19 agosto 2016 – Veneza
Partimos de
Florença para Veneza, numa viagem de cerca de 3 horas, quase na sua totalidade
em autoestrada. Tal como referimos no post anterior, a nossa ideia inicialmente
era ficar em Florença até ao final da tarde e apenas ir dormir a Veneza, mas
alteramos os planos e partimos de Florença mais cedo, pois já tínhamos visto o
que nos interessava. Felizmente tinha acautelado a situação e reservei o parque
de estacionamento em Mestre a partir das 16:00h.
Durante a
preparação da viagem, ainda colocamos a hipótese de encontrar um hotel em
Veneza para sentir a experiência de ficar alojado mesmo em Veneza junto aos
canais. Rapidamente colocamos a ideia de lado pois o preço que nos pediam por
hotéis muito fracos era uma barbaridade.
Optamos então
por um hotel, do qual tínhamos referências muito boas de uma amiga insuspeita,
cuja relação qualidade/preço/localização satisfazia as nossas intenções. Ficamos alojados no Plaza Hotel Mestre Veneza que como pode ser facilmente concluído do seu nome
fica localizado em Mestre, a cidade continental vizinha de Veneza, que, como
toda a gente sabe, é formada por um conjunto de pequenas ilhas.
O hotel é um
hotel que ostenta a categoria de 4*, o que já por si só dá algumas garantias
de qualidade, tem na localização o seu grande argumento: fica localizado mesmo
em frente à estação do comboio de Mestre. Este facto, garante o acesso a Veneza
em poucos minutos e a um custo reduzido.
Com a escolha
deste hotel conseguimos ficar num hotel muito próximo de Veneza com um conforto
muito bom, com um bom pequeno-almoço e pagando menos que por um hotel fraco em
Veneza.
Chegamos ao
hotel por volta das 16:00h e após o check-in fomos deixar o carro no parque de
estacionamento, reservado para toda a semana, que fica no prédio ao lado do
hotel. É um parque da empresa Saba e custou-nos (para 8 dias) 86,99€, muito menos que
o valor pedido pela generalidade dos hotéis nesta zona.
Assim que
deixamos o carro no parque saímos em direção a Veneza, utilizando o comboio.
Compramos os bilhetes individuais para a curta viagem entre Veneza-Mestre e
Veneza-Sta. Luzia. O custo dos mesmos foi de 1,25€ e os comboios saem a toda a
hora (não é bem assim, mas quase!). Mais informações aqui.
A estação de
comboios de Veneza deixa-nos numa praça enorme que normalmente é identificada
como Ferrovia, inclusive é o nome dado à paragem do vaporetto.
Para nos
deslocarmos em Veneza, a melhor opção são os vaporettos (os autocarros lá do
sitio!) que circulam abundantemente cobrindo a generalidade dos locais.
Compramos o
passe de 12 horas que nos custou 20€, que segundo as nossas contas compensava
desde que se fizesse 4 viagens de vaporetto.
O bilhete
simples custa 7,50 euros e mantém a validade durante 75 minutos na mesma
direção (ou seja, dá para parar no caminho e reembarcar no mesmo sentido antes
de expirar o prazo). Existem passes validos por 12, 24, 36, 72 horas e
inclusive por 7 dias. Veja todos os preços aqui.
Atenção que é
preciso validar o passe numa das máquinas dos cais de embarque. Apesar de ser
de papel, o cartão é magnético; basta chegar perto do ecran da máquina que o
painel avisa logo se está válido ou não.
Um bom uso do
passe de vaporetto é comprar o de 24 horas para fazer um tour por todas as
ilhas do arquipélago veneziano (Lido, Murano, Giudecca) e de repente dar um pulo
ao Arsenal (onde está a Biennale). Isto é só uma sugestão pois nem nos passou
pela cabeça fazer um plano destes, pelo contrário.
Uma vez que já
conhecíamos a cidade a opção foi perdermo-nos no seu interior. Caminhar pelas
ruelas que são todas iguais e que nunca sabemos onde vão dar. Sem utilizarmos
mapa, a única orientação que iríamos utilizar eram as placas fixadas nos
prédios que indicam a direção do Rialto, Praça São Marcos ou Ferrovia. Claro
que não passa pela cabeça de ninguém que estando em Veneza não mostrássemos os
locais mais conhecidos à Beatriz, até porque como costumamos dizer: se são
locais carregados de turistas é porque têm alguma coisa de interessante que
atraia os referidos turistas!
