10 dezembro 2016 – Corunha
Acordamos para o
nosso último dia na Corunha, e apesar do sol brilhar intensamente notava-se no
ar aquela brisa atlântica tão característica do norte da península ibérica.
Após um excelente,
mais um, pequeno-almoço saímos em direção ao nosso primeiro ponto de interesse do
dia: a Casa del Hombre, ou a “Casa do
Homem”, se estivermos a falar na nossa língua materna!
Curioso o facto
de por diversas vezes passarmos junto ao museu e nunca reparamos na sua
localização. Inclusive andamos meio perdidos pois o GPS enviava- nos para uma
localização que achávamos estar errada. Depois de algum tempo às voltas lá
paramos o carro e fomos perguntar onde ficava o museu. Para nosso espanto
ficava ao nosso lado!
Segundo a Wikipédia,
a Casa do Homem é um museu cultural de caracter científico erguido no Passeio
Marítimo de Riazor na cidade da Corunha, na Comunidade Autónoma da Galiza
(Espanha).
É o primeiro
museu interativo que trata de uma forma global e monográfica o ser humano. Foi
inaugurado a 7 de abril de 1995.
O museu,
dirigido por Ramón Núñez Centella desde a sua abertura, pretende divertir o
visitante, estimular a sua curiosidade e suscitar a reflexão acerca das
características da espécie humana mediante a interatividade e da
interdisciplinaridade. O seu lema é "Conhece-te a ti mesmo", frase
que figurava no Templo de Apolo em Delfos e que Platão atribui aos Sete Sábios
da Antiga Grécia.
O edifício, obra do arquiteto japonês Arata Isozaki, conta com muros, paredes e escadarias de granito. Alem disso, a fachada conta com um revestimento de 6.600 peças de lousa que são sustentadas com quase 160 mil parafusos colocados manualmente. Para a construção do edifício neste local, foram escavados mais de 30 mil toneladas de pedra.
O museu conta
com 1.500 metros quadrados dedicados a exposições, repartidas em quase 200
módulos. A maior parte são interativos, devendo ser acionado algum mecanismo
para entender os seus conteúdos.
Uma visita
completa passa pelas seguintes zonas:
* Eu (a identidade)
* Genética
* Evolução humana
* Paisagens (meios de exploração do corpo e imagens
microscópicas de tecidos e células)
* Reprodução sexual, embrião e
desenvolvimento embrionário
* Sentidos
* Coração e sistema circulatório
* Comer para viver (nutrição, sentidos do
paladar e olfato)
* O sistema motor
* O pé
Além destas
exposições permanentes, a sala Severo Ochoa dedica 300 metros quadrados do
museu a exposições temporárias.
Conta também com
um salão de projeções de cinema em grande formato. A sala Leonardo da Vinci projeta
filmes de grande formato num ecrã de 80 metros quadrados em qualidade digital,
dando como resultado uma imagem estável e nítida, ideal para documentários
científicos.
O museu não esta
entre os melhores que já visitamos, mas devido à sua interatividade com o
publico nem damos pelo tempo passar.
Quem, como nós
visita o museu com crianças, ainda fica mais satisfeito pois as crianças adoram
mexer e uma das regras deste museu é mesmo essa: façam o favor de mexer nas
peças expostas.
Quando saímos do
museu era hora de almoço e fomos procurar um restaurante para o fazer.
Optamos por
parar a meio do caminho para o próximo local de visita e decidimos experimentar
a Cervecería Argo, um restaurante típico de tapas, onde apenas era possível comer
as referidas. Nada que nos afetasse pois nessa altura até as miúdas já estavam
rendidas aos “calamares a la romana”!
Por desleixo
meu, apenas tirei foto à ementa pois achei curioso o texto que colocaram na
parte traseira da referida ementa.
Quando veio a
comida, esquecemo-nos de fotografar os pratos. Acho que começamos a ficar
cansados de andar de máquina em punho.
Para terminar as
nossas visitas pela Corunha fomos até ao Monte de San Pedro, um dos locais com
melhores vistas sobre a cidade da Corunha e sobre o oceano atlântico.
No topo do monte
deparamo-nos com um bonito e cuidado jardim, com espaços para as crianças,
miradouros, um elevador panorâmico e algumas peças de artilharia militar pesada.
Estas relíquias
militares são recordação de um dos períodos mais negros da história de Espanha,
mas como disse “alguém”: …compreender o passado para precaver o futuro!”
Apenas para
perceberem do que se trata, deixamos aqui um resumo do que existiu neste local
e o que existe atualmente.
