18 Julho 2015 - Vila Nova Foz Côa
Como as
férias de verão nunca mais chegam e cada vez se torna mais difícil aguentar o
stress do trabalho, com a quantidade de papeis com que temos de lidar
diariamente e talvez ainda mais difícil lidar com os empresários portugueses
que acham que pelo facto de o serem tem o direito de exigir tudo o que lhes dá
na "gana", há que arranjar pequenos programas para ajudar a passar o
tempo e mais importante que isso garantir que no fim de semana não se pensa em
trabalho.
Desta vez a
convite de amigos decidimos passar um fim de semana em Vila Nova de Foz Coa,
não para ver as gravuras que já as vimos em 2005, mas sim para visitar uma
quinta de produção de vinho e depois... relaxar!
A partida
foi no sábado, dia 18 pelas 09:00h, e seguindo pela A25 até à Guarda onde
seguimos pelo IP2 em direção a Bragança. Saímos em Chãs, local do nosso ponto
de encontro com a Sónia Teixeira, da Ramos Pinto.
A visita à
Quinta e Museu de Ervamoira da Ramos Pinto situado em Vila Nova de Foz Côa teve
inicio em Chãs por volta das 11:00h, com a Sónia a apanharmos com o jipe Land
Rover cheio de pó para uma viagem por caminhos sinuosos, onde atravessamos
ribeiras, subimos e descemos montes e penedos, observamos rãs até chegarmos à
Quinta de Ervamoira. Muito obrigado pela sua disponibilidade e pela alegria que
demonstra por fazer aquilo que gosta.
Chegar ao Museu
da Quinta da Ervamoira, observar desde aquele local, relativamente elevado, a imensidão
daquela vinha não é algo que estejamos habituados a fazer diariamente. José
Ramos Pinto Rosas, o fundador da marca encontrou neste local o sitio perfeito
para no Douro criar uma vinha com todos os processos devidamente mecanizados
baixando assim os custos de produção inerente ao cultivo e produção do vinho do
douro. A Quinta de Santa Maria, assim se chamava inicialmente, posteriormente
rebatizada de Quinta de Ervamoira, devido a uma erva (a ervamoira!) existente
em grande quantidade naqueles terrenos, ou talvez devido a um romance francês
onde a autora sem conhecer a quinta imaginou uma quinta igual a esta para o
desenrolar da ação. Provavelmente foi um pouco de cada uma destas razões.
Dois anos após
a aquisição em 1974, esta tornou-se a primeira quinta da região demarcada do
Douro a ser plantada ao alto e por talhões, onde cada talhão corresponde à
plantação de uma casta diferente.
Mais tarde,
com o inicio dos trabalhos de construção da Barragem do Côa, a Quinta de
Ervamoira esteve em risco de ficar submersa.
Todavia, com
a descoberta das Gravuras de Foz Côa, os trabalhos pararam e em 1996 quando por
ordem do então recentemente eleito Governo Português foi posto um ponto final
definitivo da construção da barragem, acabaria um dos maiores pesadelos da
Ramos Pinto e seriam então plantadas as sementes de um novo projeto: a criação
de um Museu de Ervamoira, mesmo no coração da Quinta com o mesmo nome.
O museu foi
inaugurado em 1997 pelo então Ministro da Cultura, o Prof. Doutor Manuel Maria
Carrilho e com a decisão da UNESCO de elevar as gravuras do Vale do Côa à
categoria de Património da Humanidade, a Quinta de Ervamoira teve o privilégio
de se converter na primeira quinta vinhateira a usufruir do título de
Património da Humanidade.
Em 1985,
foram descobertos na Quinta de Ervamoira vestígios de um antigo povoamento
romano e medieval. Todos os anos no verão equipas de estudantes de arqueologia
vinham descobrir um pouco mais os achados naquela que foi uma granja agrícola
que terá tido o seu apogeu no século IV dC, tendo sido ocupada depois no
período visigótico e na Idade Média.