Utilizamos
preferencialmente as linhas 1 e 2 do vaporetto que são as mais utilizadas pelos
turistas pois passam pelos locais mais emblemáticos da cidade. Saímos na
paragem do Rialto, junto à ponte com o mesmo nome e um dos locais mais
conhecidos de Veneza.
Apesar de a
ponte estar em obras mantém toda a sua beleza e carisma. Esta ponte em forma de
arco é uma das mais antigas e também um dos símbolos de Veneza.
Parece-nos que
ela é a grande embaixadora da essência do passado (e presente) mercantil da
cidade, porque não servia apenas de passagem ou para ligar dois bairros da
cidade, ao passar por ela entramos num mercado com lojas de ambos os lados.
Foi durante
muitos anos a única forma de cruzar o Grande Canal até que no século XIX
construíram a Ponte della Accademia. A sua primeira construção é do século XIII
e era em madeira. No século XV foram construídas pequenas lojas na sua
passagem. Pela fragilidade do material utilizado, a ponte não sobreviveu a
incêndios e quedas, pelo que assim decidiram por uma construção mais
resistente, em pedra, para garantir a segurança e longevidade da ponte. Ficou
completa em 1591 e o seu nome vem do famoso mercado que está ali perto.
Nós conhecemos-la
sob 2 prismas, o primeiro foi a bordo de um dos vaporettos enquanto navegávamos
no Grande Canal e o segundo foi subindo os seus degraus e apreciando o
movimento que nos rodeava enquanto tirávamos algumas fotos com vista para o
Grande Canal. Uma das perspetivas que gostávamos de ter tido oportunidade de
apreciar mas infelizmente não estávamos na disposição de despender os Euros
necessários para isso era jantar numa das esplanadas com vista para a ponte.
Desde a ponte
fomos caminhando com o objetivo de chegar à Piazza di San Marco, talvez o local
mais conhecido da cidade.
É final de
tarde, as luzes começam a acender-se dando uma cor mágica às imagens que vemos
habitualmente nos postais de Veneza.
Passando pela
ponte della Paglia, vimos a famosa ponte dos Suspiros, as gôndolas deslizando
pelos canais e ainda custamos a acreditar que estamos tendo a oportunidade de
pisar nessa cidade deslumbrante…apesar de já conhecermos o que estamos a ver. Achamos que nunca iremos resistir ao encanto desta cidade tão especial para nós…
Do outro lado, a
ligeira brisa que sopra produz pequenas ondas que agitam ligeiramente a Lagoa. Um
conjunto de várias gôndolas está parado num cais, meio improvisado mesmo à
nossa frente, aguardando os próximos passageiros, turistas certamente, pois os
locais não andam de gôndola.
Nós vamos
contornando o Palazzo Doge e damos de cara com as colunas imponentes de San
Marco e San Teodoro. De repente, abre-se uma imensa área que faz nossos olhos
brilharem…
Agora sim, isso é Veneza!
Estamos efetivamente
na Piazza San Marco, um ícone da cidade. Na verdade essa é a única praça de
Veneza já que as outras áreas abertas são chamadas de Campo. Neste local podemos
sentir a atmosfera vibrante de Veneza, uma imensa praça numa ilha relativamente
bem pequena, cheia de turistas, pombos, artistas…
Algo que nos
prende a atenção na Piazeta San Marco, uma extensão da praça que a liga ao mar,
são as duas colunas já citadas, a Coluna de San Teodoro que era padroeiro da
cidade antes das relíquias de Marcos serem trazidas para Veneza, ocupando o
lugar deste como padroeiro da cidade. A outra coluna é a de San Marco,
representado pelo famoso leão alado que podemos ver por muitos locais de Veneza,
com o Evangelho aberto. Entre as colunas ocorriam as execuções de criminosos
até meados do século XVIII, e até hoje muitos venezianos supersticiosos não
passam entre as duas colunas.
Sobre o padroeiro
da cidade, o evangelista S. Marcos, tornou-se o padroeiro da cidade depois de
Veneza roubar o seu suposto corpo do Império Muçulmano. Para esse feito, diz a
lenda que colocaram o corpo no fundo de um cesto e encheram-no de toucinhos,
para enganar os soldados muçulmanos e levaram para o lugar que atualmente é a
Basílica de San Marco. Terá sido assim? Não sabemos!
