Dia 9 Abril – Al Fujairah, EAU
Fujairah, lê-se Fujeira (em árabe, الفجيرة) é um dos sete emirados que compõem os Emirados Árabes Unidos, no Golfo de Omã no leste do país, sendo o segundo mais pequeno. O Emirado de Fujairah cobre 1150 quilómetros quadrados, ou seja, cerca de 1,5% da superfície dos EAU. A sua população é de cerca de 130.000 habitantes. Apenas o Emirado de Umm al-Quwain tem menos habitantes. Fujairah é o único Emirado que é quase totalmente montanhoso, já que todos os outros Emirados, como Dubai e Abu Dhabi estão localizados na costa oeste, e são em grande parte abrangidos pelo deserto. Portanto, Fujairah ostenta uma média anual superior de chuva, permitindo que os agricultores da região tenham colheitas significativas todos os anos.
O clima é sazonal, embora seja quente quase todo o ano. Os meses de Outubro a Março são geralmente considerados como os mais amenos, com temperaturas médias em torno de 25º C diurnos e raramente chegam acima dos 30ºC, no Verão chegam aos 40ºC. O Inverno também coincide com o período chuvoso. A precipitação é superior ao resto dos EAU, por um lado devido ao efeito das montanhas que rodeiam o Emirado, e por outro porque os ventos predominantes são de oeste, trazendo com eles água nas nuvens quentes do Oceano Índico.
O governo do Emirado é, em última análise, realizado pelo Shaikh de Fujairah, Shaikh Hamad bin Mohammed Al Sharqi, que está no poder desde a morte de seu pai, em 1974. O Shaikh supostamente faz o seu próprio dinheiro através de negócios e, os fundos do governo são usados para o desenvolvimento da habitação social e embelezamento da cidade, embora haja pouca diferença entre o estado e a sua riqueza pessoal. Qualquer decisão sobre qualquer aspeto da lei pode ser feita pelo governante, apesar das leis federais nunca serem revogadas. Porém, importa salientar que o governante do Emirado pode optar por operar numa forma completamente autónoma.
O governo de Fujairah é chefiado pelo Shaikh e pela sua família próxima, com alguns membros de famílias locais formando-se respeitados nos comités consultivos. Qualquer decisão do Gabinete deve ser ratificada pelo Shaikh, após o que poderá ser promulgada em lei como decreto Emiri. Os Decretos geralmente são eficazes, imediatamente e sem a devida consulta pública nos processos, às vezes podendo ser confusos, não negligenciáveis, causando consternação entre os habitantes da cidade.
Os estrangeiros ou visitantes não estão autorizados a comprar terras. Os naturais do Emirado podem comprar terras ao governo, depois de provar a sua nacionalidade. Se não houver terreno disponível através dos gabinetes governamentais, as compras privadas também podem ser feitas, com o eventual preço a ser determinado pelo mercado e os próprios indivíduos.
A economia baseia-se em torno de subsídios e subvenções do governo federal, distribuídos pelo Governo de Abu Dhabi (a sede do poder no EAU). Indústria local consiste na produção de cimento, pedra de britagem e mineração. Estas indústrias têm testemunhado um crescimento devido á frenética atividade de construção a ter lugar no Dubai e Abu Dhabi, as potências comerciais dos Emirados. Curiosamente, existe uma próspera zona de comércio livre (http://www.fujairahfreezone.com), rivalizando com o sucesso do Dubai na Free Zone Authority (Zona de Autoridade Livre) (http://www.jafza.ae), que foi criada em torno do Porto de Jebel Ali, o centro de atividade portuária marítima na região desde a década de oitenta. O porto tem testemunhado um crescimento exponencial, a partir de 2003, existindo já projetos para a sua expansão, o que levará à duplicação da sua capacidade.
Os departamentos Federais do governo empregam a maioria dos trabalhadores locais, com pouca abertura nos seus próprios negócios, e muitos dos cidadãos locais trabalham no sector dos serviços. O governo impõe em Fujairah, rigorosas leis comerciais que proíbem estrangeiros de possuir mais de 49% de qualquer negócio ou empresa. Algumas das razões pelas quais as autoridades tenham florescido na zona livre de tal forma, deve-se ao abrandamento desta regra dentro das suas fronteiras, permitindo plena propriedade estrangeira. O Shaikh Saleh Al Sharqi, irmão mais novo do Shaikh no poder, é amplamente reconhecido como a força motriz por detrás da mercantilização da economia.
