18 agosto 2016 – Cinque Terre
Acordamos bem
cedo pois queríamos aproveitar todos os momentos que o dia nos proporcionasse.
Assim logo às 7:00h toda a família saltou da cama para iniciarmos uma viagem de
cerca de uma hora até La Spezia. No fundo tratava-se de andar para trás mas o
planeamento não tinha sido possível de outra forma.
Como não
tínhamos pequeno-almoço incluído, comemos qualquer coisa numa pastelaria perto
do hotel já durante o caminho.
O nosso objetivo
era apanhar logo o primeiro ferry a sair de La Spezia, o que aconteceria às
9:15h. Conseguimos por muito pouco pois um engano no caminho atrasou-nos e só
conseguimos porque encontramos estacionamento mesmo em frente ao local de onde
partem os ferrys. Isso e um ligeiro atraso na saída do ferry!
Compramos o
bilhete para o dia inteiro que nos permitiria andar em qualquer um dos barcos
durante esse dia, independentemente de qual o seu destino ou direção.
Os preços e
horários já estavam previstos pois podem ser consultados no site da empresa que
opera o serviço. Assim pagamos 76€
(30,00€/adultos e 16€/crianças entre 6 e 11 anos).
As Cinque Terre
são Monterosso,
Vernazza, Corniglia, Manarola, Riomaggiore e a
"sexta" terre, a adorável Portovenere.
As pequenas
vilas são muito agradáveis e simpáticas, um amontoado de pequenos prédios antigos
e coloridos incrustados nas rochas da montanha. Um facto que nos impressiona é
que alguns desses prédios estão no local firmes há mais de 500 anos.
Quem esperar
encontrar o luxo da Costa Amalfitana, a sul de Nápoles que se desengane, os prédios
são mesmo simples e transmitem a sensação real que os seus habitantes são gente
comum, pescadores, agricultores alguns, outros talvez já se dediquem ao
turismo. Esse facto torna ainda mais atrativa a visita.
Escolhemos o passeio
de barco pois este proporciona a melhor vista das "terre", pois é o único meio de
transporte que possibilita avistar as pequenas vilas desde longe à medida que
nos aproximamos da costa. As outras possibilidades são o comboio regional entre
La Spézia e Génova, sem dúvida uma possibilidade muito funcional, fácil e rápido,
mas como o trajeto que liga as vilas é praticamente feito por túneis, não vale
a pena do ponto de vista turístico.
As pequenas
vilas são muito pitorescas e um dia é suficiente para conhece-los a todos. Claro
que se a intenção é fazer o percurso a pé utilizando os trilhos que serpenteiam
as montanhas entre eles, aí sim são necessários pelo menos 2 ou 3 dias. Isto
dependendo da forma física…
O roteiro previsto
era sair cedo de La Spezia e fazer a viagem até Monterosso, a terre mais
distante. Depois voltar de barco parando em Vernazza e Manarola; de Manarola
caminhar pela Via D'ell Amore até Riomaggiore e finalmente de lá seguir de
barco a Portovenere.
No entanto, no Outono
de 2011 inundações e grandes deslizamentos de terra afetaram severamente toda a
área das Cinque Terre, especialmente a zona próxima de Vernazza. Em setembro de
2012, quedas de rochas ao longo do famoso trilho ”Sentiero dell'Amore" ou
“Via Dell’ Amore” provocando o fecho do mesmo por razões de segurança.
Este inverno as
Cinque Terre não foram danificadas devido ao mau tempo, mas vários dos trilhos continuam
fechados pois ainda não foram totalmente recuperados.
Em face do
descrito, o regresso foi feito de ferry novamente com paragem nas diversas
vilas, à exceção de Corniglia, que não tem porto marítimo. Mas já lá vamos…
A saída do ferry
do porto de La Spezia (para nosso azar não estava nenhum cruzeiro atracado!) é
muito tranquila e permite ir apreciando a paisagem que bordeia o mar e na qual
predomina o verde. A nossa excitação aumentava cada vez mais, como vai ser a
primeira reação? vamos ficar de boca aberta? Ou pelo contrário ficaremos
desiludidos?
Apesar de toda a
nossa vontade de rapidamente chegar à primeira "terre", a primeira paragem é em Portovenere, chamada de sexta "terre"
pelas suas semelhanças com as “originais”! Por agora não falaremos mais sobre
Portovenere, pois será a nossa última paragem no regresso a La Spézia.
Não saímos do barco, tal como estava previsto, e a pequena paragem que o barco fez para deixar sair e entrar passageiros serviu para afinar as máquinas fotográficas, a Go Pro, o telemóvel, etc… Não podia falhar nada!
Não saímos do barco, tal como estava previsto, e a pequena paragem que o barco fez para deixar sair e entrar passageiros serviu para afinar as máquinas fotográficas, a Go Pro, o telemóvel, etc… Não podia falhar nada!
