quarta-feira, 29 de julho de 2015

Viagem Medieval Santa Maria Feira - 29 Julho 2015



29 Julho 2015 - Viagem Medieval em Santa Maria da Feira

Aproveitando uma frase que li à alguns dias atrás, dizer que em Portugal, por estes dias existe uma cidade, com um castelo altaneiro, monumentos históricos, rios (apesar de serem de brincar!), espaços culturais, pessoas e momentos que revivem a história.


Tudo isto para dizer que em Santa Maria da Feira ocorre mais uma Viagem Medieval, a 19ª edição desta que é a maior recriação histórica da península ibérica.

Sendo este espaço um "diário" de viagens, não caberia dentro do mesmo uma visita a este evento, já que o mesmo se realiza, literalmente, às portas da minha casa. Não queria, no entanto deixar de dar o meu contributo para a divulgação do evento e ao mesmo tempo dar uma ajuda a quem pretende visitar a minha cidade e este evento em particular. Mas como fazer isso sem desvirtuar o espírito do blogue? Analisadas as opções, a melhor forma é compilar numa visita "imaginária" as minhas diversas incursões pelo recinto da viagem, localizado no centro da cidade, essencialmente na zona envolvente ao castelo. As fotos também resultam de varias visitas à Viagem Medieval, inclusivé algumas em edições anteriores!

A temática é sempre a mesma todos os anos, mas anualmente é escolhido um contexto ou episodio histórico para recriar. Este ano de 2015, a ação centra-se em D. Afonso III, Rei de Portugal e do Algarve.

Segundo o que consta na pagina oficial na internet do evento, o contexto histórico era o seguinte:

"Enquanto filho segundo, o jovem Afonso, sem pretensões ao trono, decide viver na corte de sua tia D. Branca, em França, colocando-se ao serviço do primo Luís IX. Adquire o título de conde, pelo casamento com Matilde de Bolonha, e transforma-se num grande cavaleiro e num verdadeiro senhor feudal.

Em 1246, o reino português encontra-se em completa anarquia, obrigando a Santa Sé a intervir. O papa retira a governação a D. Sancho II e nomeia governador e defensor do reino o seu irmão, conde de Bolonha que recebe a coroa em 1248, após a morte do rei.

A vontade de D. Afonso III, o Bolonhês, é desde cedo, muito clara, no que respeita à expulsão dos infiéis do território, à reposição da ordem pública e social e à administração do reino.

Aplacados os conflitos, D. Afonso III investe na conquista do Algarve e com alguma facilidade expulsa os mouros do território. Mais difíceis seriam as batalhas políticas e diplomáticas travadas com seu primo, Afonso X de Castela, que só terminam em 1267 com a assinatura do Tratado de Badajoz, reconhecendo a D. Afonso III o domínio de todo o Algarve.

É a partir de 1268 que D. Afonso III se intitula Rei de Portugal e do Algarve.

Em termos de política interna, toma uma série de medidas que vão reforçar a autoridade régia e favorecer o caminho para a centralização do poder e a consolidação da monarquia feudal. Promulga em 1251, o primeiro decreto régio contra roubos e violências, protege a atividade mercantil e manda fazer inquirições por todo o reino. Em 1254, convoca as Cortes, chamando pela primeira vez os representantes dos concelhos, pois entende que as ordenações para serem recebidas por todos, também devem ser deliberadas por todos, os do Conselho: “faz tudo com conselho e nunca te arrependerás”.

É também um homem das artes que absorveu o que de melhor se fazia na corte de França, fazendo da sua corte um centro cultural de relevo, estimulando a produção da canção trovadoresca e fomentando os romances de cavalaria.

Nos últimos anos da sua vida, apesar de doente, resiste aos dissabores fomentados pelos seus bispos, tendo a virtude de partilhar a administração do reino com o seu sucessor e primogénito, o futuro rei D. Dinis."

Feito o enquadramento histórico, vamos começar então a nossa visita à cidade de Santa Maria da Feira, que fica separada do Porto cerca de 30kms e cerca de 286kms da nossa capital, Lisboa.

A cidade encontra-se bem servida por ligações viárias, pois tanto a A21 como a A29 têm saídas às portas da cidade.

A cidade possui também uma estação de comboio mas não aconselho ninguém a usar a linha do Vouga para chegar à cidade. Além de poucos comboios, os mesmos não são nada confortáveis.
Poderão ser consultadas mais informações sobre como chegar, aqui.
Escolhida a forma de chegar à cidade, encontrado o estacionamento para o carro, se for esse o caso, vamos aceder ao recinto por uma das seis entradas no recinto, onde em cada uma delas podemos encontrar uma bilheteira.


O acesso ao recinto é pago, o bilhete diário custa 2€ durante a semana e 3€ para uma entrada ao fim de semana. Existe também uma pulseira com um custo de 5€, ao jeito dos festivais de musica que permitem o acesso ilimitado durante todo o evento.

 
O controlo de entradas realiza-se de seg. a sex. das 15h00 às 01h00 e sáb. e dom. das 12h00 às 01h00. Para quem quiser evitar o pagamento da entrada é uma boa opção entrar no recinto antes das 15:00h e dessa forma poderá circular livremente o resto do tempo sem pagar qualquer bilhete de entrada. As crianças até aos 1,30 mts de altura estão isentas de pagamento.