O desemprego, no entanto, continua a ser uma grande preocupação para o governo. Os números colocam a taxa de desemprego em cerca de 50% - 60%, que é das mais elevadas do mundo. Há um receio de que, sem uma ação decisiva e afirmativa, exista um risco real de que a apatia e o descontentamento poderá espalhar-se entre os jovens, o que poderá criar tendências revolucionárias tal como acontece atualmente em países vizinhos.
Os salários baixos também são um problema em Fujairah, com os trabalhadores da construção, na base da pirâmide. Em média, o dia de trabalho tem 12 horas, começando às 7 horas da manhã e terminando às 20h, mas apenas proporcionando entre 5 – 10USD, dos quais os trabalhadores têm que pagar as refeições, transporte e entretenimento.
O atual Shaikh está a planear mudanças que irão afetar Fujairah no futuro. Entre outros projetos na calha, o turismo é um sector alvo, com a construção de resorts no valor de muitos milhões de USD, nomeadamente perto de Dibba, no norte do Emirado junta da fronteira com Oman, ao lado do Le Meridien Al Aqah Beach Resort. Existirão cerca de 1000 villas cinco estrelas, bem como hotéis, e espera-se que toda a construção e o trabalho esteja concluído no prazo de dois anos.
O Shaikh está a tentar melhorar as oportunidades para os trabalhadores locais, no sentido de tentar aliciar as empresas a localizarem-se em Fujairah e desviar fundos federais para as empresas locais sob a forma de projetos de desenvolvimento.
O sistema de saúde é realizado através de um sistema misto, público e privado. Os habitantes locais são tratados livremente dentro dos hospitais do governo federal, ao passo que os estrangeiros têm de pagar por este serviço. Os hospitais federais são financiados pelo Governo de Abu Dhabi, que retira dinheiro dos seus vastos rendimentos do petróleo, para subsidiar os cuidados médicos dos seus próprios cidadãos. No entanto, existem problemas relacionados com o novo sistema, como alguns estarem preocupados com o facto de o governo não fornecer cuidados de saúde suficientes para os sectores mais baixos da população, que têm de pagar para salvar as vidas dos eus entes queridos.
Existem muitas escolas públicas em Fujairah, que são principalmente para pessoas naturais do Emirado, ao lado de alguns números de residentes árabes. Além das escolas públicas, há também muitas escolas privadas, e devido à maioria da população do Emirado ser do subcontinente indiano, a maioria das escolas privadas seguem o Sistema de Ensino Indiano.
As viagens em redor de Fujairah e as cidades à sua volta de Khor Fakkan, Kalba e Masafié são feitas facilmente devidos ao desenvolvimento de modernas infraestruturas rodoviárias ao longo dos últimos 30 anos, desde a obtenção da independência, em 1971. As infraestruturas são financiadas diretamente pelo governo federal, e os contratos são adjudicados centralmente. Este centralismo destina-se a salvaguardar a qualidade da entrega dos contratos e evitar a corrupção que podem prejudicar a execução desses mesmos contratos. As estradas são vitais, devido à inexistência de qualquer outro meio de transporte. Existem alguns autocarros em Fujairah, mas não para as viagens, apenas são propriedade das escolas, colégios e algumas empresas ou que vêm de outras cidades. Não há comboio em Fujairah.
Os turistas, por conseguinte, devem tirar proveito do sistema de táxi local. Existem numerosos táxis nas ruas, a todo o momento, dia e noite. Não existe um sistema de reservas central para empresas privadas, mas o governo está a planear a criação de um. As tarifas dentro da cidade são fixadas em AED 4 por viagem, o que equivale a cerca de 0,80€. Os destinos que impliquem a deslocação para fora da cidade exigem uma tarifa maior. É aconselhável negociar o preço antes do início da viagem, já que os condutores têm tendência para inflacionar os preços aleatoriamente se estes não estiverem já acordados. No entanto, convém sublinhar que a maioria dos táxis são relativamente limpos e oferecem uma boa relação custo-benefício
A vida em Fujairah é regida pela educação ordenada pelo Shaikh e, por conseguinte, não é arcaico com interpretações da Sharia (a lei islâmica). O senso comum normalmente prevalece, mas como acontece em qualquer lugar, é aconselhável manter-se no lado correto da lei.
