NEMO Science Museum, Museu da casa flutuante, Museu Ons' Lieve Heer op Solder e Oude kerk
Mais
um dia de Páscoa passado fora de casa. Desta vez em Amesterdão.
Apesar
do dia festivo não tínhamos tempo para grandes festejos pois ainda havia muito
da cidade para descobrir e ao contrário do que acontece por cá, tudo estava
aberto e a funcionar normalmente.
Tomámos
o pequeno-almoço pouco depois das 08:00h e saímos para mais um dia de
descobertas.
Desta
vez o nosso dia começava com o pensamento nas crianças que nos acompanhavam, já
que o nosso destino era um dos museus de ciência mais completos de todo o
mundo: o “NEMO Science Museum”, que é
uma das atrações imperdíveis para crianças em Amesterdão.
As
meninas, ambas com 10 anos, adoraram as horas que por lá passaram. Na verdade,
todos nós adoramos!
As
diferenças deste museu para outros começam logo pelo edifício, que chama à
atenção porque foi projetado para dar a impressão de que se projeta para fora
da água.
Sempre
achamos que o formato do edifício seria o de um navio pela tradição marítima da
Holanda, mas isso não corresponde à verdade pois tem mais a ver com algo que se
encontra debaixo de agua.
O
arquiteto italiano Renzo Piano teve um momento de inspiração vanguardista quando
planeou o design do edifício NEMO, com sua própria praça a 22 metros acima do
nível da água.
A
construção do NEMO apresentou o arquiteto italiano Renzo Piano um grande
desafio: o museu tinha que ser construído no cimo de um túnel subaquático. A
curvatura do túnel serviu de base, de alicerces para o projeto e também foi a
inspiração para a forma curva do próprio prédio.
O
edifício é uma espécie de imagem espelhada do tráfego que descia o túnel, o
arquiteto projetou um edifício que parece surgir da água.
O
Museu é incrível, muito interativo e divertido para crianças, grandes e
pequenas!
As
exposições e interações estão muito bem organizadas por andares, que vão progredindo
de atividades mais simples para outras mais complexas, por faixa etária.
A
parte que as meninas mais adoraram foi a “Sensational Science”. Elas brincaram com
luzes, sons e com a eletricidade.
Esta
parte é dedicada à física e tem interações interessantes como aquele globo que
lança “raios” sobre as mãos colocadas no exterior do globo.
Um
equipamento para sussurrar e se comunicar com alguém do outro lado da sala,
espelhos, ímanes, um canhão de ar que sopra uma bola para cima.
Nesta
área, o que fez mesmo as delicias das meninas foi um espaço onde podiam fazer bolhas
de sabão gigantes.
Outra
área muito engraçada é a “World of Shapes”, com conceitos de matemática, jogos
de espelhos para desenhar padrões, etc.
O
“Water World” é uma área que tem a “cara” da Holanda. As crianças, desde
pequenas já aprendem como podem conter a água nos diques, por exemplo. A ideia
é mostrar o quanto é importante controlar a força e nível das aguas para um
pais como a Holanda.
A
instalação “Energize” também é interessante. São mostrados vários tipos de
energia e como a produzir. É excelente para mostrar às crianças quais as
alternativas mais sustentáveis dos nossos dias.
Às
crianças são propostos brinquedos, movidos com vento, calor, água, etc.
Excelentes ideias que nos deixam a pensar.
Há
outras áreas muito interessantes, mas mais voltadas para crianças maiores e
adolescentes. Uma delas é bem típica da mentalidade aberta dos holandeses, sobre
sexualidade. Tudo de uma maneira direta e franca, onde na verdade, o
adolescente tem acesso a muitas informações sobre sexo e sexualidade.
Nesta
parte de “Teen facts” temos outras interações muito interessantes para que os
adolescentes possam expressar-se.
O
terraço do museu é incrível e talvez uma das suas maiores atrações.
Além
da vista da cidade, podemos apreciar no próprio terraço uma exposição sobre
diferentes tipos de energia: eólica, solar, hídrica… para mostrar, de forma
interativa às crianças (e não só!), que todas elas são viáveis!
