sábado, 11 de junho de 2016

Roma - 11 Junho 2016 - Vaticano



11 junho 2016 – Roma


A noite foi dormida à pressa, pois além da nossa chegada tardia, ainda tivemos que encontrar um local para jantar já cerca da 1:30h da madrugada (esqueci-me de mencionar esta situação no post anterior). Felizmente encontramos um restaurante, se é que lhe podemos chamar isso, perto do nosso apartamento e comemos umas fatias de “focaccia”, um pão tipicamente italiano, achatado e macio, em geral coberto com sal grosso, azeite e alecrim, com fiambre, chouriço, presunto. Rapidamente resolvemos o assunto pois o corpo já pedia descanso.

Cerca das 7:00h já estava acordado e enquanto esperava pelo resto da família decidi sair e explorar as redondezas e tentar encontrar um local para tomarmos o pequeno-almoço. Assim que sai encontrei um mercado de frutas e legumes que se veio a revelar muito útil, pois os meus sogros decidiram comprar legumes e fazer sopa, já que, segundo eles, “não estão habituados a estas comidas”!. Foi mesmo ali que tomei o meu primeiro pequeno-almoço em Roma, um cappuccino e um pastel. Custo: 3€!


Gostei, mas a opção para o resto da família acabou por recair no McDonald’s pois a variedade que ofereciam era maior e permitiu agradar a toda a gente.

Terminado o pequeno-almoço, lá nos dirigimos rapidamente aos Museus do Vaticano, pois tinha a visita marcada e paga para as 9:30h. Ainda tentei as 9:00h, logo à primeira hora, mas já não tinham disponibilidade.

Aconselhamos a reserva e compra online, pois permite evitar a enorme fila que rapidamente se forma na entrada dos museus, compensando os 4€ adicionais que se pagam pela compra online.
O processo é muito simples, bastando aceder ao site dos Museus do Vaticano e fazer as opções pretendidas.


O custo para adultos é de 16€ (mais 4€, pela reserva online) e para crianças 8€ (mais 4€). O pagamento é obrigatoriamente com cartão de crédito.

Quando decidimos visitar os Museus do Vaticano, surgiram algumas perguntas na nossa cabeça: tratando-se de um dos maiores e mais ricos do mundo, como podemos fazer para aproveitar o máximo a nossa visita, sem perder de vista os itens mais importantes? e de que forma podemos preparar a visita às diversas salas sabendo o que estávamos a ver em cada uma delas sem hipotecar o tempo disponível para visita total.

Pensando nisso, preparamos este post contando mais ou menos como foi a nossa visita, destacando aquilo que consideramos imperdível e acrescentando algumas informações e comentários pessoais, para que quem desejar visitar os Museus possa programar a sua visita e tirar o melhor proveito dela. Confessamos que o itinerário sugerido resulta da pesquisa que efetuamos antecipadamente, inclusive de um post anterior existente aqui no blog e imprimimos um roteiro com 17 paginas A4 (incluindo fotos!). Isto ajudou-nos imenso pois rapidamente identificávamos o que tínhamos para ver e o localizávamos no local.

Outra dúvida que normalmente surge é quanto tempo reservar para a visita aos Museus do Vaticano? A resposta a essa pergunta não é fácil, pois depende do interesse de cada um, mas no geral, se quiserem ver bastantes coisas, e com algum pormenor, devem reservar cerca de 5 horas para visita-los. A nossa visita demorou cerca de 3 horas, pois tínhamos a vantagem de já termos visitado os museus anteriormente e aproveitamos esta ocasião para revê-los, algumas salas em mais pormenor e principalmente servimos de guia para os meus sogros e para a Beatriz que visitavam os museus pela primeira vez. Já perceberam o porquê dos apontamentos que levamos?

Um conselho que damos é para tentar chegar na hora de abertura, para terminar a visita por volta da hora de almoço. Assim, podem reservar a tarde para conhecer outras atrações da cidade.

Agora... Se quiserem visitar todas as salas, apreciando todo o espólio com calma, prepare-se: precisa de um dia inteiro dentro dos museus!

Como estávamos alojados muito próximo do Vaticano, em poucos minutos chegamos à entrada dos museus e rapidamente fomos trocar os vouchers pelos bilhetes físicos. É um processo muito rápido, já que existem caixas específicas para o efeito.

Finalmente estávamos dentro dos Museus do Vaticano! Mas, afinal porque chamam "Museus do Vaticano”, no plural e não Museu do Vaticano?

Porque, na verdade, trata-se de um conjunto de pequenos museus reunidos e instalados nos antigos aposentos dos palácios que pertenceram aos antigos Papas. Todos estão, no entanto, interligados entre si.

Apesar de serem vários museus e salas, é difícil ficar perdido no meio dos mesmos. Depois de entramos, as portas e passagens estão estrategicamente abertas ou fechadas, induzindo os visitantes a seguirem um trajeto pré-estabelecido. Inclusive, é possível escolher um percurso mais longo ou mais curto para fazer a visita, dependendo do interesse de cada um.

Abaixo, deixamos os mapas dos 2 pisos que formam os Museus do Vaticano, numerados de acordo com a ordem da nossa visita (sugerido por uma turista brasileira!). Dessa forma, ficará mais fácil para você entender o percurso que realizamos e acompanhar o roteiro, que iremos referindo ao longo do percurso.