Optamos por entrar pelo pórtico mais próximo da Camara Municipal, pelo que rapidamente estávamos junto à mesma e ai pudemos começar a sentir, literalmente, o cheiro da Viagem Medieval, sim porque português que se preze não descura a alimentação e as áreas da alimentação, ou das tascas, ocupam seguramente a maior parte de todo o recinto, com o porco no espeto e a sangria no topo da lista de vendas.

  
Fomos descendo em direção à Igreja Matriz onde regularmente ocorrem alguns espetáculos específicos. Como durante a nossa visita nada estava a acontecer subimos a rua em frente em direção ao castelo.


Pelo caminho pudemos encontrar um conjunto enorme de barraquinhas vendendo de tudo um pouco, desde espadas, escudos, velas cheiro, a cartomantes e afins! Quem sabe uma boa oportunidade para saber o que o futuro nos reserva!

  
Nesta zona fica localizado o espaço denominado de "pequenos guerreiros", que é nada mais nada menos que o espaço infantil da viagem medieval, onde os mais pequenos podem experimentar um conjunto de atividades, umas mais radicais que outras, mas seguramente qualquer uma delas fara as delicias da pequenada. Este espaço está aberto entre as 15:00h e as 23:00h, é gratuito e destina-se aos guerreiros até aos 10 anos de idade.
 

Logo de seguida passamos pelos "banhos são jorge", a experiência spa da viagem medieval. É um espaço de relaxamento aberto entre as 15:00h e as 00:00h. Tem um custo de 2,5€/adulto (criança dos 4 aos 10 anos, 1€) e inclui um banho pulverizado nas pernas, chá e repouso ao som de melodias de harpa.

Chegamos por fim ao castelo d'el rei d' afonso, após uma subida que nos deixou com alguma falta de ar. Na hora que chegamos o local estava quase vazio pois não estava a decorrer nenhuma das muitas atividades programadas para este local.

  
Não entramos no castelo, pois já o fizemos por diversas vezes e como as visitas são pagas achamos que não valeria a pena pagar os 3€ para ver algo que já vimos imensas vezes. Aconselho, no entanto a visita a quem não conhece pois acho que este castelo tem algo de místico, a sua forma diferente dos que conhecemos pelo nosso pais, o seu papel na nossa historia, que divide os especialistas, tudo isto me fascina e é um dos nossos locais de eleição para tirar fotos.

  
Após alguns minutos de admiração dos tons coloridos que vestiam o castelo, decidimos descer a colina por um caminho interior que nos trouxe até ao "lago dos feitiços", mais um espaço que nos leva a uma realidade sem explicação à luz da sabedoria humana.


Descendo um pouco mais e viemos dar à praça da igreja, onde se localizam os restaurantes de "faca e garfo", pois apenas neste local temos possibilidade de sentar e jantar uma refeição completa. Chamo à atenção para os preços algo elevados face a uma qualidade que fica aquém do esperado, pelo menos na minha opinião!





Nesta praça também existem um sem numero de barraquinhas que vendem algumas das melhores amostras de doçaria conventual, da região e não só, como sejam as rabanadas, o pão de ló de Ovar.
A ginjinha de Óbidos e  o hidromel também estão presentes na viagem medieval desde as primeiras edições.

Um autentico pesadelo para a dieta...

Passando a ponte sobre o rio Cáster, acedemos aquela que é a zona mais movimentada da viagem medieval, a praça onde se concentram a maioria das tascas, onde normalmente venho "jantar" nas minhas vistas à viagem medieval. O menu é o mesmo desde há muitos anos, uma sandes de porco no espeto, umas papas sarrabulho e um copo de sangria!


Tenho de confessar aqui publicamente, uma opinião que tenho sobre a maioria dos visitantes da viagem medieval. Acho que muitos dos visitantes não vêm pelos espaços temáticos, limitam-se a dar uma voltinha pelas zonas "comerciais" do recinto e depois assentam arraiais na zona da alimentação e como tratam duma das doenças mais graves que podemos ter, a barriga vazia!!! Sinceramente espero estar enganado...

Ladeando a zona da alimentação, temos algumas das áreas mais permanentes do recinto. Neste local está instalado o acampamento dos cavaleiros, o povoado, as ordens militares, a estrebaria e granja dos animais, onde podemos apreciar alguns animais que existiriam nas quintas medievais.


A nossa saída do recinto foi junto ao local onde decorrem espectáculos diários pagos, na liça podemos assistira a torneios medievais e ao "unicórnio", um dos espectáculos mais tardios, pois decorre diariamente às 00:15h, com um custo de 4€ para uma duração de 45 min.


E assim foi a nossa primeira visita desta edição. Seguramente muito ficou por ver, ainda mais ficou por contar, mas também dessa forma fica o desafio por vir descobrir o que há para ver, apreciar e desfrutar.

Com mais ou menos tempo! Com mais ou menos interesse! Com mais ou menos vontade!...

... O importante é vir conhecer e depois fazer o próprio juízo sobre o tempo que perderam.

Até já...