Outra
curiosidade sobre o leão com livro aberto. Nem sempre o livro que representa o
evangelho de Marcos está aberto! Quando fechado, significa que o leão foi
esculpido em tempos de guerra e quando aberto, em tempos de paz.
Chegando à
Piazza não podemos deixar de observar o lindo edifício de arquitetura
bizantina, construída no século XI sobre uma parte do Palazzo Doge de 828 d.C.
Desde então passou a ser chamada Chiesa d’Oro (igreja de Ouro) devido sua
opulência, aos seus mosaicos de ouro no teto e à sua linda decoração.
A sua fachada
encanta toda a gente, chamam à atenção os mosaicos sobre os arcos, retratando o
rapto do corpo de Marcos. Há muitas estátuas no topo com o próprio evangelista
sobre um imenso leão alado dourado, que o representa e é o símbolo de Veneza.
No centro da
varanda estão os famosos cavalos de bronze que encaram a praça, na verdade são
cópias dos verdadeiros que estão no interior da basílica e podem ser vistos na
visita à basílica. Uma curiosidade é que estes cavalos já correram meio mundo.
Foram feitos na época da antiguidade clássica e o imperador Trajano levou-os
para Roma no século II, sendo colocados sobre o arco de Trajano. No século IV,
Constantino levou-os para Constantinopla, a nova capital do império. Em 1204,
Enrico Dândolo, doge de Veneza, apoderou-se dos cavalos durante o saque de
Constantinopla na Quarta Cruzada e transportou-os de volta para a Península
Itálica. Foram então instalados na fachada da Catedral de São Marcos, onde
permanecem até aos dias de hoje.
Aconselhamos a
visita à basílica, é gratuito! Mas a fila é enooorme! O horário mais
aconselhável é logo de manha ou então ao final da tarde quando as filas são
menores. Lá dentro encontra-se uma das peças mais valiosas de Veneza, a Pala
d’Oro, uma imensa placa de ouro encrustada de pedras preciosas e esmaltes.
Sobre o
campanário falaremos mais tarde quando subirmos ao topo deste para apreciar as
vistas.
Ainda nesta
praça temos a Torre dell’Orologio, que fica no lado norte da praça. Nesta torre
encontramos uma obra-prima com mais de quinhentos anos de funcionamento, um
relógio. Sobre a torre há um sino de 1497 com duas estátuas que representam um
o passado (o mais velho) que bate o sino um pouco antes da hora certa; e outro,
mais jovem que representa o futuro, batendo um pouco depois. Abaixo deles há o
leão alado com o livro aberto.
O relógio logo
abaixo não é apenas um simples relógio, ele marca as horas, as estações do ano,
as fases da lua e os cinco planetas conhecidos da altura: Mercúrio, Vênus,
Marte, Júpiter e Saturno. Os signos do zodíaco giram lentamente para indicar a
posição do Sol no zodíaco.
Um bom programa
é sentar-se num dos cafés da Piazza, o mais famoso deles é o Caffé Florian,
onde podemos beber um café, um sumo, ou um famoso Belini (um champanhe com
pêssego –
bebida típica de Veneza) ao som de música instrumental de ótima qualidade… Piano, violino,
violoncelo, entre outros instrumentos. Só
cuidado com a carteira. A taxa turística, ou seja o corpeto (famosa taxa por
sentar-se à mesa nos restaurantes italianos) é altíssima aqui… Assim, facilmente um sumo
custa mais de 20 euros…
Com tudo isto ficamos com fome e fomos procurar um local onde
pudéssemos comer sem sairmos depenados.
Encontramos uma pizzaria próxima da Piazza San Marco cuja ementa nos
pareceu atrativa face aos preços apresentados, o restaurante Piccolo Martini.
Decidimos experimentar e em boa
hora o fizemos pois a comida foi razoável e a conta também o foi. Pagamos 36€
por uma pizza, uma pasta, uma cerveja e uma água mineral. Se fosse em Portugal
era caro mas para a realidade italiana.
Terminada a refeição voltamos à Piazza San Marco para apanharmos o
Vaporetto para a Ferrovia e dai regressarmos ao hotel no comboio seguinte.
Enquanto esperávamos oportunidade para ver outros a partir. Amanha seria a nossa vez.
No regresso desde as traseiras do vaporetto, Veneza com noite cerrada:
Amanha embarcamos no Ncl Jade, mas antes ainda vamos fazer mais uma incursão na cidade de Veneza.
Então, até amanha!
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