Após
um árduo ano de trabalho chegamos a agosto, mês de eleição de férias para a
generalidade dos portugueses e para nós também. Face a contingências
profissionais temos de concentrar as nossas férias em 2 períodos, a segunda
quinzena de agosto e a semana entre o Natal e o Ano Novo.
Vamos
tentando atenuar a ausência de férias no resto do ano com alguns pequenos períodos
que aproveitamos para fazer uns “city-breaks”, mas mesmo esses cada vez menores
face ao apertado calendário escolar conjugado com a época desportiva da Beatriz
e agora também da Sofia! Isto de ter filhos nos tempos que correm não é fácil!
Terminadas
as considerações iniciais é altura de nos dedicarmos ao tema que aqui nos traz,
as nossas férias de verão!
Programamos
cerca de 2 semanas e meia de viagem, conseguindo uma mistura de aventura, puro
relax e também alguma cultura!
A
primeira parte das férias seria passada em Salou e a última semana culminaria
com um cruzeiro a bordo do fabuloso Symphony of the Seas, “apenas” o maior
navio de cruzeiro do mundo! Quem nos segue através do Facebook já teve uma
pequena amostra do que fomos vivendo ao longo dos dias que estivemos em viagem!
Como
a viagem de carro até Salou demora cerca de 10 horas, optamos por dividir o
percurso em 3 etapas, aproveitando para conhecer as cidades onde pernoitamos. A
primeira dessas cidades é a bonita cidade de Salamanca!
Saímos
de Santa Maria da Feira ao início da manha, pois a viagem não seria muito longa
e aproveitamos para tomar o pequeno almoço na companhia da família.
De
acordo com o planeado chegamos a Salamanca por volta da hora de almoço, depois
de cumpridos os cerca de 300 kms que separam as 2 cidades.
Já
tínhamos hotel reservado e por sorte encontramos em frente ao hotel um
restaurante que servia pratos combinados por preço bastante em conta, pelo que
ficamos logo por ali a almoçar enquanto o nosso quarto ficava pronto!
A
comida não valia mais que o preço que pagamos logo não há que queixar e afinal
de contas o mais importante era o facto de estarmos de férias.
Logo
após o almoço fomos então ver o quarto que nos tinha sido atribuído no
Aparthotel Hall 88,
um 4* que nos custou 96€, já com pequeno almoço incluído.
Quarto
espaçoso e confortável como se pede, com comodidades para pequenas refeições,
que não usamos!
Feito
o reconhecimento inicial pegamos no mapa da cidade que nos deram na receção do
hotel e decidimos caminhar até ao centro, pois a distância era curta. Um pouco
sem darmos por isso estávamos junto da Casa das Conchas, uma construção em
estilo gótico e famosa pela sua fachada decorada com conchas.
É
um dos palácios mais populares de Salamanca e um dos melhores exemplos da arquitetura
gótica civil espanhola. Foi mandada construir, nos últimos anos do século XV e
primeiros do XVI, por D. Rodrigo Arias Maldonado, pessoa chegada aos Reis
Católicos e cavaleiro da Ordem de Santiago. As conchas são o principal motivo
ornamental da fachada.
Um
dos pontos que talvez crie maior controvérsia é o porquê da escolha das conchas
como elemento ornamental. Alguns autores vêm como uma mostra de orgulho dos
Maldonado por pertencerem à Ordem de Santiago. Outros autores, sem dúvida mais
românticos, indicam que a repetição das conchas, símbolo nobiliário dos
Pimentel, era uma prova do amor que D. Rodrigo sentia pela sua esposa Dona
Maria.
As
caves da casa tornaram-se, posteriormente, num local onde os estudantes da
Universidade pagavam as penas impostas pelo Mestre-Escola.
Atualmente
este espaço alberga uma biblioteca pública e uma sala de exposições. Apenas
admiramos por fora, apesar da entrada ser grátis!
Continuamos
a caminhar, pois a nossa intenção era dar um passeio no comboio turístico que dá
a volta à cidade. O calor era muito e não convidava a grandes aventuras! O
comboio parte de uma praça junto à catedral de Salamanca, mas como não tivemos
lugar no comboio seguinte, compramos o bilhete e fomos até à Catedral que
estava ali mesmo ao lado.
A
silhueta das catedrais preside o céu salmantino e o seu interior alberga a vida
e a história da cidade e dos seus cidadãos. Constituem outro conjunto histórico
- artístico por Excelência dado que se levantam juntas: a Catedral Velha e a
Catedral Nova.
A Nova,
gótica, renascentista e barroca, nasce e cresce a partir da outra. A Velha, de
estilo românico. O acesso à Catedral Velha faz-se através do interior da Nova.
Ao entrar na Catedral voltamos ao passado, este templo românico revive um
espírito antiquíssimo e medieval. Um edifício arquitetonicamente defensivo, um
lugar vinculado à repovoação (começou a ser construído em 1509, numa sociedade
em guerra onde o valor mais representativo é o do santo guerreiro (Raimundo de
Borgonha e Bispo Jerónimo).