No limite sul da
cidade da Corunha, na Galiza, funcionou durante anos, em área interdita, uma
imponente bateria de artilharia de costa, integrada no sistema defensivo do
importante porto da cidade. Para não recuar muito no tempo direi apenas que no
final da 2ª Guerra Mundial, a chamada base naval Corunha-Ferrol era defendida
por 14 baterias de artilharia de costa e 8 de antiaérea. Este dispositivo foi
sendo reduzido, gradualmente, até ser extinto em 1990.
Por esta altura, no dizer de muitos em Espanha, iniciou-se uma “página negra” da sua história militar. E porquê? Muitas destas baterias foram pura e simplesmente abandonadas, logo vandalizadas, e o material inutilizado e vendido “a peso”. O mesmo aconteceu em algumas baterias no Mediterrâneo nomeadamente junto a Cartagena.
Mas em boa hora
o município da Corunha, devidamente assessorado pelo Museu Militar Regional da
cidade, se apercebeu das possibilidades que uma destas baterias apresentava: a
do Monte de San Pedro.
Na altura da
previsível destruição do local, em 1997, depois da decisão militar de desativação
total da artilharia de costa nesta região, município, museu e comandos
militares locais, conseguiram que os materiais desta bateria fossem
transferidos para a posse do município e assim preservados. E o que fez a “câmara
municipal” da Corunha? Manteve as imponentes peças de 38,1 cm exatamente nos
seus lugares, vedou o acesso às instalações subterrâneas para evitar acidentes,
recuperou parte das casernas e outros edifícios para ali instalar elementos de
interpretação e museológicos ou fechou outros por desnecessários. E no espaço
envolvente de tudo isto, nasceu um interessante e bem cuidado espaço ajardinado
de grandes dimensões.
Acresce que este
local está junto a uma área que sofreu nos últimos anos uma grande expansão
urbana, com edifícios de habitação e áreas comercias, sendo esta uma das
maneiras que ali se encontrou de equilibrar a zona, com um autêntico pulmão
verde.
O município
orgulha-se mesmo, na informação disponibilizada aos visitantes, de ter
conseguido para a sua população um Parque Municipal com vistas excecionais não
só sobre toda a cidade como por uma vasta franja da costa, e de ali se poder
ter uma noção da história, do modo como aquela parte de Espanha se defendia e
assim se “passar o testemunho” às novas gerações, em simultâneo com a
possibilidade de tomar contacto com as espécies vegetais típicas dos ambientes
costeiros e uma enorme quantidade de pequenas aves, tudo num ambiente
paisagístico excecional.
E não se julgue
que o espaço é uma espécie de museu para historiadores ou biólogos. Como
tivemos oportunidade de constatar, num sábado de manhã, o espaço é bastante
frequentado por famílias inteiras e grupos organizados que ali desfrutam do
espaço. O parque tem entrada livre, e dispõe de estacionamento grátis quer para
ligeiros quer para autocarros.
O sucesso deste
espaço é evidente e já está a sofrer melhoramentos, não só em termos de
aumentar os seus equipamentos como para facilitar o acesso a peões. Assim vai
incluir um novo observatório de toda a região, coberto, e está a ser construído
um elevador panorâmico, que dará acesso pela falésia a um “passeio marítimo”
que se estende por toda a orla marítima da cidade.
Acho que me
entusiasmei a falar sobre o assunto e o resumo ficou um pouco longo.
Gostamos imenso
dos espaços disponibilizados no monte e ficámos por aqui o resto da tarde.
Para terminar
este capítulo falta apenas dizer que fomos jantar a um restaurante italiano
mesmo junto à Praça Maria Pita.
O restaurante Il Piccolino, surpreendeu-nos pela
positiva, pois fomos atendidos com uma simpatia que superou largamente a
atenção que fomos recebendo nos dias anteriores. Não que alguma vez tenhamos
sido mal atendidos mas estas situações marcam e fazem a diferença.
As escolhas recaíram
sobre comida italiana, é claro e o preço foi pouco mais que um jantar no Burger
King.
Como conclusão,
podemos dizer que embora se trate de uma cidade pequena, quem a visitar descobrirá
facilmente, ao percorrer as ruas desta cidade, que a oferta da mesma é perto de
infinita: facto que deriva de ser uma das mais importantes cidades galegas,
estando mesmo considerada um ponto de incontornável valor histórico, cultural e
religioso de toda a Galiza. Nós não exploramos mais pois o mais importante para
nós era recarregar baterias de um ano que não tem sido fácil.
Até já, pois nos
próximos dias teremos novidades. Talvez mais a sul, mas continuando por terras
espanholas!
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