Beber álcool é permitido nos hotéis designados, e desde 2000 em alguns bares. Fujairah é uma das cidades mais seguras do EAU. Os cinemas estão geralmente abertos até tarde aos fins-de-semana. É notório, no entanto que a maioria dos espectadores são jovens do sexo masculino. Grupos de jovens locais (Emiratis) tendem a divertir-se nas ruas, cafés, mini-shoppings e cinemas. Não é comum, ver mulheres nesses grupos, devido à sociedade extremamente segregada existente nestas culturas.
Aos finais de semana, muitos residentes de Fujairah viajam para o vizinho Dubai para fazer compras, e em sentido contrario existe uma invasão semanal da costa oeste por residentes do Dubai e Abu Dhabi tentando fugir do calor sufocante do deserto e procurando os desportos aquáticos muito populares entre os jovens, tais como jet ski, windsurf e esqui aquático.
A nossa opção para este dia foi passar o dia na praia, já que as opções existentes no que toca a excursões não me atraiam minimamente. Ainda pensamos em fazer um city tour em táxi e depois ir até à praia, mas o bom tempo que fomos apanhando puxava para a praia.
Inicialmente pensamos ir até um complexo chamado Sandy Beach Hotel & Resort (http://www.sandybm.com/) onde por 55AED, ou 11€/pax passaríamos o dia com toalhas, espreguiçadeiras, guarda-sol e balneários. A refeição poderia ser feita na cafetaria e teria que ser obrigatoriamente, tipo fast-food. O complexo fica a cerca de 35 min do porto onde os cruzeiros atracam e o custo do táxi varia entre os 15 a 20€ por trajeto. A praia é gira e tem como ex-libris um ilhote que se chama Snoopy Island devido à sua forma, como mais à frente poderemos comprovar.
No dia anterior a Virgínia levantou dúvidas quanto ao almoço no complexo, já que não queria comer comida sem qualidade e carregada de molhos, que é mais ou menos o normal nestas circunstâncias. Face ao seu estado e também pensando na Beatriz, sempre muito esquisita para comer alguma coisa optamos por uma excursão com almoço incluído. Como não sabia se consegui arranjar tal programa no exterior do porto, optei por contratar a excursão com a Costa, pelo que tive de pagar aproximadamente 200€. A excursão chamava-se “Um dia na Praia” e foi marcada pela televisão interativa, que além das excursões apresentava também o extrato da nossa conta a bordo, os programas do dia, filmes a pagamento, etc. Muito fácil e intuitivo à semelhança de outras experiência que já tivemos noutros navios.
A chegada a Al Fujairah estava programada para as 07:00h e o ponto de encontro para a excursão era às 8:45h, pelo que o pequeno-almoço desta vez foi cedinho.
Há hora marcada lá nos juntamos a um grupo de espanhóis e apenas um casal de brasileiros nos fez companhia neste dia. Durante o percurso, apesar de a excursão não prever guia, o “guia” foi-nos dando algumas explicações sobre o quotidiano deste povo, sobre a sua situação económica e sobre o futuro deste Emirado que tanto potencial tem devido às suas praias fabulosas e que apenas muito recentemente começou a fazer parte do roteiro dos cruzeiros nestas paragens.
Aproveito para referir que nestas paragens existem praias publicas e algumas até têm alguma qualidade, mas trazem alguns problemas aos turistas, nomeadamente às senhoras, já que fora dos Emirados mais desenvolvidos como o Dubai e Abu Dhabi, a forma como as mulheres são vistas à luz da Sharia é muito conservadora e seria muito problemático uma mulher/rapariga estar numa praia em biquíni ou mesmo fato de banho, logo por uma questão de respeito para com estes povos (de lembrar que nós é que estamos na sua terra!) é aconselhável o uso de praias privativas, normalmente de cadeias de hotéis que dessa forma rentabilizam um pouco mais os seus espaços.