Os amigos
que nos acompanharam fizeram parte desse lote de estudantes, pelo que têm uma
relação especial com a Quinta, pelo que ficamos para almoçar num
"telheiro" junto à entrada do museu. Que vista e que local fantástico
para se almoçar! Ficamos sem palavras com o "postal" fotográfico que
nos era proporcionado. Pena as fotos serem do meu Iphone pois esqueci-me das
maquinas fotográficas em casa e foi necessário improvisar.
O final da
visita ao museu ficou marcado pela prova de um vinho do Porto, não sei precisar
qual, apenas sei que se tratava de um branco, já quase rubi pelo envelhecimento
de 8 anos em casco.
Efetivamente
a cor do vinho fazia jus ao seu sabor por estava muito bom e juntamente com os
figos secos dava inicio ao festim gastronómico, em que a comida era um
ingrediente secundário tal a qualidade dos vinhos provados. Importantíssimo
nesta equação os conhecimentos enólogos da Sónia e do nosso amigo Paulo.
A comida foi
um pernil assado com batata também assada, devidamente regado com um Duas
Quintas, fresco pois as altas temperaturas o recomendavam. Curiosamente
confirmando uma ideia que tinha gostei mais do vinho fresco que à temperatura
ambiente como sempre aprendi que se devia beber o vinho maduro. Está bom de ver
que agora em nossa casa o vinho maduro tinto é servido ... fresco!
Para
sobremesa, um gelado de figos e outro de amêndoas, ambos feitos na propria
quinta (e como estavam deliciosos!) devidamente acompanhados por um vinho do Porto,
desta vez com 30 anos! Pena a bateria do telemóvel ter-se apagado não
permitindo o registo fotográfico do momento, mas acho que já consegui captar a
atenção só pela descrição.
Para
terminar, falta falar sobre o custo da visita e do almoço. Pagamos 35€, com as
bebidas incluídas. O valor correto era um pouco maior mas os serviços prestados
pelos nossos amigos valeram um valente desconto no preço a pagar!
Às 16:00h a
Sónia tinha outra visita pelo que regressamos ao local onde deixamos o carro,
para dai partirmos até à Quinta Chão d' Ordem, uma quinta de agro turismo, que
fica na Estrada Nacional nº 102, a caminho de Vila Nova de Foz Côa, mas ainda
no concelho de Meda.
A Quinta do Chão d’Ordem, integra-se num tipo
de paisagem onde a placidez da Beira se casa com a dignidade do Alto-Douro,
qualidades naturais que já os Cavaleiros Templários e depois os da Ordem de
Cristo aqui souberam descobrir e apreciar.
Os
Cavaleiros do Templo e depois os da Ordem de Cristo, cansados dos trabalhos da
Presúria, procuravam ambientes acolhedores e silenciosos.
Nos nossos
dias, com um tipo de vida não menos desgastante e cada vez mais complicado, é
uma necessidade usufruir de lugares como este, onde se pode viver ao ritmo
tranquilo da Natureza.
A Quinta do
Chão d’ Ordem, é uma dádiva do Céu, um ambiente repousante e relaxante. E para
que a serenidade seja um estado de alma, o cenário, simples, acolhedor rodeado
de vinhas e de animais domésticos, sejam galinhas, patos, perus, até um pónei
lá existe, definitivamente tudo está a condizer!
Quando
chegamos encontramos os quartos já preparados com a porta aberta sem
necessidade de identificação, pré pagamentos, check-in, etc. Para nós foi uma
surpresa pois não estamos habituados a este ambiente descontraído. Mais
surpreso ficámos quando perguntamos o horário do pequeno almoço e nos
responderam que poderia ser à hora que quiséssemos pois o mesmo estava sempre
pronto a ser servido até às 12:00h.
O calor era
imenso e a piscina chamava por nós, e apenas demoramos o tempo suficiente a
tirar a roupa, vestir os calções e mergulhar de cabeça na piscina que nos
esperava!
Para
surpresa nossa a agua não estava tão quente como esperávamos, mas após o
primeiro mergulho mais ninguém se lembrou disso e ficamos na brincadeira até às
19:00h com a piscina quase em exclusivo para nós, pois apenas um casal de
franceses se atreveu a entrar na piscina com as nossas filhas a revolucionarem
o ambiente tal a quantidade de agua que faziam saltar da piscina a cada mergulho
dado.