Pena
que neste dia, chovia em Amesterdão. Não era uma chuva forte mais criava uma
neblina que prejudicava a vista para a cidade.
Ainda
assim tivemos oportunidade de tirar algumas fotos para a cidade e aos vasos de orquídeas
que estão permanentemente colocados nas escadas do terraço e que transmitem tanta
cor ao local.
Neste
andar, funciona um ótimo café e restaurante, com lanches e refeições simples em
estilo buffet. Podemos voltar a entrar no museu, bastando para tal apresentar o
bilhete de entrada.
Nós
adoramos a visita e recomendamos, especialmente se têm crianças já com alguma idade
que tiram imenso proveito das propostas de interação!
Foi
mesmo por aqui que almoçamos, umas sandes e umas coxas de frango com batata
assada. Um pouco caro para a qualidade, mas em Amesterdão, o que é que é
barato?
Após
o almoço, sempre acompanhados por uma chuva que quase não molhava mas que era desconfortável
porque obrigava a guardar as máquinas fotográficas na mochila e tira-las cada
vez que queríamos usar, fomos caminhando junto aos canais até chegarmos a um
museu, no mínimo curioso: o museu da casa flutuante ou casas barco!
Este
museu foi criado quando o morador de uma casa flutuante percebeu a curiosidade
dos visitantes sobre a sua residência.
Em
1997, Vincent van Loon criou o Museu da Casa Flutuante no Hendrika Maria, um
cargueiro de 1914. Ele converteu o navio numa casa flutuante nos anos 60.
Atualmente,
o local é mantido como se ainda fosse habitado, e os visitantes podem ver como
é viver num barco e podem esclarecer dúvidas como "Como se consegue
eletricidade e água potável?" ou "Não é muito frio no inverno?",
entre outras.
A
casa flutuante está aberta para visitas num atracadouro próximo da Casa de Anne
Frank.
A
visita é feita por conta própria, com folhetos disponíveis em vários idiomas,
incluindo o português.
Podemos
imaginar como seria tomar um chá, um café ou outra bebida numa sala holandesa ao
estilo dos anos 50, e no final podemos comprar uma lembrança na loja existente
à saída do museu.
Esta
é uma oportunidade única para ver como é a vida dos holandeses – e não apenas
dos que vivem em casas flutuantes, já que a decoração é típica do país.
É
difícil descrever o que isso significa exatamente. Apenas quem já visitou o
local pode perceber o que isto significa.
Não
é um museu que recomendemos vivamente. As entradas são baratas (€4,50), e no
nosso caso foi de borla com o “Amsterdam City Card” e se tiverem curiosidade
será uma visita diferente.
Continuamos
a nossa caminhada pela cidade, sendo eu nesta altura passamos junto à casa de
Anne Frank, uma das atrações mais famosas de Amesterdão!
Não
conseguimos bilhetes online e combinamos que passaríamos por lá e caso a fila
não fosse muito grande (habitualmente é!) tentaríamos visitar o interior da
casa! Infelizmente demorámos tempo valioso a decidir se queríamos visitar ou
não o museu. A indecisão dos nossos companheiros de viagem tirou-nos a
possibilidade de conhecer este local marcante.
Fomos
informados que a entrada na casa demoraria cerca de 3 horas e optamos por não
ficar à espera, até porque ficaríamos à chuva.
Apesar
de não termos visitado o interior da casa deixamos aqui algumas considerações
sobre o local.
A
Casa de Anne Frank, um museu com uma história a
contar. Nesta casa, no centro de Amesterdão, está o esconderijo onde Anne Frank
escreveu o seu famoso diário durante a Segunda Guerra Mundial. Anne Frank, uma
garota normal em circunstâncias excecionais. Durante mais de dois anos, ela
descreveu no seu diário os eventos do seu dia a dia no esconderijo.
O
diário original de Anne e alguns dos seus outros cadernos estão expostos na Casa
de Anne Frank numa mostra permanente. A coleção e as mostras temporárias tratam
a perseguição aos judeus durante a guerra, o fascismo, o racismo e
antissemitismo contemporâneos.