O complexo escolhido pela Costa foi o “Rotana Fujairah Resort & Spa”, um hotel que sem ser muito grande e luxuoso me surpreendeu por estar ali num Emirado mais pobre e mesmo assim ter uma qualidade muito boa e muitos clientes, a maioria alemães e estrangeiros do Dubai e Abu Dhabi, segundo pude aperceber-me no tempo que estivemos na receção à espera do nosso transporte.
Mal chegamos toda a gente se dirigiu até à praia por entre os jardins que ladeiam as piscinas.
Assim que chegamos à areia pudemos escolher entre os guarda sois livres onde queríamos ficar. Tudo isto realizado rapidamente já que a esta hora a areia já queimava os pés e o calor já pedia uns mergulhos.
Fomos ficando na praia e no mar até perto do meio-dia e quando já muitos hóspedes se dirigiam ao restaurante para almoçar nós optamos por aproveitar as piscinas até aos limites e quando fossemos almoçar já não voltava-mos.
Usufruímos das piscinas até cerca das 14:00h, altura em que tivemos que mudar de roupa e ir almoçar, pois o regresso estava marcado para as 14:45h.
O almoço teve lugar no restaurante buffet do hotel e posso dizer que a oferta era imensa, desde os pratos ocidentais até aos pratos mais típicos, e que eu fui experimentando para puder opinar!
No regresso, logo reparo na Snoopy Island em frente ao hotel Sandy Beach, a nossa opção inicial. Em face do que vi, penso que fizemos a melhor escolha.
Já nas proximidades da cidade e do porto, pudemos ver algumas mesquitas, jardins e até bombas de gasolina chamaram à nossa atenção.
Chegamos já próximo da hora do “Todos a bordo” mas a essa hora ainda decorriam algumas operações de manutenção do Favolosa.
A Costa preparou uma surpresa para o dia de hoje, a visita às cozinhas do Costa Favolosa. Uma oportunidade para mim que nunca tive oportunidade para visitar as cozinhas de um navio. Pensei logo, deve ser tudo gigantesco! Como a visita seria organizada por idiomas seria também uma oportunidade para conhecer o anfitrião de língua portuguesa, Diogo Negrini, um brasileiro exemplo de persistência porque começou como assistente de bar, mas que quis subir na hierarquia e não desistiu de o tentar até o conseguir. Seria também oportunidade de conhecer mais alguns dos 35 portugueses que se encontravam a bordo. Nada mais errado pois não apareceu ninguém e tive direito a uma visita exclusiva com o Diogo.
Esta visita, no fundo é uma operação de charme da Costa já que o Diogo passou o tempo a referir o controlo das temperaturas, a limpeza, a separação de matérias, a separação do lixo, etc.
No final da visita ainda tive direito a um cafezinho, oferta do Diogo enquanto mantínhamos dois dedos de conversa.
Após a visita às cozinhas, o Favolosa partia rumo a Abu Dhabi com uma luz incrível, por isso havia que tirar umas fotos:
Quanto olhamos para o relogio verificamos que estavamos atrasadissimos, logo só tive tempo de tomar um banho e dirigir-me a correr para o teatro Hortência para assistir ao espetáculo do dia, “Vibrations”, uma vez mais um misto de música e dança.
Como ainda era cedo para o jantar ainda tivemos tempo para um aperitivo num dos bares, desta vez um Martini:
O jantar foi como habitualmente às 21:00h e pudemos assistir a algumas brincadeiras dos empregados, uma constante durante toda a semana. Infelizmente a nossa mesa não ficava muito bem localizada para tirar umas fotos e nem sempre foi possível registar o momento.
Após o jantar, tivemos oportunidade para passar por um dos bares para tomar um café e a correspondente bebida, enquanto esperávamos pela festa árabe que estando marcada para a piscina às 22:30h não começou antes das 23:00h.
Foi uma festa animada, já que existiram aulas de dança do ventre, atuação dos miúdos do Squok, eleição da Miss Sherazade e animação com as bailarinas do Favolosa.
Finalmente teríamos o Buffet Árabe, que apenas serve para umas fotos já que quando se janta no 2º turno a fome ainda é nula. Ainda assim ficam as fotos:
E era altura de regressar ao camarote, que amanha estaríamos em Abu Dhabi.
Até amanha…
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