quarta-feira, 28 de julho de 2004

Russia - São Petersburgo e Moscovo - 28 julho 2004



28 de julho de 2004 - Rússia - São Petersburgo


Este dia vai ser ocupado com uma visita a um dos palácios mais grandiosos de São Petersburgo e durante a tarde vamos deambular pela cidade visitando alguns locais característicos da cidade finalizando o dia com a visita a uma das catedrais mais bonitas que já tive oportunidade de visitar, a Igreja/Catedral do Sangue Derramado.


Tsarskoye Selo (em russo Ца́рское Село́; "vila do Czar") é uma antiga residência da família imperial da Rússia, localizada a cerca de 30 quilómetros a sul da cidade de São Petersburgo. Na realidade face à qualidade das estradas e dos autocarros eu diria que tinha andado uns cem quilómetros pois ainda demoramos algum tempo até chegar ao local.

 
 
 
 

Trata-se de uma antiga residência imperial dos Romanov que recebeu o nome de Pushkin durante a época soviética, sendo Património Mundial da UNESCO. De entre os numerosos palácios Imperiais e da nobreza existentes na "vila", merecem destaque o Palácio de Alexandre e o Palácio de Catarina. Foi este ultimo que visitamos com particular detalhe.


 
 

Tsarskoye Selo era uma espécie de redoma para os Czares da Rússia, como foi Versailles para os reis da França, onde era recebida a realeza de toda a Europa e a nobreza russa.

Aqui se localizavam os principais palácios de uso exclusivo da família Romanov, como os atrás referidos Palácio de Alexandre e o Palácio de Catarina ( o terreno para a construção de tal palácio foi um presente do Czar Pedro I "O Grande" à sua mulher, a Czarina Catarina I que também construiu a Igreja da Anunciação (Blagoveschénskaya)e o "primeiro" Palácio de Catarina, uma construção de férias de verão para a Família Imperial.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Apenas depois de Tsarskoye Selo ganhar a importância que lhe era devida é que a Czarina Catarina II mandou construir o que hoje conhecemos como Palácio de Catarina, cuja construção é baseada no Rococó, diferenciando-se do "primeiro" Palácio de Catarina, que foi construído num estilo um pouco mais sóbrio, onde curiosamente ficaram prisioneiros Nicolau II, sua esposa e filhos nos primeiros meses da Revolução de Fevereiro.

Os diversos palácios são enormes e foi sem surpresa que passamos uma manha inteira a percorre-los bem como aos seus enormes jardins.

 
 
 
 
 
 
 
 
 

De regresso ao centro da cidade tivemos oportunidade de visitar a Catedral Kazan, ou sendo rigoroso a Catedral de Nossa Senhora de Cazã (em russo: Собор Казанской иконы Божией Матери, literalmente Catedral da Mãe de Deus de Kazan), um templo ortodoxo, sendo um dos raros exemplos do estilo Império trabalhados na Rússia imperial.

A Catedral tem este nome pelo fato da imagem que podemos encontrar no seu interior ter sido encontrada na cidade de Cazã, mas não tendo mais nada a ver com a referida cidade.

Está localizada na Avenida Névski e foi construída entre 1801 e 1811, pelo arquiteto Andrei Voronikhin para que servisse de abrigo à imagem da Nossa Senhora de Kazan.

 
 
 
 

Após as Guerras Napoleônicas, tornou-se um memorial militar para celebrar a vitória russa. Posteriormente em 1932, já após a Revolução socialista que tornou a Rússia num Estado ateu, a Catedral tornou-se um museu das religiões.

Desde 2000, a Catedral é a representação oficial do Patriarcado de Moscovo na cidade de São Petersburgo.

Saídos do interior da catedral, decidimos ir tomar um café ali perto, ao Café Literário de São Petersburgo, onde segundo reza a lenda o grande compositor russo Piotr Tchaikovski teria sido envenenado e por ter sido o local da última refeição do poeta nacional da Rússia, Pushin, antes de ser morto em um duelo! 


 
 
 

Este café está cheio de lendas e apesar de ser um pouco caro passamos lá bons momentos em amena cavaqueira.

Com o espírito aventureiro que têm um grupo de jovens, bem formados e de mente aberta para novas aventuras decidimos aventurar-nos no metro de São Petersburgo, não tão bonito como o de Moscovo mas cheio de surpresas para nós.

 
 
 
 

O Metro de São Petersburgo é o sistema de transportes públicos mais eficiente da cidade de São Petersburgo, na Rússia.

Conhecido formalmente por Metro de Leninegrado, tem muitos traços das ideologias socialistas que prevaleciam na altura da sua construção, sobretudo na decoração e na ornamentação das suas estações.

Devido à geologia única da cidade, o metro de São Petersburgo é um dos mais profundos do mundo; servindo cerca de três milhões de passageiros diariamente. Atualmente é um dos 10 mais movimentados de todo o mundo.

Curiosa foi a forma que arranjamos de nos orientar-mos no interior do metro já que ninguém conseguia compreender o Cirílico sequer para perceber o que aparecia escrito nas indicações. A solução foi literalmente contar as estações, usando o guia da American Express como base para nos deslocar-mos.