A viagem até Portovenere
é feita na sua totalidade na grande baía que serve de abrigo ao porto de La Spezia,
o que da viagem um autêntico passeio num grande lago sem ondas que oscilassem o
barco. Após a partida de Portovenere entramos em mar aberto o que provocou
alguma animação na navegação. Nada que se compare à travessia das Berlengas!
Fomos brindados
com imagens fantásticas das montanhas, com as suas ravinas mesmo em cima da
água, deixando no ar a ideia de quem conseguirá viver naqueles montes e como
conseguirão chegar às suas casas. Estradas próximas não se viam!
Passamos por Riomaggiore,
Manarola, Corniglia, Vernazza até chegarmos a Monterosso, a "terre" mais
longínqua do nosso ponto de partida.
A navegação até Monterroso demora cerca de 2 horas, já contando com as paragens em cada uma das vilas. Chegados a Monterroso fomos obrigados a sair pois o barco terminava ali o seu percurso. Aproveitamos para dar uma voltinha pela vila ao mesmo tempo que procurávamos um local para almoçar.
Apesar de
existirem alguns monumentos (principalmente igrejas e castelos!) nas pequenas
vilas que compõem as Cinque Terre, a maior atração delas está nas ruas
estreitas, nas imagens que as casas de diversas cores nos proporcionam, por
isso a nossa opção (e conselho!) foi perdermo-nos no interior da povoação e
deixar o acaso nos levar até onde quiser.
Falando sobre
Monterroso al Mare, esta é a maior e mais povoada de todas as “terre”. As
praias desta povoação são as mais extensas, por estarem localizadas bem no
centro do golfo dos poetas.
Monterosso, como
o próprio nome dá a entender é um pouco diferente das outras “terres”. Enquanto
Riomaggiore, Manarola e Vernazza tem uma forte pendência na direção do mar e
Corniliga fica no cimo de um monte, Monterosso tem uma pendência bem menos
íngreme, estando praticamente sob o nível do mar (al mare) e é a única “terre”
que está dividida em duas partes, Fegina e o Centro Histórico.
Aqui também
começa um trilho pela montanha que leva até Vernazza, onde poderão ser
encontrados alguns vinhedos típicos da região. Apenas recomendamos experimentar
este trilho se a forma física for aceitável e tiverem um espírito aventureiro.
Tal como referimos anteriormente os trilhos não são nada fáceis, cheios de
“sobe e desce” e está num estado praticamente natural, não existe piso certinho
para facilitar o caminho. São trilhos de terra e rochas que serviram no passado
para os habitantes ligarem as duas vilas. A caminhada durará cerca de 2 horas
para quem quiser arriscar!
Confesso que
apesar do calor que se fazia sentir naquele início de tarde a praia não chamava
por nós, não sabemos explicar porquê! Talvez a vontade de conhecer aquelas
vilas fosse mais forte que o apelo do mar! Agora os restaurantes para ficar
degustando pratos locais, à base de peixe marinados e fritos, com um bom vinho
branco em frente ao mar e à praia eram muito apelativos. Tivemos que nos
controlar para não ficar por ali mesmo.
Unindo as
forças, caminhamos a orla no sentido esquerdo para que está de costas para a
estação ferroviária. Nesse local podemos contemplar uma estátua enorme de
cimento/rocha que quase se funde com a paisagem devido à maresia. É o Deus
Neptuno!
A partir deste
ponto fomos caminhamos por toda a promenade de Fegina. Fegina tem um aspeto de
balneário turístico dos anos 70. Tudo muito cuidado, organizado e limpo.
No lado oposto
ao da estátua gigante podemos aceder à parte antiga da cidade, através de um
pequeno túnel, localizado abaixo do promontório onde fica o Convento dos padres
Capuccinnos, a Igreja de São Francisco de Assis e a Torre Aurora.
O centro de
Monterosso é muito giro, cheio de pequenos comércios, restaurantes e bares.
O centro histórico, assim como Vernazza, também foi muito castigado pelas chuvas, porém os vestígios estão mais evidentes em algumas (poucas!) fotos espalhadas pelos locais atingidos. As construções em si já estão totalmente recuperadas.
Foi por aqui que almoçamos, numa das muitas pizzarias existentes no centro histórico. Procuramos comparar preços mas estes eram muito parecidos entre eles e optamos por uma delas.
Pedimos uma
pizza gigante para nós os 4 e com as bebidas e o “Coperto” (uma espécie de
gorjeta aqui de Itália) pagamos cerca de 32€. Nada de mais, mas também a comida não
valeria mais do que isso! Não que não estivesse saborosa, mas foi apenas uma
pizza!
