Se
no inicio das férias decidimos parar em Mérida, no regresso fizemos o mesmo em Córdova,
na Andaluzia.
Quando
no século VIII os árabes entraram na Andaluzia, iniciaram em Córdoba a
construção duma cidade que, na opinião destes rivalizasse com as grandes
metrópoles do mundo árabe: Bagdad, Damasco, Constantinopla e Cairo.
Iniciaram
assim a construção de uma infinidade de mesquitas e palácios. Entre estas
mesquitas encontrava-se aquela que se viria a tornar numa referência em todo o
mundo Islâmico da época. Inspirada na de Damasco, a mesquita sofreu sucessivas
ampliações até se tornar a enorme floresta de colunas e arcos vermelhos e bejes
que os cristãos encontraram em 1236 aquando da reconquista cristã do califado
da Andaluzia, que até aí tinha dominado quase toda a Península Ibérica.
Uma
parte desta obra prima, foi então destruída para dar lugar a uma catedral
católica.
Existe
uma lenda que diz que um papa que veio depois das obras a Córdoba disse algo do
género: “destruíste uma obra única no mundo para fazer aqui uma catedral como
tantas outras”. Em parte, teve razão, mas a mesquita-catedral de Córdoba é ainda
assim um edifico incomparável a qualquer outro no mundo, um exemplo da
tolerância religiosa e da fusão de duas culturas diferentes.
Para
além da Mesquita-Catedral, está também classificado pela UNESCO, o centro
histórico da cidade, incluindo a Sinagoga, o bairro da Judiaria, o Alcazar e a
Ponte Romana.
A
imagem que se tem ao entrar na Mesquita é de cair o queixo. São cerca de 900
colunas de pedras nobres dispostas de uma forma que lembra o mar… Ou talvez uma
floresta, toda feita de arcos, com listras vermelhas e brancas, que dão uma
sensação de infinito incrível.
A
construção da mesquita teve início, então, por volta de 785 pelo emir Abd
ar-Rahman I, tendo sido levada a cabo pelas gerações subsequentes durante os
séculos VIII, IX e X. Nessa época, Córdoba era uma das cidades mais povoadas do mundo!
Em
1236, durante a Reconquista, Córdoba foi tomada pelo Rei Ferdinando III
e, depois de ser parcialmente destruída, a Mesquita foi reconstruída como uma catedral. Por isso sua denominação
mista de “Mesquita-Catedral”.
O
engraçado é que a catedral (que, embora seja muito bonita, não chega nem aos
pés da mesquita original!) foi construída no centro do monumento e reaproveitou
a construção já existente. Só que a catedral parece ter sido “encaixada” de uma
forma um tanto inusitada (e até meio desajeitada) num lugar que, na verdade,
não lhe pertence.
Por
mais que tentemos encontrar uma unidade, a verdade é que as construções não se
ligam muito bem e a catedral acaba por prejudicar o visual original da
mesquita.
Mas,
é claro, não é por isso que a visita fica menos interessante. Muito pelo
contrário! Identificar e analisar as diferenças de estilo faz parte do desafio
da visita.
O
minarete de uma mesquita é a torre de onde são anunciadas as cinco orações do
dia. Nesse caso, o minarete original da mesquita foi transformado na torre da
igreja e proporciona uma vista bem bonita dos antigos bairros árabe e judeu de
Córdoba.
Na parte de fora da construção, não podemos deixar de contemplar
também o Pátio das Laranjeiras.
Embora
a Mesquita-Catedral de Córdoba seja uma ótima amostra da possível convivência
de religiões num mesmo lugar, devemos dizer que nem tudo são flores. Já houve
(e ainda há) conflitos envolvendo questões sobre a forma correta de se chamar o
local (mesquita? catedral? mesquita-catedral?) e mesmo sobre a possibilidade de
fiéis muçulmanos a utilizarem para seus ritos e orações.
Terminada
a visita à catedral decidimos que o próximo passo seria percorrer sem grandes
preocupações as ruelas da cidade admirando as suas janelas ornamentadas com
vazos de flores coloridas, apreciar os pátios no interior das habitações. Uma
delicia para os nossos olhos. Pena a chuva que visitou a Andaluzia naquele
final de agosto.
Fomos
então passeando por:
Calleja de las Flores
O
mais gracioso dos becos sem saída que existem. Bem em frente à face norte da
Mesquita de Córdoba em plena Judería, bairro judeu da cidade (vamos falar dele
mais adiante). A Calleja de las Flores é uma típica rua da Andaluzia com suas
flores dando vida ao branco das paredes das casas nas estreitas ruas seculares.
Alcázar de los Reyes
Cristianos
Um
palácio-fortaleza ao lado da Mesquita-Catedral que serviu de residência para
Isabel de Castela e Fernando II de Aragão no século XV. Embora tenha hoje este
nome, parte do palácio foi construído pelos antigos Califas de Córdoba e
posteriormente modificado por Alfonso XI de Castela.
Um dos mais belos pontos para você visitar são
os belos jardins com as estátuas de todos os réis que já passaram por ali.
Sua
arquitetura é mudéjar, ou seja, tem origem nos tempos pós-ocupação muçulmana,
onde os remanescentes árabes viviam sob o domínio cristão. Por isto ele possui
elementos das duas culturas, embora a atual forma tenha sido construída por um
rei católico.
Nas
ruas estreitas deste bairro, um comércio ativo e encantador anuncia que Córdoba
é realmente uma cidade pluricultural. A Judería é um bairro judeu, localizado
ao lado da Mesquita construída dentro de uma Catedral, as três culturas.
O
nascimento do bairro acontece no século X, onde foi um local de habitado pelos
judeus até o século XV. Hoje ocupa a região entre as ruas Deanes, Manríquez,
Tomás Conde, Judíos, Almanzor e Romero.
Ponte romana de Córdoba
Falar
da Ponte Romana de Córdoba é falar de uma ponte construída sobre o rio
Guadalquivir, que passa pela a cidade dos Califas. A ponte foi construída no
primeiro século depois de Cristo, e conta com um comprimento de 332 metros e 9
metros de largura.
Esta
ponte foi construída pelos romanos durante o seu período de ocupação na
Andaluzia, no sul da península. A Via Augusta, que se estende a partir de Roma
para Córdoba atravessa esta ponte, uma boa prova para a importância deste
lugar.
Existem
várias as reformas que sofreu ao longo da história. Atualmente é um dos
monumentos mais interessantes da cidade de Córdoba.
E
assim termina a nossa visita e simultaneamente as nossas férias de Verão.
Fica
aqui marcado o encontro brevemente algures por aí!
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