E foi com o recurso a este guia que fomos ao encontro do resto do grupo junto a um dos ex-libris da cidade, a Igreja do Sangue Derramado.














A Catedral do Sangue Derramado ou Igreja da Ressurreição do Salvador sobre o Sangue Derramado é uma igreja ortodoxa russa, situada na margem do canal Griboedov (assim designado em honra de Alexandr Griboiedov) próximo do parque do Museu Russo e da Nevsky Prospekt.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

A igreja foi construída no local onde o Czar Alexandre II da Rússia foi assassinado, vítima de um atentado no dia 13 de março de 1881.

Esta igreja tem algumas curiosidades como por exemplo o facto de durante a Segunda Guerra Mundial e aquando do cerco da cidade pelos alemães, uma bomba ter atingido a cúpula mais alta da igreja. A bomba não explodiu e permaneceu encerrada na cúpula da igreja durante 19 anos. Somente quando os trabalhadores subiram à cúpula para reparar o telhado, a bomba foi encontrada e retirada.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Foi mais ou menos nessa altura que se decidiu começar o restauro da igreja do sangue derramado. Após 27 anos de obras de restauro, a igreja reabriu em 1997 como museu estatal, onde os visitantes podem conhecer a história do assassinato de Alexandre II e é, na minha opinião pessoal uma das maravilhas do mundo, com arquitetura barroca e neoclássica, são 7.500 m2 em mosaicos, com ícones de figuras religiosas, mais do que qualquer igreja no mundo!

No interior da Igreja existem fotos do antes da recuperação e do depois, foi um trabalho impressionante dos restauradores.

Ela foi inspirada na Catedral de São Basílio, que também visitamos em Moscovo A sua fachada é menos colorida que a outra em Moscovo, mas muito mais bonita devido aos mosaicos aqui existentes enquanto em Moscovo as paredes são pintadas.

Mas é depois de ultrapassar-mos a porta de entrada que começa o verdadeiro deslumbramento: todos os bocadinhos de parede da Igreja são cobertos por mosaicos com temas bíblicos. Não há palavras para descrever tamanha beleza, só mesmo vendo as fotos! Pena estas não terem ficado grande coisa, face ao fraco equipamento que tinha à época. Quem tiver curiosidade é só procurar no Google que não faltam fotos e vídeos sobre esta igreja.

 
 
 

A titulo de curiosidade posso referir que não acreditava que fossem mosaicos a cobrir as colunas e paredes. Tive mesmo que me aproximar e colocar a mão para confirmar.

Destaque também para o altar que também é impressionante, enfeitado com diversas pedras preciosas e semipreciosas e principalmente pelas colunas de jasper.

Para terminar este assunto, dizer que atualmente a Igreja não é mais Igreja, porque não foi novamente consagrada após a restauração. Faz parte do complexo de museus da Catedral de São Isaac, e todas as informações necessárias para a visita podem ser consultadas aqui.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Este dia era o ultimo em São Petersburgo e enquanto fazíamos hora para apanharmos o mais famoso comboio da Rússia, o Flecha Vermelha, que nos levaria até Moscovo decidimos passear um pouco por uma cidade com uma luz lusco fusco influencia das noites brancas que tinham tido o seu ponto alto no mês de junho.

 
 

O Flecha Vermelha (Кра́сная стрела́ (Krasnaia Strela)) é um lendário comboio de luxo, que faz parte da história da Rússia. Sai à noite de Moscovo ou São Petersburgo as 23.55 e chega à estação de Moscovo ou São Petersburgo, na manhã do dia seguinte as 07.55. A viagem demora cerca de 8 horas para percorrer os mais de 700 kms de linha férrea.

 

O comboio tem camas confortáveis (para os padrões da Rússia!), isolamento de ruído, restaurantes a bordo - são os serviços presentes nestes comboios. As cabines VIP, que evidentemente não usamos, têm chuveiros privativos no interior da cabine.


De facto, o comboio tem uma história longa e notável. Fez a sua primeira viagem em 1931 e, desde então, tem vindo a percorrer diariamente, sem interrupção (se excetuarmos o período de 1941 a 1943), a Oktoberskaya, ou seja, a linha que liga Moscovo a Leningrado.

Como disse anteriormente a saída foi às 23.55 da estação Moskovsky Vokzal em Leningrado (São Petersburgo) ao som do 'Hino à Grande Cidade', obra de Reinhold Gliére e chegada às 7.55 à estação moscovita de Leningradsky Vokzal ao som da canção 'Moskva' de Oleg Gazmanov.

 
 

O compartimento, com capacidade para quatro pessoas, era decorado de uma maneira muito simples e era muito diferente das cabines mais caras que a maioria dos turistas usam.

No nosso caso, como o bilhete estava incluído na viagem (a viagem custa cerca de 150€!) a agência russa deve ter comprado os bilhetes mais baratos que existiam.

Às 6 da manhã, a assistente de bordo bate à porta e deixa uns itens para o pequeno almoço… muito básico já que estávamos na classe mais modesta.

Sinal de que o destino final do Кра́сная стрела́ estava próximo... e hoje partiríamos à descoberta da capital da Rússia, Moscovo.

Mas isso fica para o próximo post!


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