Ainda
tentamos convencer a dona da quinta a servir-nos o jantar, mas face à
impossibilidade da senhora aconselhou-nos o Foz Caffé à entrada de Vila Nova de
Foz Côa.
Como as
criticas no Trip Advisor ao restaurante não eram más, lá fomos experimentar o
local. Pedimos
bifes, todos eles servidos em doses individuais e a qualidade foi mediana.
Pelo preço
pago, cerca de 72€ para 4 adultos e 4 crianças (que partilharam refeição com os
adultos!) achamos um pouco caro, mas nada de muito gravoso.
Não deixo de
recomendar o restaurante por este facto, mas como poderão verificar quando
comparar-mos com o almoço de domingo, a qualidade da refeição não justificou o
preço pago.
O dia
terminou com um passeio pedonal pelo centro histórico de Vila Nova de Foz Côa,
principalmente para queimar algumas calorias das muitas ingeridas durante o
dia.
A noite não
foi fácil devido ao calor que se fazia sentir e perante a impossibilidade de
ligar o aparelho de ar condicionado devido à tosse com que a Sofia estava.
Senti-me como se estivesse a dormir numa sauna!
Por pouco
ter dormido acordei cedo e às 08:30h estava com as miúdas a tomar o pequeno
almoço com a intenção de passar o resto da manha na piscina.
A variedade
de oferta no pequeno almoço era razoável e sabendo que não é fácil gerir o
pequeno almoço em hotéis que não têm muitos quartos ainda tenho de dar uma nota
mais positiva à Quinta Chão d' Ordem.
O tempo foi
passando e as minhas filhas não terminavam o pequeno almoço. Com tanta demora
apenas por volta das 10:30h conseguimos estar na piscina a aproveitar os
últimos mergulhos.
Saímos da
quinta já depois das 12:20h pagando apenas à saída os 60€ por quarto que
devíamos.
Avaliação
Localização: 6/10
Acessibilidade: 8/10
Funcionários: 9/10
Limpeza: 7/10
Conforto: 7/10
Design/Decoração: 6/10
Pequeno-Almoço: 7/10
Relação Qualidade-Preço: 7/10
Como eram
horas de regressar a casa decidimos regressar por outro caminho pelo que
rumamos em direção a Torre de Moncorvo onde decorria o festival das migas de
peixe. No entanto decidimos almoçar um pouco mais tarde e rumamos à Barragem do
Sabor para admirar aquela obra de engenharia, na qual os nossos amigos também
participaram na vertente ambiental.
O
restaurante escolhido para o almoço foi o Restaurante Artur, em Carviçais,
Bragança. Confesso que desconhecia este restaurante famoso pela sua posta
mirandesa e sendo regularmente visitado por figuras famosas do nosso país.
Fizemos o
percurso de cerca de 20kms entre a barragem e o restaurante e no meio do nada
lá apareceu o restaurante junto à estrada. Se não fosse sugestão dos nossos
amigos que já o conheciam anteriormente nunca teria parado naquele local pois o
exterior apesar de ter bom aspeto não é um local que chame muito à atenção.
Quanto à
comida, lá pedimos posta para 4 pessoas, vinho da casa e fomos brindados com
duas travessas enormes cheias de comida.
Não sei se
devido ao calor, mas todos ficámos com a sensação que iria sobrar muita comida
o que realmente veio a acontecer, mesmo fazendo um esforço por comer um pouco
mais do que devíamos ajudados por um vinho da casa, fresquinho mas que teria de
ser consumido com moderação devido à viagem de regresso.
A conta
final foram 66€, ou seja, mais barato que o jantar do dia anterior e com muito
mais qualidade e quantidade.
Um local a
experimentar para quem andar por estes lados e quiser experimentar uma bela
posta de vitela.
Regressamos
a casa por Vila Real onde apanhamos um IP4 com muito transito até ao Porto e
estava terminado o nosso fim de semana em Vila Nova de Foz Côa.
Um fim de
semana diferente, num local onde não conseguiríamos ficar muito tempo por não
haver muita coisa com que ocupar o tempo. Claro que estes gostos são relativos
e seguramente haverá pessoas capazes de ficar por estes lados imenso tempo!
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