O tempo disponível já não era muito pois tínhamos de regressar num dos barcos que pararia em todas as “terre”, já que os seguintes só parariam em algumas delas.
Assim, ainda
tivemos que correr um bocado para não perder o barco que partiu antes das 13:00h.
A fila era enorme quando chegamos. Será que toda a gente tinha feito os mesmos
planos que nós? Apesar disso conseguimos entrar todos no barco que partiu em
direção a Vernazza.
Dando
continuidade ao passeio pelas Cinque Terre, depois de visitarmos Monterroso, chegamos
a Vernazza, e notamos logo uma diferença face a Monterroso, em Vernazza via-se
muito mais gente na vila, turistas é claro!
A própria saída
do barco já foi “difícil” porque as pessoas que estavam à espera que saíssemos
para entrar quase que o queriam fazer ao mesmo tempo que saímos.
Diferente de Monterroso,
o impacto que Vernazza é aquele que sentimos quando chegamos a uma pequena e
charmosa cidade de praia. Com opções de gelatarias, lojinhas, restaurantes – inclusive à beira mar,
ou no alto da cidade, com uma vista fantástica. Chegamos quase a pensar que a
vila é um pouco mais sofisticada que as outras “companheiras”. Mas não é. E isso torna Vernazza tão especial. É uma
autêntica “vila de pescadores” da Riviera Italiana.
Enquanto observávamos os turistas que se divertiam tentando tirar selfies com as ondas fortes que se quebravam mesmo atrás deles, percebemos que Vernazza está para o mar tanto quanto o mar está para Vernazza. Uma vila que está incrustada na montanha banhada pelo mar, tem que se proteger. E lá havia uma barreira de pedras, para quebrar as ondas dos dias de fúria do mar da Ligúria. E para divertir os turistas também, é claro!
Fomos caminhando
para sentir o pulsar da pequena vila, e não pode passar indiferente a ninguém… o cheiro do peixe de verdade, ou melhor da comida
com peixe. Este cheiro só as autênticas vilas de pescadores tem. Felizmente em
Portugal temos alguns destes exemplos!
Algumas das
fotos mais bonitas de Cinque Terre que normalmente vemos são relativas a
Vernazza, e a quase totalidade delas são tiradas dos trilhos que ligam as
diferentes vilas, pelo facto de estes percorrem a montanha e permitirem uma
vista elevada da vila.
Não nos
aventuramos muito mas percorremos apenas uma centena de metros num desses
trilhos para conseguir algumas fotos que mostrassem a beleza que Vernazza tem.
Claro que já chegamos à conclusão que o Photoshop (e os filtros!) faz milagres,
pois as imagens estão lá mas as cores não são as mesmas!
A “terre”
seguinte, Corniliga não pode ser visitada a partir do ferry pois é a única que
não tem ligação ao mar, ou melhor não tem molhe onde o ferry atracar. Devido a
isso mesmo não a visitamos. De qualquer forma vamos referir-nos à mesma por uma
questão de estrutura do texto.
A vila é a menor
das Cinque Terre. Apesar de ter praia em ambos os lados, a do lado esquerdo
(direção Manarola) é uma faixa extensa, exatamente onde está a estação
ferroviária o que tira a graça à praia. Já a pequena praia, mais uma calleta
como dizem os italianos, do lado direito (direção Vernazza) é muito mais
charmosa e pode ser acedida através de trilho.
No entanto, sem dúvida o mais comum e atrativo em Corniglia, além da vila em si é a vista de lá de cima. Próximo de uma pequena igreja que fica bem lá no alto, tem um miradouro que permite uma vista de longo alcance. O habitual é os turistas fazerem o passeio trivial pela vila, visitar as igrejas e lojinhas e as ruas da vila.
Continuamos o
nosso caminho até Manarola, mais uma das pequenas vilas que à semelhança das
outras faz parte do “Parco Nazionale delle Cinque Terre”.
Misturando um
pouco a visita a Manarola e Riomaggiore, pois ambas são muito bonitas e
parecidas. É difícil dizer qual das duas é a mais bonita ou agradável de se
estar ou visitar com as casas coloridas unidas entre elas em forma de torres, construídas
seguindo a natureza e as características rochosas do terreno. Achamos que na
verdade ambas se complementam ao mesmo tempo que em se unem através da Via
dell’Amore. De comum em relação às demais “terre”, como exceção de Corniglia,
que fica no alto da montanha, têm o fato de terem sido poupadas às enxurradas
do passado. Além disso ambas têm uma parte mais alta de onde é possível ter uma
vista da vila e dos terraços utilizados na agricultura e possuem uma forte
pendência em direção ao mar.
A vila foi
erguida seguindo o caminho do Rio Groppo, agora coberto e canalizado, também temos
outra rua principal chamada Via di Mezzo. É nestas duas ruas que podemos
encontrar todo o movimento da cidade, as lojinhas, restaurantes e demais opções
para turistas.
