A
caminho das nossas férias de Verão, uma vez mais em Fuengirola, aqui já
referenciada noutra entrada, almoçamos em Portalegre (uma agradável surpresa
para nós) e continuando a viagem deixámos Portugal para trás e chegamos a
Mérida, a capital da Extremadura.
Ainda
em Portalegre!
Mas
Mérida é muito mais que simplesmente a capital da Extremadura, ou será que
devemos chama-la de “Emérita”. Pois é, Emérita foi a capital da Lusitânia na
Época do Imperador Augusto. As maiores cidades lusitanas eram, as portuguesas,
Aeminium (Coimbra), Conimbriga (Condeixa-a-Velha), Scallabis (Santarém),
Olisipo (Lisboa), Ebora (Évora), Pax Julia (Beja), Ossonoba (Faro) e, as
espanholas, Salmantica (Salamanca), Norba (Cáceres) Metellinum (Medellín) e a
já mencionada capital, Emérita.
Não
será necessário, portanto dizer, que Mérida é uma cidade com uma enorme riqueza
cultural, onde é possível encontrar algumas das mais bem preservadas ruínas
romanas do tempo da província hispânica, sobre o controlo de Roma.
Iniciamos
a nossa visita à cidade com o Templo de Diana, que é bastante semelhante ao que
podemos encontrar em Évora. A grande diferença é o seu estado de preservação. O
templo existente em Espanha está muito melhor conservado que o seu homónimo
português, e também consideravelmente mais completo. Este templo é um dos
edifícios mais antigos da cidade e é o único exemplar da arquitetura religiosa
romana que tem perdurado em Mérida.
Supõem-se
que foi construído no final do século I a.c. ou no inicio do século I d.C.
Podem ainda ver-se restos do palácio do Conde de los Corbos, de gosto
renascentista.
A
seguir, decidimos “deambular” pelas ruas e ruelas de Mérida, para assim sentir
um pouco da cidade e ao mesmo tempo sermos surpreendidos pelo que a cidade
tinha para nos oferecer. Acabamos por desembocar na praça principal, onde fica
o Ayuntamiento, onde àquela hora não existiam mais que meia dúzia de turistas,
que, apesar dos 44º C que se faziam sentir, aproveitavam alguma esplanada para
se refrescarem.
Depois
de algum tempo a caminhar, pouco pois a cidade é muito pequena, avistamos algo
nosso bem conhecido, o Rio Guadiana, onde sabíamos existir um dos ex-libris da
cidade, a sua ponte romana. Pelo caminho passamos por um simpático jardim, onde
é possível ver uma homenagem à cidade de Mérida, pelas suas homónimas mexicana
e venezuelana.
E
eis que julgávamos que nos estavam a pregar uma partida: olhamos em frente e vemos
a famosa loba Romana, no centro de uma das rotundas da cidade. Sabíamos que
existiam estátuas fora de Roma, mas não esperávamos encontra-la ali. É sempre
uma visão agradável sobretudo com a Alcáçova como pano de fundo.
Como
aparte, deixem-nos referir que a alcáçova é o único edifício muçulmano que se
conservou até aos nossos dias em Mérida. Os principais objetivos que motivaram
a sua construção foram os de servir de proteção às frequentes revoltas dos
emeritenses e a do controlo das passagens através da ponte sobre o Guadiana.
Logo
ali ao lado podemos ver a já referida Ponte Romana. A ponte mede 792 mts. de
comprimento e 12 mts. de altura em relação ao nível médio da água. A ponte
passou a ser exclusivamente pedonal a partir de 1993 e é extremamente agradável
cruzar o Guadiana através desta. Isto se não estiver calor, pois caso contrario
podemos confirmar que não é uma tarefa agradável.
Existem
duas outras pontes romanas em Mérida, mas de menor dimensão. São elas a ponte
romana sobre o rio Albarregas e a ponte romana da “alcantarilla”.
Relativamente
perto da ponte principal, podemos encontrar a escavação arqueológica da
Moreria, onde ao longo dos seus 12 000 metros quadrados de extensão podemos
assistir à evolução urbanística e histórica da cidade (nas sucessivas fases
históricas: romana, visigótica, islâmica, medieval crista, moderna e contemporânea).
De
volta ao centro, fizemos ainda uma paragem junto ao Arco de Trajano, que se
julga ter sido um acesso a um espaço sagrado que precederia um templo dedicado
ao culto imperial, do qual se acharam vestígios na rua Holguín.
Depois,
tínhamos planeado uma visita ao ponto mais alto dos monumentos de Mérida.
Estamos a falar do Teatro e do Anfiteatro Romano. Mas os planos saíram furados,
pois uma “rebelião” familiar em protesto contra o excessivo calor, obrigou-nos
a recolher ao conforto do ar condicionado do carro.
Optamos,
então, por fazer uma visita ao aqueduto romano, já na saída da cidade.
Deste
aqueduto restam em pé apenas 38 colunas em arco. Por resistir bravamente aos
séculos recebeu o seu atual nome “Aqueduto dos Milagres”.
A
recolha das águas pluviais e a distribuição até às cidades era uma missão
fundamental na época romana. O dique de Proserpina (que ainda se pode visitar a
6 km da cidade) permitia a recolha da água, que era conduzida de forma
subterrânea até perto da cidade, onde as impurezas eram eliminadas numa
cisterna calcária e de onde o aqueduto dos Milagres transportava a água até ao
núcleo urbano, cruzando o rio Albarregas.
Com
835 mts de comprimento e 25 mts de altura máxima, é uma manifestação clara da
inventividade romana.
Não
podemos deixar de salientar a zona verde existente em volta do aqueduto e que
seguramente proporcionará momentos de lazer com muita qualidade para os
habitantes locais. Um exemplo de como se pode conservar história e inseri-la na
nossa vida quotidiana.
Pernoitamos
num hotel rural já a caminho da Andaluzia. Uma excelente escolha, pois, o
hotel, apesar de ficar a quilómetros da civilização era muito agradável e os
donos duma simpatia de assinalar. Algo tão difícil de encontrar nos nossos
dias!
Bem
e fica por aqui o relato da nossa visita a Mérida.
Até
breve!
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