1. MUSEU PIO CLEMENTINO

A nossa visita começou por este museu, fundado no final do século 18 pelo Papa Clemente XIV (1769-1774) e depois reestruturado pelo seu sucessor, o Papa Pio VI (1775-1799). Eles promoveram uma onda de colecionismo, adquirindo peças ao comprá-las a nobres falidos e confiscando peças encontradas nas escavações arqueológicas, onde um terço dos achados tinha de ser entregue à Igreja.


Contém várias salas e um pátio interno, com muitas peças gregas e romanas. Os destaques vão para:

A) Pátio Octogonal:

• Apolo de Belvedere – estátua do deus com um manto enrolado no braço esquerdo provavelmente a segurar uma flecha, que atualmente não existe, na mão. Acredita-se que data do século 2. Chamamos à atenção da perfeição do manto...

• Laocoonte e filhos – estátua que retrata o sacerdote de Apolo, que se opôs a entrada do cavalo de Troia, lutando juntamente com os seus filhos contra a serpente (representando os gregos). Acredita-se que seja de 30-40 a.C.

• Perseu com a cabeça da Medusa – estátua que retrata o herói grego que decapitou a Medusa. De Antônio Canova, feita por volta de 1790.

B) Sala Rotonda:

• Estátua dourada de Hércules – peça em bronze dourado que representa o herói grego com um bastão na mão direita e a pele do leão de Nemeia no mesmo braço. Na outra mão, segura a maçã das Hespérides. Acredita-se que tenha sido feita entre os anos 100 e 300.

• Piso em mosaico – proveniente de umas termas romanas, o piso foi readaptado e levemente modificado para caber nesta sala. Retrata a batalha entre gregos e centauros, além de uma série de cenas marinhas. Muito bonito!

• Bustos de deuses e personalidades da Roma Antiga, com destaque para os dos Imperadores Cláudio e Adriano.

C) Sala da Cruz Grega:

• Sarcófago de Santa Helena (mãe do Imperador Constantino I)

• Piso em mosaico no centro, vindo de uma cidade de Lácio.


2. MUSEU GREGORIANO ETRUSCO

Quando saímos do Museu Pio Clementino, somos automaticamente induzidos a subir uma escadaria até ao andar de cima, onde se encontra o Museu Etrusco.

Fundado pelo Papa Gregório XVI (1831 – 1846), ele alberga peças do antigo povo que habitou a península itálica antes dos romanos, entre 1000 e 700 a.C.: os Etruscos.

Contém muitas peças em cerâmica e metais preciosos, bonitos e muito antigos. Todas estas peças foram confiscadas das escavações arqueológicas realizadas na época.

Além das relíquias etruscas, encontramos também peças mais “recentes”, da época do Império Romano.


3. MUSEU GREGORIANO EGÍPCIO

Somos novamente induzidos a descer ao andar inferior, para visitar o próximo museu, que nos apresenta relíquias provenientes do Antigo Egito.

Também fundado pelo Papa Gregório XVI, 2 anos depois do Museu Etrusco, contém peças egípcias encontradas nas escavações feitas em Roma.

Os romanos tinham o (péssimo!) hábito de saquear peças e relíquias do Egito e trazê-los para a capital, a fim de decorar suas casas e os espaços públicos.

Neste museu, achamos que devemos destacar:

• Sala com sarcófagos e uma múmia real, com parte do tecido descoberto, mostrando um corpo embalsamado (ao lado, tem uma placa que explica como era realizado este processo de embalsamento).

• Reconstrução do canopus da Villa Adriana em Tivoli, com estátuas de deuses e um busto gigante da deusa Isis-Sothis-Demeter

• Túmulo de Iri, o guardião da pirâmide de Quéops

• Estátua de granito da Rainha Tuya, mãe do famoso faraó Ramsés II

No final deste museu, estão reunidas peças provenientes de vários locais da Antiguidade, como a Mesopotâmia.

4. PÁTIO DA PINHA

À saída do Museu Egípcio, encontramos uma escadaria (cujo teto e paredes são lindíssimos!), que nos leva diretamente para um corredor cheio de estátuas e bustos. Antes de seguirmos em frente, veremos à direita, uma porta que dá para um pátio interno – o Pátio da Pinha.



O nome refere-se a uma pinha de bronze, gigante, situada no semicírculo de um dos prédios dos Museus. Esta pertencia a uma fonte das termas privadas de Agripa, um nobre da Roma Antiga.

Apesar de ter dado nome ao pátio, não é esta peça que mais chama atenção de quem passa por ali. Mesmo no centro do pátio, existe uma esfera dourada, criada pelo artista italiano Arnaldo Pomodoro chamada Sfera con Sfera. Existem outras réplicas da mesma em vários lugares do mundo, mas a do Vaticano é a mais famosa. Confessamos que não conseguimos entender muito bem o significado da peça. Dizem que o artista quis representar o cristianismo, ou a união do mesmo! Mas enfim, tratando-se de arte...cada um vê o que quer!


Neste pátio há um pequeno restaurante, para quem quiser repor as energias ou até, eventualmente ai almoçar, para continuar a visita de tarde!

5. MUSEU CHIARAMONTI

Voltando pela mesma porta por onde saímos, iremos encontrar um imenso corredor cheio de estátuas e bustos de ambos os lados – o Museu Chiaramonti.

O nome foi dado em homenagem ao Papa Pio VII (1800-1823), da família Chiaramonti, que organizou uma coleção de estátuas e criou leis (que serviram de base para as atuais) que protegem as relíquias encontradas no território italiano, para que as mesmas não sejam levadas do país. Tudo isto para evitar o que aconteceu na época de Napoleão Bonaparte, que confiscou várias peças dos Museus e as levou para França. Foi Antônio Canova o responsável por fazer regressar todas as peças de volta, anos depois. Inclusive, foi ele o supervisor deste museu.