Nos
finais do século XV, a povoação de Salamanca aumentou significativamente, mercê
do auge e fama da sua Universidade. A Catedral Velha tinha ficado pequena e o
predomínio estético e ideológico, do mundo gótico tornaram-na num espaço
arcaico e pouco prático. Desta forma, em 1513 dá-se início à construção da
Catedral Nova, uma das últimas catedrais góticas de Espanha, cuja construção
terminou dois séculos depois, em 1733. Diferentes estilos arquitetónicos
aparecem refletidos de forma fragmentária na sua edificação. A Catedral Nova reflete
a ideia do desenvolvimento urbano. A sua grandiosidade mostra uma instituição
triunfadora perante os seus inimigos ideológicos e os próprios paroquianos. É o
maior e mais alto edifício da cidade.
Como
a hora para a próxima partida do comboio aproximava-se voltamos à Plaza de
Anaya, para, finalmente fazer um passeio de cerca de 25 minutos que percorre as
zonas históricas da cidade enquanto vai dando algumas explicações (apenas em
espanhol) sobre os pontos de interesse que vamos encontrando.
Não
sendo nada de especial, valeu pelo passeio, agradável e que permitiu localizar geograficamente
alguns dos locais que queríamos visitar.
Deixamos
algumas fotos tiradas a partir do comboio, com destaque para a ponte romana,
que por ficar afastada do local onde estávamos não percorremos!
A
partir da referida praça, onde terminou o passeio do comboio fomos até à
entrada da universidade onde se encontra uma das maiores atrações de Salamanca!
Fundada
como estúdio por volta do ano 1218 por decisão do rei de Leão Afonso IX, foi
confirmada oficialmente como Universidade na Carta Magna outorgada por Afonso X
em 1254. Nos seus inícios seguiu o modelo bolonhês, que dava preferência ao
estudo do direito civil e canónico perante a teologia e a filosofia
preponderantes na Universidade de Paris.
Na
sua época de maior esplendor, nos séculos XV e XVI, esteve à cabeça das
universidades europeias. Atualmente é a Universidade mais antiga de Espanha.
Diante
da fachada da Universidade está o pátio das Escolas Maiores. Pode-se dizer que
este pátio foi a primeira intervenção urbanística da cidade, configurado como
um espaço para a contemplação da fachada da Universidade.
O
pátio é composto pelo edifício gótico das Escolas Maiores (1415), o Hospital de
Estudantes (1412), hoje em dia a reitoria, o edifício das Escolas Menores
(1533) e a fachada da Universidade (1512-1516).
Segundo
a tradição estudantil, aqueles que pretendem passar nos exames facilmente devem
descobrir antes a rã na fachada da Universidade! Confesso que tivemos uma
pequena ajuda pois um vendedor ambulante, entre outras coisas que vendia, também
vendia uma estatueta com a rã!
Vamos
lá ver se encontram! Podem deixar nos comentários o local onde acham que está
posicionada a rã! Prometemos que daremos a resposta, caso ninguém acerte.
Para
terminar a nossa, curta, visita à cidade fomos até à Plaza Mayor, o equivalente
à praça do município, ou qualquer coisa parecida com isso! Como grande parte do
centro histórico de Salamanca é pedonal fomos a pé, percorrendo algumas das
ruas mais procuradas pelos turistas.
A
Plaza Mayor é uma das praças mais bonitas de Espanha e um dos monumentos
barrocos mais importantes da arquitetura peninsular.
Desde
que foi construída, esta típica praça castelhana, foi ponto de encontro de
salmantinos - que a consideram como a sua sala de estar -, e forasteiros.
Declarada
Monumento Nacional desde 1935, na justificação técnica e artística afirma-se
que é "a praça mais decorada, proporcionada e harmoniosa de todas aquelas
existentes na sua época em Espanha". Possui 88 arcos e diversos medalhões
com efígedes.
Tal
como hoje em dia, na praça celebravam-se as atividades religiosas, civis e
lúdicas mais importantes da cidade: corridas de touros, procissões e
inclusivamente execuções (há algum tempo atrás!!!). Desta forma alguns
proprietários das casas alugavam as suas varandas aos espectadores por um preço
bastante elevado.
Em
1954 os jardins que foram colocados em meados do século XIX foram retirados.
Estes jardins marcavam um ritual curioso no qual os homens davam voltas ao
redor, no sentido dos ponteiros do relógio, enquanto as mulheres o faziam no
sentido contrário. A praça era um ponto de encontro civil e, portanto, também
de encontros amorosos.
A
cada 15 de Agosto é colocado no campanário da Câmara Municipal uma haste,
coroada pela figura de um touro, com a bandeira de Espanha. Esta figura, que
tem o nome de "Mariseca", é colocada para assinalar a proximidade das
festas de Salamanca e apenas é retirada quando estas terminam. Isto mesmo pode
ser visto em algumas das nossas fotos.
Nesta
altura, já o dia estava a chegar ao fim e nós cansados com a viagem e com o
calor que se fazia sentir. Optamos por comer umas fatias de pizza numa banca
junto á Plaza Mayor e regressar ao hotel.
Para
terminar este post apenas dizemos isto: Não imaginam o quanto nos soube bem o
ar condicionado do quarto!
Com
isto dizemos, até amanha...
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