Também à
semelhanças das outras, não existe muita coisa para se fazer a não ser andar
pela vila, visitando as igrejas e as pequenas lojas, aproveitando o sol e a
liberdade (relativa) de estarmos de férias sem grandes compromissos com as
horas, com direito a uma paragem para um café e para provar as iguarias locais.
Deixamos aqui a dica para provarem a focaccia genovesa, típica desta região.
O famoso trilho,
de que já falamos anteriormente, “Via dell’Amore”, como o próprio nome já deixa
transparecer, é na verdade uma caminhada muito tranquila que, partindo de
Riomaggiore, desemboca diretamente na estação ferroviária de Manarola. É muito
fácil e rápido de ser percorrido. No próprio site do parque refere que o tempo
que demora a percorre-lo é de cerca de 25 minutos. Ficamos com muita pena do
trilho não estar aberto na sua totalidade para o percorrermos. De qualquer
forma percorremos alguns metros para uma vez mais podermos ficar com fotos de
Manarola vista de uma perspetiva mais elevada.
A última das
Cinque Terre a visitarmos (Portovenere, fica de fora desta contagem!) foi Riomaggiore,
a vila mais a sul das Cinque Terre.
Riomaggiore
cresceu nas margens do rio Rivus Maior, que deu origem ao seu nome. A
arquitetura, tal como referido é bastante similar às outras vilas da Ligúria,
com o padrão casas coloridas em torres de três a quatro andares, conectadas
umas às outras.
Riomaggiore é possivelmente a mais populosa vila das Cinque Terre, com uma população de aproximadamente 3.000 habitantes.
O ponto alto da
nossa visita a Riomaggiore foi conhecer a Marina, cruzamos a vila de uma ponta
a outra, descemos escadas e voltamos a subi-las e apreciamos vistas incríveis.
Ao chegarmos à Marina temos uma bela vista da vila, com as suas casas lado a
lado nas suas diversas cores, podemos observar os pescadores subindo e descendo
trazendo seus peixes e relaxar ao som do mar.
Riomaggiore está
repleta de túneis que passam por dentro dos edifícios, e a cada novo local
somos surpreendidos pelas vistas que temos, cada um deles dando-nos uma nova
perspetiva da cidade e dos trilhos que dela saem e partem.
Terminamos a nossa visita às Cinque Terre com uma paragem em Portovenere, uma vila maior que as que fazem parte das Cinque Terre e local obrigatório de paragem do ferry que utilizamos. Esta foi a única razão para aqui pararmos, mas ainda bem pois a vila tem muito para nos mostrar.
Tal como
referimos anteriormente, Portovenere é usualmente chamada da “sexta terre”, pela
sua proximidade, pelas suas semelhanças arquitetónicas, etc.
Dito isto,
descemos do barco e fomos aproveitar o pouco tempo que tínhamos até à partida
do barco para La Spezia para dar uma voltinha pela vila.
Os principais
destaques da vila, muito conhecida pelo seu pitoresco porto com casas coloridas
e pela Igreja de São Pedro, situada na ponta de um promontório rochoso.
Estreitas ruas medievais levam até a colina onde há um castelo. A rua principal,
a mais antiga, começa na porta da cidade, e esta repleta de lojas.
À primeira
vista, Portovenere aparece como uma pintura a óleo romântica, com aquela famosa
fachada de edifícios altos, vivamente coloridas, dispostas sobre sua inclinação
do grande promontório.
Os italianos adoram
este lugar maravilhoso, e aqui podemos ver muito mais turistas italianos que
nas vilas da Cinque Terre.
O passeio ao
longo do porto é semelhante a um passeio marítimo, ou como chamam os
brasileiros um calçadão. O passeio está alinhado com casas altas coloridas,
restaurantes especializados em frutos do mar e muitos bares. Os barcos de
pesca, os barcos de recreio ficam um pouco mais afastados e diversas embarcações
privadas ancoram neste pequeno porto. Daqui saem os passeios de barco “giro
delle isole” onde é possível conhecer as ilhas ao redor da baía que falamos no início
deste texto e que abriga o porto de La Spezia.
Tiramos algumas
fotos, visitamos algumas lojas, compramos alguns souvenirs e com isto tudo eram
horas de regressar ao barco para terminar o nosso dia nesta região.
Chegamos a La
Spézia, entramos no carro e partimos com destino a Pisa, mas não para o
regresso ao hotel. Antes de regressarmos ainda vamos fazer uma visitinha a algo
que ameaçou cair mas ainda não caiu e devido que venha a cair…
Terminamos com um pequeno vídeo da nossa passagem pelas Cinque Terre:
Até já em Pisa!
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