O nosso destaque vai para os bustos e estátuas de Imperadores Romanos, entre os quais Júlio César, Augusto, Trajano, Tibério, Vespasiano e Settimo Severo. Imperadores Vespasiano (esq) e Settimo Severo (dir) --- Museu Chiaramonti

O corredor termina de repente numa grade que veda o acesso ao resto do caminho. Daquele local para a frente é a chamada Galeria Lapidaria que contém inscrições e pedras de túmulos pagãos e cristãos. A referida galeria encontra-se fechada ao público geral, sendo necessário pedir permissão ao Vaticano para efetuar uma visita.

6. BRACCIO NUOVO

Um pouco antes de chegarmos à referida grade que veda o acesso à Galeria Lapidária, virando à direita, encontramos o Braccio Nuovo, um corredor perpendicular contendo várias estátuas.

O destaque é a famosa estátua do Imperador Augusto, inspirada no Doríforo de Policleto. Encontrada na Villa de Augusto, a mesma é talhada em mármore e tinha a roupa pintada.

7. GALERIA DOS CANDELABROS

Aqui chegados, fomos induzidos a subir até o piso superior para iniciar a visita por um longo corredor, que contém 3 museus consecutivos (galerias, na verdade), cuja arquitetura é tão bela que chega a rivalizar com as relíquias ali expostas, pela atenção do visitante.

O primeiro é a Galeria dos Candelabros, que contém uma série de peças gregas e romanas, principalmente estátuas, mosaicos e, claro está, os objetos que deram o nome ao museu: os grandes candelabros encontrados em Otricoli.

Embora todas as peças expostas sejam magníficas e mereçam alguns momentos de atenção, o nosso destaque é mesmo…o teto. Lindo! Ficamos completamente maravilhados pelos tetos do museu! Curiosamente acho que tiramos mais fotos aos tetos que ao resto das peças!

8. GALERIA DAS TAPEÇARIAS

Continuando pelo corredor, entramos no segundo museu da ala: a Galeria das Tapeçarias (ou Arazzi, em italiano).

Pendurados nas paredes estão vários tapetes decorados com cenas da vida de Cristo à esquerda e da vida do Papa Urbano VIII (1623-1644) à direita.

Todos eles foram feitos por alunos do artista renascentista Rafael, são lindíssimos e merecem destaque. São verdadeiras obras de arte, por isso mesmo é que estão num museu! Digo eu!

9. GALERIA DOS MAPAS

Continuando pelo corredor, chegamos à terceira galeria do corredor. A mais deslumbrante de todas...
Esta ala contém 40 gigantescos mapas pintados nas paredes pelo cartógrafo Ignazio Danti no século 16, representando as posses da Igreja na época do Papa Gregório XIII (1572-1585).


Mas, a verdade é que ninguém dá muita atenção para os mapas. Porquê? Novamente, o magnífico teto abobadado, que é lindíssimo! E que, ainda para ajudar, tem uma iluminação propícia, que ajuda a realçar mais as cores das suas pinturas. Não é raro encontrarmos visitantes ali com o rosto virado para cima e a boca aberta, tirando milhares de fotos. Imperdível!


10. APOSENTOS DE SÃO PIO V

Seguimos em frente, e logo após as Galerias, encontramos os antigos aposentos do Papa Pio V (1566 – 1572). Hoje, aqui expostos estão uma série de tapetes decorados, semelhantes aos que podemos encontrar na Galeria das Tapeçarias.


A sala anexa, que faz parte dos aposentos, é a Sala Sobieski, com vários frescos. O principal deles é do pintor polaco Jean Matejko, que retratou a vitória do Rei Jan III Sobieski sobre os turcos.


11. SALA IMACULADA CONCEIÇÃO

Seguindo agora para esquerda, chegamos a esta sala, cheia de belos frescos.

O Papa Pio IX (1846 – 1878) proclamou o dogma da Imaculada Conceição em 1854. Para comemorar, contratou o pintor Francesco Podesti, um dos mais renomados da época, para decorar a sala utilizando este evento como temática.

É espetacular! As pinturas são lindíssimas e já nos prepara para as salas seguintes, que são ainda melhores.


12. SALAS DE RAFAEL

Logo em seguida, estão as famosas Salas de Rafael.


Com impressionantes frescos no teto e nas paredes, estes aposentos são um dos pontos altos da visita aos Museus do Vaticano.

Localizadas no Palácio Apostólico, estas salas eram os aposentos privados do Papa Júlio II (1503 - 1513), que chamou o artista renascentista Rafael, que admirava, para decorar as suas paredes e o teto.


O trabalho começou em 1508 e levou 16 anos para ficar concluído. Tanto o Papa, como o próprio Rafael, não chegaram a ver o resultado final, pois ambos faleceram antes do trabalho estar terminado. Felizmente, o artista deixou o projeto das pinturas, que serviram de base para a conclusão do trabalho pelos seus discípulos.

Chamar aquele trabalho “obra de arte” é pouco para o descrever. Não é à toa que estes génios renascentistas entraram para a história. É impressionante.


As Salas de Rafael são 4 ambientes contíguos. Cada um deles possui frescos nas 4 paredes e também nos tetos.

À semelhança do que nós fizemos, propomos aqui um desafio. Não diremos aqui em que parede fica cada fresco especificamente. O nosso desafio é que anote o tema do fresco e a sala que o mesmo está e, no dia da visita, tente identificá-los nas paredes. Fizemos isso e garantimos que não só foi fácil encontrá-los, como também acabou por tornar a nossa visita mais interessante e até divertida.