Tivemos
pena de não visitar mas o nosso tempo era curto para estar tanto tempo numa
fila.
Continuamos
o nosso caminho até pararmos noutro local que para nós era de visita obrigatória:
o “Museu Ons’ Lieve Heer op Solder”. Dito apenas
desta forma será desconhecido da maioria das pessoas, mas depois de conhecido
nunca mais se esquece.
Durante
a Era de Ouro holandesa, a Holanda passava pela Reforma Protestante, que
proibiu os católicos de praticar a sua religião em público. Como resposta a
esta proibição, Jan Hartman preparou a construção de uma igreja clandestina no
sótão da sua casa recém-comprada em Amesterdão em 1661.
O
Museu de Ons’ Lieve Heer op Solder, significa o Museu do Nosso Senhor no Sótão,
é formado pela casa e pela igreja perfeitamente preservada, que se tornou um
símbolo nacional da liberdade religiosa.
Jan
Hartman foi um próspero mercador que fez fortuna com o comércio de linho e amealhando
taxas de importação de vinho. Aos 42 anos, Hartman, a sua esposa e os seus
cinco filhos mudaram-se para uma casa grandiosa na margem do canal Oudezijds
Voorburgwal, onde também comprou duas propriedades adjacentes. Entre os anos de
1661 e 1663, Hartman supervisionou a conversão dos três andares superiores numa
igreja magnífica, escondida atrás da fachada da casa.
Como
um dos museus mais antigos de Amesterdão, fica atrás apenas do Rijksmuseum, o
Museu de Ons’ Lieve Heer op Solder permite aos visitantes uma visão reveladora
sobre a vida na Holanda no século 17.
A
visita começa com um passeio pela casa na qual Hartman viveu com a sua família
e com o padre Petrus Parmentier.
O
salão de receção resplandece com o seu design simétrico e móveis ornados, um
teto com painéis e um brasão por cima da lareira. Duas cozinhas são decoradas
com azulejos, e as salas de estar estão mobiladas com réplicas dos
tecidos que pendiam das paredes para conservar o calor.
A
igreja no sótão mantém-se próxima da sua condição original. Ela é
primorosamente decorada e ainda contém muitos dos artefactos preciosos, obras
de arte e detalhes do início da Era de Ouro.
Durante
vários projetos de restauração ao longo dos anos (a última obra importante foi
concluída em 2015), as paredes foram pintadas com um tom raro de rosa-escuro, extraído
e recriado a partir da cor original através de investigações científicas.
A
cor chama-se ‘caput mortuum’, que significa ‘cabeça morta’. Uma pintura extremamente
elaborada de Jacob de Wit forma a decoração do altar por cima do púlpito, e a
instalação elétrica original foi substituída por lâmpadas elétricas.
Os
fiéis da igreja vinham de todos os lugares da cidade para assistir à missa,
celebrada pelo padre Petrus Parmentier, que morava na casa com a família de
Hartman, e também para visitar o padre no confessionário, obtendo assim perdão
para os seus pecados.
Curiosamente,
quando o governo protestante descobriu o Museu de Ons’ Lieve Heer op Solder
escondido atrás da casa de Hartman, a sua resposta foi impôr uma política que criou
espaço para que outras religiões não ligadas ao protestantismo aparecessem em
cena.
Estas
medidas abriram caminho para as atitudes de liberdade religiosa que a Holanda ainda
hoje exibe.
O
museu também oferece um programa variado de exposições baseadas nos temas
tolerância e diversidade, que estão disponíveis na parte final da visita.
Sem
dúvida uma experiência indescritível imaginar como seria o culto e a vivência dos
fiéis naquela altura.
Para
terminar o nosso dia, continuando no tema das igrejas fomos visitar a última
igreja que constava no nosso programa.
Conhecida
como a construção e a igreja paroquial mais antiga de Amsterdam, a Oude Kerk
fica numa praça singular da cidade, na Oudekerksplein com o seu pavimento de paralelepípedos,
mesmo ao lado do canal Oudezijds Voorburgwal.
