhos (que conta com manuscritos com iluminuras e esboços e estudos de mestres como Leonardo e Rembrandt) e Arte Tribal (hoje no novíssimo Museu Quai-Branly).

Alguns dos destaques do museu:

- A Mona Lisa (La Gioconda), pintura de Leonardo da Vinci, do século 16
- Le Radeau de la Méduse, pintura de Théodore Géricault, do século 19
- A Vitória de Samotrácia, escultura grega de cerca de 190 a.C.
- A coleção egípcia, em grande parte angariada por Napoleão Bonaparte, no século 19
- Vénus de Milo, escultura grega de cerca de 100 a.C.
- A Liberdade Guiando o Povo, pintura francesa de Eugène Delacroix, do século 19
- A Coroação de Napoleão, pintura francesa de Jacques-Louis Davi, do século 19

Aconselhamos chegar cedo para evitar filas. Se fizer isso vai economizar tempo (e muita paciência) tanto na altura de entrar como na visita em si, com menos aglomerações sobre as peças mais famosas, como a Vénus de Milo e a Mona Lisa. Outra dica é conhecer todos os destaques das peças expostas primeiro e depois, com mais calma, passar pelas obras menos disputadas. Se já é veterano nestas andanças, faça uma programação antecipada para evitar o sobe e desce. Outra forma de agilizar a entrada é comprar o ingresso pela internet e assim poupar o tempo de espera na fila.

O Louvre possui três entradas: a da pirâmide é de longe a mais congestionada, portanto deve ser evitada. A única exceção é para quem tem um Paris Museum Pass, que tem um acesso exclusivo nesta entrada. As entradas da Porte des Lions e da Galerie du Carrousel são mais tranquilas e, por vezes, podem estar surpreendentemente vazias nos meses de inverno e no começo da primavera.

Acho que não é novidade para ninguém que na época alta, de junho a agosto, entre 10h e 15h, as filas podem durar enervantes 2 horas sob o sol de verão.

Mas o Louvre não é só o museu, mas também os jardins que o rodeiam. Fomos descendo pelos Jardin de Tuileries até à Place de la Concorde, onde está instalada já há alguns anos a grande roda gigante de Paris.


A praça em si está localizada entre o Museu do Louvre e a badalada Champs-Élysées, esta simpática praça teve um importante papel na historia de Paris passando de palco de festejos e casamentos reais a sede da guilhotina durante a revolução francesa. Nesta praça foram decapitados centenas de pessoas entre eles a rainha Maria Antonieta e o Rei Luis XVI. Hoje a praça da Concórdia é uma das mais bonitas de Paris, e é “morada” de um lindo obelisco egípcio.
 
Mas não foi só o papel da praça que mudou durante os anos, a praça também teve vários nomes: de Praça Luis XV em homenagem ao Rei que se havia curado de uma grande enfermidade – nessa época havia na praça uma estátua equestre do rei que foi completamente destruída durante a revolução. Durante a revolução a praça foi rebatizada de praça da revolução, a estátua real foi substituída pela guilhotina.

Passada a revolução e o período do Terror, a praça ganhou o seu nome atual de Praça da Concórdia.
Hoje a praça voltou a ter clima festivo e recebe dezenas de noivas em busca da foto perfeita e de turistas encantados com as maravilhas de Paris.

E quanto ao obelisco egípcio?


Ao contrário do que muitos pensam, o obelisco não é mais uma conquista das batalhas napoleónicas, mas sim um presente do Rei Egípcio Méhémet Ali ao Rei Luís Felipe I e foi colocado na praça em 1836.

Alem do bonito Obelisco, a Praça da Concórdia tem duas fontes que celebram as águas, fontes essas que parecem iguais para quem olha de longe, mas na verdade as mesmas são diferentes. A fonte Norte celebra a navegação fluvial (com figuras que representam os rios Francesas Rhin e Rhône e as colheitas de uva e trigo) e a fonte sul, celebra a navegação marítima (com figuras que representam o mediterrâneo e a pesca).

Mesmo em frente à praça fica o nosso próximo destino, o imponente Lês Invalides!

Louis XIV ordenou a criação deste imponente edifício no século 17 para abrigar feridos das muitas guerras então protagonizadas pela França. O objetivo original do Hôtel des Invalides permaneceu por mais de 100 anos e contribuiu para que cerca de 4 mil veteranos fossem recebidos simultaneamente. O espantoso edifício testemunhou outros momentos importantes da história, como em 14 de julho de 1789, quando foi invadido e teve milhares de armas roubadas para serem usados na tomada da Bastilha. O túmulo de Napoleão Bonaparte está aqui, bem como o Museu de l’Armée, maior acervo militar francês.

A entrada é paga e é válida para o Museu da Armada, Le Dome e o túmulo de Napoleão, o monumento a Charles de Gaulle, o Museu de Mapas e o Museu da Ordem da Liberação.


Quem me segue neste espaço sabe que sou um aficionado dos museus de história ligados às guerras, a Virgínia até reclama comigo pois diz que só estou bem a ver coisas da guerra. Por isso não admira que a visita ao Museu da Armada tenha sido mais demorado que ao Museu do Louvre.


O museu foi criado em 1905, depois da fusão do museu de artilharia com o museu histórico da armada.


A superfície do museu é de aproximadamente 800 metros quadrados e nele encontramos cerca de 50000 objetos.

Face à quantidade de objetos em exposição, podemos assegurar que é um dos mais importantes e prestigiados de todo o mundo.

As coleções permanentes do museu estão repartidas ao longo de um circuito, que segue uma cronologia histórica, desde da antiguidade até ao fim da segunda guerra mundial.

Uma visita que recomendo a quem gostar deste tipo de artefactos.

E com esta visita terminamos o nosso dia em Paris, pois ainda tínhamos que apanhar o comboio até Chantilly – Gouvieux para passar a noite de fim de ano com os nossos tios e com a minha mãe.


Regressamos ao nosso hotel no primeiro comboio a circular, o que implicou uma chegada ao centro de Paris, mais concretamente à Gare du Nord às 5:00h.

A viagem não foi muito agradável e deu para perceber o “grande” problema que têm os franceses com os subúrbios de Paris com uma mescla de etnias fruto das segundas e terceiras gerações de imigrantes. Infelizmente a nossa premonição estava certa e todos os problemas com a segurança em Paris nos anos seguintes tiveram a sua origem nestes bairros problemáticos dos subúrbios da enorme metrópole que é Paris.

Amanha, vamos aproveitar o primeiro dia do ano para conhecer mais um pouco Paris. Até já!

Há e já agora, um Bom Ano Novo…

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