 

Seguindo a ordem pré-estabelecida pelo museu, as salas são as seguintes...

1. Sala de Constantino

Este aposento destinava-se a cerimónias oficiais e receções do Sumo Pontífice.

Logo que entramos, levamos logo um impacto, pois os frescos são realmente magníficos e não há cantinho algum da sala que não esteja com alguma pintura ou desenho.

O nome dado à sala serviu como uma homenagem a Constantino I, o imperador romano que se converteu ao Cristianismo. Os frescos das paredes referem-se todos à vitória da religião cristã sobre o paganismo.

Os frescos que podemos encontrar nesta sala são os seguintes:

• A Visão da cruz – descreve a premonição que Constantino teve antes da batalha contra Maxencio. Na premonição, ele seria o vencedor, caso substituísse a águia imperial do estandarte dos soldados romanos por uma cruz (ou seja, reconhecendo a religião cristã).

• A Batalha da Ponte Milvio – retrata a batalha entre o Imperador Constantino e o seu antecessor Maxencio, em que o primeiro saiu vencedor. Uma alusão clara à vitória do cristianismo sobre o paganismo.

• O Batismo de Constantino – retrata o imperador Constantino ajoelhado, recebendo o sacramento do batismo do Papa Silvestre I (314-335), dentro do Batistério da Basilica de San Giovanni in Laterano.

• A Doação de Roma – o imperador Constantino aparece ajoelhado em frente ao Papa Silvestre I, na oferta da cidade de Roma, simbolizada por estátuas douradas. (o mais interessante neste fresco é que mostra como era a antiga Basílica de São Pedro).

A decoração do teto foi completada muito mais tarde, feita por Tommaso Lauretti, por ordem do Papa Gregório XIII (1572 - 1585), mas que apenas foi terminada no pontificado de Sisto V (1585 - 1590). Retrata o triunfo da religião cristã no painel central: uma típica estátua romana partida e caída no chão, diante da Cruz de Cristo.

A não perder também o belo piso em mosaico desta sala.

2. Sala de Heliodoro

Esta sala destinava-se às audiências privadas do Papa.

As pinturas fazem uma referência ao poder protetor do papado para com os seus crentes.

O fresco que dá nome a esta sala – Expulsão de Heliodoro do Templo – é uma alusão clara à vitória do Papa sobre os invasores estrangeiros, que ameaçavam o poder da Igreja na época de Júlio II.

Deixamos de seguida uma breve descrição das cenas retratadas:

• Missa em Bolsena – retrata um milagre que terá ocorrido em 1263, em que um padre, cético sobre o poder da hóstia sagrada, viu um fluxo de sangue sair da mesma durante a missa, caindo sobre a toalha do altar e formando uma cruz. Reza a lenda que foi, baseado nesta ocorrência, o Papa Urbano IV (1261-1264) criou a comemoração de Corpus Christi, que se comemora até hoje.

• Libertação de São Pedro – retrata São Pedro a ser salvo da prisão por um anjo, enquanto os guardas dormiam. Realçamos aqui a cor viva da tinta usada na figura do anjo. A pintura é tão perfeita, que parece mesmo que o anjo está realmente iluminado.

• Encontro de Leão Magno com Atila – retrata a aparição milagrosa de São Pedro e São Paulo, armados com espadas, durante o encontro entre o Papa Leão Magno (440-461) e Átila, o rei dos Hunos, que pretendia invadir Roma, mas acabou desistindo devido a essa aparição.

• Expulsão de Heliodoro do Templo – retrata Heliodoro, que tentava roubar o tesouro de um templo de Jerusalém a mando do rei sírio, sendo derrubado e banido pelos cavaleiros enviados por Deus para esse fim.

Os 4 frescos pintados nas paredes retratam a fé que havia sido ameaçada (Missa em Bolsena), na pessoa de seu pontífice (Libertação de São Pedro), no seu local de origem (Encontro de Leão Magno com Atila) e na sua propriedade (Expulsão de Heliodoro do Templo).

Outro destaque vai para o teto, com 4 cenas do Antigo Testamento: Noé saindo da Arca, O Sacrifício de Isaac, Moisés diante da árvore de fogo e O Sonho de Jacó.

3. Sala da Segnatura

Esta sala era a biblioteca e o escritório privado do Papa Júlio II, que mais tarde foi convertida em sala de estudos e de música por o seu sucessor Leão X (1513-1521).

O nome da sala refere-se à Segnatura Gratiae et Iustitiae, o mais alto tribunal da Santa Sé, presidido pelo pontífice, cujos trabalhos decorreram nesta sala à partir do final do século 16.

Aqui nesta sala estão os mais famosos trabalhos de Rafael, tal como A Escola de Atenas. Todos são considerados a personificação perfeita do espírito clássico da Alta Renascença.

Os frescos aqui presentes são:

• Disputa do Santíssimo Sacramento – retrata a Santíssima Trindade: Deus (o Pai), Jesus Cristo (o Filho), sentado entre a Virgem Maria e São João Batista, e o Espírito Santo no centro por baixo (representado por uma pomba branca). Ao lado destes, está a Igreja Triunfante, com figuras de patriarcas e profetas do Antigo Testamento. Por baixo, está a Igreja Militante.