Apesar
da paisagem tipo “cartão postal”, que transporta os visitantes séculos atrás no
tempo, atualmente a Oude Kerk está de olhos postos no futuro.
Embora
aqui ainda se prestem serviços religiosos com regularidade, em 2016 o prédio tornou-se
oficialmente um museu, convidando artistas contemporâneos nacionais a expor os seus
trabalhos e a interagir com o espaço histórico.
Uma
curiosidade é o facto da Oude Kerk (literalmente, a ‘Igreja Antiga’) ficar mesmo
no centro do Distrito da Luz Vermelha de Amsterdam. Este facto levou a que brincássemos
com o facto de os fiéis poderem pecar e logo de seguida conseguir o perdão! e também
dizermos que pecadores não lhe devem faltar!
A sua origem humilde remonta aproximadamente ao ano de 1213, quando foi construída como uma capela de madeira no local onde o Rio Amstel desaguava no Rio IJ. Naquela época, a igreja tinha uma grande importância para os marinheiros e pescadores predominantes na área.
Em
1306, a igreja foi oficialmente dedicada a São Nicolau, o santo padroeiro dos
pescadores, marinheiros e mercadores. Nos séculos subsequentes, a construção
evoluiu até se tornar o monumento grandioso que se vê atualmente.
Foi
ampliada para criar o conhecido formato de cruz, enquanto a sua torre
principal, que possui 4 sinos e um carrilhão de 47 peças, foi elevada e
reformulada várias vezes.
Durante
sua existência, a igreja abrigou os primeiros católicos e depois os Calvinistas, presenciou revoltas civis, foi destruída por multidões e
danificada por incêndios, mas continuou a ser uma parte essencial da vida dos
cidadãos de Amesterdão por mais 800 anos.
Existem
cerca de 2.500 túmulos na igreja (e cerca de 10.000 corpos lá enterrados) e os
restos mortais de todo o tipo de pessoas, de almirantes a governadores, de
poetas a compositores.
Se
olharmos em qualquer direção dentro da igreja veremos artefactos de várias
épocas, todos com uma história para contar.
As
pedras pesadas no chão marcam túmulos de momentos cruciais da história de Amesterdão,
as luzes coloridas transpassam os grandes vitrais, muitos dos quais datam dos
séculos 15 e 16.
Ainda
há navios em miniatura pendurados pelas paredes, em comemoração à sua época de
igreja do porto.
E
se erguer-mos os olhos para o teto, uma abóbada de madeira revela resquícios de
pinturas medievais. Os órgãos de tubo majestosos e ornamentados da igreja são
um espetáculo por si só, ainda enchendo a igreja de música durante os recitais.
Mais
uma vez aproveitamos o guia em português para aproveitar mais em pormenor a
nossa visita a esta igreja.
Uma
vez no exterior da igreja, fomos brindados com uma chuva mais intensa que
desaconselhava qualquer passeio adicional pela cidade.
Optamos
então por regressar ao hotel onde ficamos na conversa e tivemos oportunidade
para experimentar uma das bebidas típicas da Holanda: o jenever!
O
jenever, ou gim holandês, é provavelmente a bebida alcoólica holandesa mais
conhecida. Originalmente, era um vinho de malte ao qual se adicionavam extratos
de frutos de junípero. No entanto, desde o final do século XIX, os produtores
têm adicionado ao vinho álcool etílico neutro. Praticamente todos os bares na
Holanda o vendem como jonge jenever (jovem) ou oude jenever (maduro). Embora o
consumo de jenever venha diminuindo gradualmente, ainda é de longe a bebida
destilada mais popular da Holanda.
Ficamos
por ali até ao jantar, mais uma vez no restaurante ao lado do hotel, já
conhecido destas páginas.
As
escolhas não variaram muito, mas a conta desta vez foi um pouco mais elevada
pois as escolhas foram mais caras. Cerca de 60€ por casal!
No
final do jantar eram horas de voltar a preparar as malas pois regressaríamos a
casa no dia seguinte.
Até
amanha, para o nosso regresso!
Sem comentários:
Enviar um comentário