• A Escola de Atenas – retrata um debate entre filósofos gregos. Rafael retratou várias personalidades famosas, como Aristóteles, Platão, Pitágoras, Diógenes, entre outros. Inclusive, retratou os seus colegas renascentistas, Michelangelo, Leonardo da Vinci e Bramante. O desenho arquitetónico da “escola” criada por Rafael foi inspirado no projeto de Bramante para a atual Basílica de São Pedro.

• Virtudes – representa a Justiça. Por cima da janela, retrata as Virtudes Cardeais (fortaleza, prudência e temperança) e as Virtudes Teológicas (fé, esperança e caridade). À esquerda da janela está retratada a entrega do Pandectae ao Imperador Justiniano. À direita, é retratada a entrega dos Decretos ao Papa.

• Parnaso com Apolo e as Musas – representa a poesia. A pintura mostra o deus Apolo no mitológico Monte Parnaso, a tocar um instrumento, cercado por musas e poetas (da antiguidade e contemporâneos).

O tema principal das pinturas é a possibilidade da harmonia entre a cultura clássica e o cristianismo, em busca da verdade. Elas retratam: a verdade sobrenatural (Disputa do Santíssimo Sacramento), a verdade racional (A Escola de Atenas), o bem (Virtudes) e a beleza (Parnaso com Apolo e as Musas).

Os frescos do teto estão conectados com as cenas por baixo deles. Mostram figuras alegóricas da Teologia, Filosofia, Justiça e Poesia.

4. Sala do Incêndio no Borgo

A quarta e última sala era usada pelo Papa Júlio II para as reuniões do Segnatura Gratiae et Iustitiae, antes de ser transferida para a Sala da Signatura pelo seu sucessor. Quando isso aconteceu, passou a ser a sala de jantar.

O trabalho de Rafael nestes aposentos, concluído por seus alunos, começou quando Leão X assumiu o cargo, o que justifica as pinturas estarem todas relacionadas com este pontífice.

O objetivo principal dos frescos é exaltar a figura do Papa Leão X, através de histórias da vida dos dois papas anteriores com o mesmo nome: Leão III (795-816) e Leão IV (847-855). Cada cena faz uma alusão ao pontificado de Leão X e a várias citações clássicas e literárias da Corte Papal.

Os frescos que podemos encontrar são:

• A Coroação de Carlos Magno – retrata o Papa Leão III coroando Carlos Magno na antiga Basílica de São Pedro, no Natal do ano 800. Desta forma, ele consagrou o Sacro Império Romano.

• O Juramento de Leão III – mostra este Papa a rebater as calúnias dos sobrinhos do seu antecessor, quando jurara não ter sido responsável pelos crimes que lhe eram imputados.

• O Incêndio no Borgo – retrata um milagre ocorrido em 847, quando o Papa Leão IV conseguiu apagar um incêndio num bairro vizinho da antiga Basílica de São Pedro, apenas fazendo o sinal da cruz.

• A Batalha de Ostia – retrata a milagrosa vitória do exército de Leão IV sobre os sarracenos em Ostia, no ano de 849.

13. APARTAMENTOS BORGIA

Consistem nos aposentos de Rodrigo Borgia, o Papa Alexandre VI (1492-1503), decorado no final do século 15 por Pinturicchio.

O Papa que o sucedeu, Júlio II (1503-1513), não era seu admirador. Quando Rodrigo Borgia morreu, o novo pontífice fechou os aposentos do rival e mandou construir os seus na mesma posição, só que no andar de cima. Daqui surgiram as Salas de Rafael.

Os Apartamentos Borgia ficaram abandonados até o século 19, quando foram reabertos para expor obras de arte religiosa moderna.


14. CAPELA SISTINA

Você pode ir a Roma e não ver o Papa. Pode dar uma saltada à Praça de São Pedro e não entrar na Basílica. Mas uma coisa é certa, ninguém vai querer deixar de fazer quando estiver em Roma: entrar na Capela Sistina.

O fascínio que ela exerce nos turistas é impressionante. Observamos vários que ignoraram completamente o maravilhoso acervo dos Museus do Vaticano só para chegarem mais rápido à capela.


Falaremos agora um pouco sobre a capela mais famosa do mundo e como foi a nossa visita, com o objetivo de fornecer algumas informações que possam enriquecer a visita de quem a vier a visitar no futuro.

No século 15, uma série de reconstruções e restaurações começou a ser feita no Vaticano, após um longo período de abandono.

O Papa Sisto IV (1471-1484) assumiu o compromisso de reconstruir a antiga Capela Magna do Palácio Apostólico. A obra começou em 1477 e foi concluída em 1481, quando recebeu o novo nome, em homenagem a este pontífice: Capela Sistina.

A primeira missa efetuada lá dentro foi em 9 de agosto de 1483, sendo dedicada à ascensão da Virgem Maria. Desde então passou a ser muito utilizada para diversas atividades papais, incluindo e principalmente, o conclave – o processo de escolha de um novo Papa. O primeiro aqui ocorrido foi em 1492, quando Rodrigo Borgia foi eleito o Papa Alexandre VI.

Inicialmente, a Capela Sistina não tinha os magníficos frescos que hoje a tornam famosa.

Na época em que foi criada, o Papa contratou o artista Perugino para criar 2 frescos: um para a parede atrás do altar e outro para o teto.






Aceitando a oferta de Lorenzo di Médici, de Florença, o pontífice recebeu em Roma artistas como Sandro Botticelli, Ghirlandaio, Rafael, Michelangelo, entre outros, que se juntaram a Perugino para decorar a capela.

A parede que ficava atrás do altar continha um fresco que combinava com as paredes laterais, retratando a Virgem de Assunção, alguns Papas e as primeiras cenas da vida de Cristo e Moisés.

O teto tinha uma pintura que representava um céu estrelado, bem ao estilo das capelas medievais.
Atualmente, apenas as paredes laterais mantém a pintura original da época. Nelas, podemos ver 3 níveis de frescos:

• Próximo do chão – pinturas simulando tapeçarias;

• Meia altura – imagens do Antigo Testamento (cenas da vida de Moisés ) e do Novo Testamento (cenas da vida de Cristo);

• Em cima, entre as janelas – imagens de antigos Papas.

Em 1504, provavelmente por problemas nos terrenos onde a capela estava implantada, houve uma inclinação da parede sul, provocando uma grande fissura no teto. As atividades religiosas foram imediatamente suspensas e, nesse mesmo ano, o Papa Júlio II (1503-1513) mandou iniciar a reparação do edifício. Foi bem-sucedido no que diz respeito à estrutura, mas não conseguiu recuperar a pintura original do teto estrelado.

Foi então que em 1506, o Papa teve a ideia de chamar Michelangelo para refazer a pintura do teto. Demorou 2 anos até convencer o artista, que andava meio chateado com o pontífice, por divergências relacionadas à construção do túmulo deste, na Igreja de San Pietro in Vincoli.

A segunda versão do teto (e atual), levou cerca de 4 anos a ficar pronta (de 1508 a 1512). Reza a lenda que Michelangelo fez tudo sozinho, em cima de andaimes, dispensando a ajuda de qualquer assistente.

O tema central do majestoso fresco do teto é o Genesis. Nas laterais, podemos ver cenas do Antigo Testamento, figuras de profetas, sibilas e ancestrais de Cristo.

A última obra acrescentada na Capela Sistina foi criada mais de 22 anos depois da pintura do teto. 
O Papa Paulo III (1534-1549) contratou Michelangelo para que este redecorasse a parte de trás do altar.

Para esse efeito, inclinaram um pouco a parede (com o objetivo de evitar o acumular de pó), fecharam as duas janelas que ali existam e apagaram a antiga pintura de Perugino, que ali existia desde a época da inauguração.

O fresco criado é o famoso Juízo Final, uma das obras-primas de Michelangelo. Levou 7 anos para ficar pronto (de 1534 até 1541). A pintura faz uma alusão à Justiça Divina, com almas a ser retiradas dos seus túmulos e levadas perante Deus (no centro, com feições um tanto severas), o grande juiz que decide o destino delas: o céu ou o inferno.

Este fresco gerou muita polémica na época, pois Michelangelo recebeu duras críticas por retratar corpos nus, considerados indecentes para ornamentar uma capela, ainda por cima a mais importante do Vaticano. Reza a lenda que o artista respondeu, pintando o rosto dos seus críticos no fresco, associando-os às figuras do Inferno. Será que foi assim?

Um fato curioso, que já tínhamos ouvido falar e pudemos comprovar pessoalmente: quando estamos a chegar perto da entrada para a capela, parece que dá um frenesim às pessoas, que começam a correr (literalmente) para entrar na capela. É impressionante! Parece que o edifício vai ruir e elas precisam correr para ver a sala, antes que o mesmo caia!

Após quase sermos esmagados ao passar pela porta, que fica ao lado do altar, veio o impacto...

Majestosa. Espetacular. Magnífica. Extravagante….Podemos colocar aqui todos os adjetivos que existem no dicionário e nenhum deles será capaz de definir qual é realmente a sensação experimentada!

Para iniciarmos a conversa, trataremos do ambiente. Estava bem cheia, com toda a gente a contemplar boquiabertos para aquelas pinturas. O ar dentro da capela é refrigerado, dizem que é para preservar as pinturas do “calor humano”. Próximo das paredes laterais, existem alguns bancos (que esgotam em pouco tempo) onde os visitantes podem sentar-se e apreciar tudo com mais calma e serenidade.

Sobre as paredes da capela: apenas uma palavra, perfeitas! As tapeçarias pintadas parecem ser tapeçarias de verdade. E os frescos então... Lindosssssss!

Sobre o Juízo Final: lindo e enorme. Vai do altar até o teto, tendo mais ou menos 14 metros de altura e 12 metros de largura. E tem tanto detalhe, que ficamos meio perdidos. Sem palavras para descrever a beleza da pintura.

E o teto? Ah, o teto...

Colorido. Muito colorido mesmo! Não imaginávamos que fosse tanto, embora tenhamos lido que após uma restauração feita nos anos 80, as cores bastante vivas foram reveladas, o que teria gerado muita polémica na altura. Alguns críticos acharam que foi removido um verniz usado por Michelangelo para escurecer os tons e que esse verniz não deveria ter sido removido.

Controvérsias à parte, a única coisa que sabemos é que Michelangelo era um GÉNIO!!! Como pode alguém criar uma obra daquelas? sozinho, ainda por cima! Simplesmente um génio...

Um fato que não podemos passar ao lado são as fotos e a sua proibição, ou não!

Por alguma razão, que desconhecemos em rigor, não é permitido tirar fotos dentro da Capela Sistina. Para conseguirem que isso seja respeitado, vários guardas ficam andando entre os visitantes, gritando a todo o tempo“No photo, please!”, fiscalizando aqueles que tentam um clique escondido.

Muita gente devido à muita confusão dentro da capela consegue enganá-los. Com muita calma tiramos algumas fotos, literalmente na cara dos guardas, sem estes darem por isso!

Não conseguimos entender o motivo de não serem permitidas fotos ali dentro, porque visitamos museus de arte em todo o mundo e podemos tirar fotos dos quadros e das paredes à vontade, desde que não usemos flash – já que este efetivamente danifica as pinturas. Então, qual é o problema de tirar fotos ali dentro? Era só não permitir o uso do flash. Evitaríamos todo o stress e ruído dentro da capela!

Inclusive, temos conhecimento que existe um passeio guiado à Capela Sistina, realizado após o encerramento dos Museus em determinadas alturas do ano e que nessa visita, é permitido tirar fotos à vontade, sem flash! E esta?

15. MUSEUS DA BIBLIOTECA APOSTÓLICA VATICANA

Saindo da Capela Sistina, seguimos pelo corredor que fica logo em frente e abaixo das Galerias dos Mapas, das Tapeçarias e dos Candelabros.

Neste corredor encontramos o Museu da Biblioteca Apostólica Vaticana, uma galeria que abrigava a antiga biblioteca do Vaticano, desativada no início do século 20. Depois disso, deu lugar a um museu de coleções doadas ao longo dos séculos: moedas, vidros, mobiliário, esculturas antigas, cristais, bronzes e etc.

Mais uma vez, o destaque vai para o teto e as paredes. Nós e os tetos…!



Chegados de volta ao hall da entrada, próximo do Museu Pio Clementino, podemos encontrar restaurantes, lojas e quiosques de souvenirs e, na saída, a famosa Escadaria em espiral de Giuseppe Momo. Criada em 1932, consiste em 2 rampas em espiral, que se enroscam entre si e não se cruzam, de modo que quem sobe e quem desce não se encontra. Rende uma das fotos mais tradicionais dos Museus.


A saída dos museus é feita por uma porta, relativamente próxima da entrada, por isso podemos confirmar que a fila estava bastante maior que quando chegamos. Confirmamos in loco que fizemos a melhor opção marcando a visita para a primeira hora disponível.

Como pretendíamos terminar a nossa visita ao Vaticano antes do almoço, apesar da hora já tardia, ainda fomos até à praça de São Pedro para por ai entrarmos na Basílica.


Ao chegar junto à praça São Pedro, todos os visitantes passam por um detetor de metais e os sacos e as mochilas passam pelo raio-X semelhante aos existentes nos aeroportos. Como o Vaticano é uma cidade-Estado e a Basílica pode ser alvo de ataques terroristas, torna-se necessário existir um controlo de segurança na entrada, mas como são muitos aparelhos e funcionários, não é um processo demorado. O problema principal sãs as condições climatéricas e que podem tornar a espera algo desconfortável. Após passar pelo controlo de segurança, já estamos dentro da área da Praça de São Pedro que dá acesso à Basílica.


Todos os dias, milhares de católicos entram na Basílica de São Pedro, no Vaticano, e beijam os pés de Júpiter, um deus romano. Pelo menos é isso que garante uma das teorias mais conhecidas sobre os mistérios e segredos do Vaticano.


Há, não conhecia esta teoria? Nós também não, até a lermos num site brasileiro. Então a tal teoria diz o seguinte: quando as pessoas entram na Basílica de São Pedro – o maior templo católico do mundo, capaz de receber até 20 mil pessoas ao mesmo tempo – elas deparam-se, a meio da mesma, com uma estátua de bronze de pés desgastados. Segundo a tradição católica, é uma estátua do Apóstolo S. Pedro, que teria sido construída entre os séculos 5 e 8 d.C. Mas há quem diga que a estátua é muito mais antiga. Que seria uma obra da Roma Antiga que representava o deus romano.


Segundo essa mesma teoria, quando os papas cristianizaram o Panteão, a estátua de Júpiter teria sido roubada do antigo templo, como aconteceu com outras obras, e transformada numa imagem de Pedro. Com o passar dos tempos, os fiéis desenvolveram o costume tocar os pés da estátua até chegarem ao ponto de desgastar os pés de São Pedro/Júpiter. Mas isto é apenas uma das teorias sombrias que envolvem o Vaticano!


O Vaticano é um estado independente cercado pela Itália por todos os lados. Essa nação, cujo governante é o Papa, em termos territoriais não passa de um quarteirão de Roma. Mas não foi sempre assim. Há dois mil anos, quando pessoas que tinham visto Jesus ser morto ainda andavam pelas esquinas do Império, a região onde hoje fica o Vaticano era sinonimo de diversão romana. E por diversão romana entenda-se sangue!

É que ali, em redor do monte Vaticano, ficava uma arena. O desporto praticado? Lutas de gladiadores, execuções e torturas. Segundo a tradição católica, milhares de cristãos foram martirizados naquele lugar, entre eles o apóstolo Pedro, que teria sido crucifixado de cabeça para baixo. Com tantas mortes a ocorrer na arena, a região logo tornou-se num cemitério. E foi lá que Pedro foi enterrado.

Então foi construído o Coliseu, a mais moderna arena do império, e as lutas deixaram de ocorrer na região da colina vaticana. Três séculos mais tarde, o Imperador Constantino tornou o cristianismo uma religião oficial. Como nessa época a sepultura de Pedro já era um ponto de peregrinação cristã, Constantino mandou que fosse erguida ali uma Igreja, exatamente em cima de onde o apóstolo estava enterrado.

Esse templo, o primeiro do Vaticano, durou mais que o Império – permaneceu em Roma por 12 séculos, a ponto de receber a coroação de Carlos Magno como Imperador do Sacro Império Romano Germânico. Foi só em 1502 d.C., quando a antiga Igreja, já milenar, ameaçava ruir completamente, que o Papa Júlio II ordenou a construção de um novo templo, também no mesmo lugar: a atual Basílica de São Pedro.

O projeto não era simples de ser realizado. Com uma cúpula que alcançaria os 136 metros e uma grandiosidade nunca antes vista, a nova Basílica de São Pedro demorou mais de cem anos para ser construída. Nesse meio tempo, a Igreja Católica teve cerca de 20 pontífices.


Alguns dos artistas mais importantes da época trabalharam no novo templo, como Rafael, Bernini e Michelangelo. O resultado, claro, não dececionou. A fachada da Basílica e a restante Praça de São Pedro receberam centenas de obras de arte, incluindo estátuas que mostram santos e importantes figuras cristãs. Por dentro e por fora, a Basílica de São Pedro ficou lindíssima!

Mas essa beleza teve um preço bem caro. Tão caro que a Igreja se viu forçada a aumentar esforços na cobrança de indulgências, fato que ironicamente fez com que Martinho Lutero se batesse de frente contra as ideias do Papa, iniciando aí a Reforma Protestante. Em todo caso, em 1626, ou seja 120 anos depois de a antiga Basílica ter sido demolida, o novo templo foi finalmente concluído.

Embora a Basílica de São Pedro seja muito usada nas missas papais, tanto pelo seu tamanho como pela proximidade com os aposentos do Papa, o edifício não é uma catedral, nome dado apenas aos templos católicos que servem como sede de um bispado. A casa oficial do Papa é a Basílica de São João de Latrão, também em Roma, que visitaremos mais tarde, embora essa igreja fique algo afastada do Vaticano.

Uma curiosidade que envolve a Basílica e São Pedro e o Coliseu é que por pouco o segundo não deixou de existir. É que no meio daquela confusão toda – a região do Vaticano foi um estaleiro de obras durante quase dois séculos – um papa ordenou a demolição do Coliseu, tudo para que as pedras do antigo símbolo romano, que naquela época já estava nas condições atuais, fossem usadas na nova Basílica. Quase três mil pedras enormes já tinham sido retiradas do Coliseu quando aquele Papa (felizmente) morreu.

Gradualmente, a basílica alvorece sobre nós – enquanto observamos as pessoas aproximarem-se para este ou aquele monumento, estranhamente elas parecem encolher, pois elas são, evidentemente, ofuscadas pelo tamanho de toda a construção. Esta (Basílica) por sua vez, esmaga-nos”, relatou a escritora alemã Georgina Masson. Somos obrigados a concordar com ela, nesta sua frase.

No interior da Basílica, outra estátua, além da já citada anteriormente, merece uma pausa atenta: Pietá, feita por Michelangelo. Se pelo nome não reconheceu a obra, talvez reconheça a fotografia dela – Maria carregando o corpo de Jesus sem vida.

Queríamos tocar nos pés de Pedro (ou Júpiter), mas pelo menos no dia que lá estivemos a zona estava vedada e desta forma fomos apreciando a decoração da cúpula, as luzes que entram pelas janelas e vitrais, as capelas adjacentes e, claro, o Baldaquino – tudo nesta igreja impressiona.

O Baldaquino, a estrutura que cobre o altar e fica diretamente por baixo da cúpula (e por cima do túmulo de São Pedro). Com quase 30 metros de altura, esse trabalho de Bernini foi feito em bronze, o que motivou outra polémica: o material foi tirado do Panteão.

Por baixo do altar, a Basílica guarda cerca de 100 sepulturas. Foi ali que o Papa João Paulo II foi enterrado, antes que o local de descanso eterno do papa polaco fosse alterado para uma das naves laterais da basílica.

A visita a esses túmulos é possível, basta descer uma escada que nos leva até lá. O túmulo de Pedro, no entanto, está mais abaixo, ao nível da antiga necrópole, e não pode ser visitado durante uma passagem normal pela Basílica: para isso é preciso fazer o tour pelas Catacumbas do Vaticano, organizado pelo próprio Vaticano.

Saímos da Basílica e lá fomos superar um dos desafios que nos propusemos para esta visita a Roma: subir à cúpula da Basílica de São Pedro.

Apenas na companhia da Beatriz, que foi a única que teve coragem e preparação física para me acompanhar até o topo da cúpula. Se falamos em disposição, coragem e preparação física não é para desincentivar, mas porque a subida não é mesmo fácil.

São mais de 500 degraus! Mas, não se assuste ainda, dá para ir uma parte da subida de elevador. Porém, ainda faltarão mais 320 degraus para subir. Não é fácil, mas também não é nenhuma maratona.


Optamos pela subida em elevador e depois pelas escadas. O custo com elevador é de 7,00€ e totalmente pelas escadas 5,00€. Achamos que a poupança de apenas 2,00€ não justificava o esforço adicional que nos seria exigido subindo pelas escadas.

As escadas ainda têm algumas partes íngremes e principalmente muito estreitas, em que a subida dos degraus é feita meio “de lado” e em escada de caracol. Até se torna um pouco claustrofóbico em certas partes.


Mas, no final, a vista vale mesmo a pena. Tem-se uma visão magnífica da Piazza San Pietro, e uma visão 360º da cidade de Roma.


Apesar de a Beatriz dar sinais de algum cansaço ao longo da subida e posterior descida consideramos que fizemos uma boa aposta em subirmos à cúpula pelas belas imagens que de lá conseguimos.

Aqui fica um vídeo da nossa visita ao Vaticano:


(continua...)

Sem comentários:

Enviar um comentário