30.07 a 02 de julho de 2004 - Rússia - Moscovo
Após uma
noite passada em viagem eis-nos finalmente chegados à capital deste pais
imenso.
Em Moscovo o
nosso programa não foi tão intenso e tão rigoroso pois a intenção da agencia na
programação da viagem foi privilegiar o tempo livre para cada um descobrir a
cidade ao seu ritmo e mediante os seus gostos.
Assim que
chegamos a Moscovo tratamos logo de deixar as malas no hotel que nos alojaria
em Moscovo, o Hotel Rossiya, ou Гостиница «Россия», em russo.
Com uma
qualidade muito mais aceitável que o hotel onde ficamos alojados em São Petersburgo,
a este já podemos chamar hotel. Foi um grande hotel internacional cinco
estrelas construído em Moscovo entre 1964 até 1967 por ordem do governo
soviético. Era por isso um hotel do regime onde ficavam alojados altos quadros
do partido comunista soviético bem como convidados internacionais.
Para a sua
construção foram demolidas grandes porções do bairro histórico, conhecido como
Zaryadye, na década de 40. Este registado no Guinness como o maior hotel do
mundo, até ter sido foi ultrapassado pelo Excalibur, em Las Vegas, no Nevada em
1990. Permaneceu, no entanto como o maior hotel na Europa até ao seu
encerramento de 2006.
O hotel
tinha 21 andares com 3.200 quartos, 245 suites, um posto de correios, um health
club, uma discoteca, um cinema e uma barbearia, um posto da polícia com celas
de prisão, etc
O hotel fica
situado muito perto da Praça Vermelha e das suas janelas podem ser admiradas as
paredes do Kremlin e as cúpulas da Catedral de São Basílio.
O Hotel Rossiya
fechou oficialmente as suas portas a 1 de Janeiro de 2006. A demolição do
edifício começou em março de 2006 para ai ser construído um complexo de diversão
e lazer onde se inclui um novo hotel, mais moderno e mais pequeno.
Decidimos
explorar a cidade e fomos caminhando de praça em praça com a ajuda, uma vez
mais, do guia da American Express.
A Praça
Vermelha captou logo a nossa atenção tal o tamanho da praça. Já todos tínhamos
visto na televisão os desfiles militares que ocorrem regularmente naquele
local, mas acho que nenhum de nós tinha ideia da real dimensão do espaço.
A Praça
Vermelha (Красная площадь, Krasnaya ploshchad) é a mais famosa praça de Moscovo.
A praça separa a cidadela real, conhecida como Kremlin, do bairro histórico de
Kitay-gorod.
Como muitas
das grandes ruas de Moscovo têm o seu inicio nesta praça, prolongando-se em estradas
para fora dos limites da cidade, a Praça Vermelha pode ser considerada como a
praça central de Moscovo e inclusive de toda a Rússia.
Ao contrario
do que muita gente pensa, o nome de Praça Vermelha não é devido à cor dos
tijolos em seu redor, nem da associação da cor vermelha ao comunismo; na
verdade, o nome surgiu porque a palavra russa красная (krasnaya) pode
significar tanto "vermelho" como "bonito" e pensa-se que a palavra
tenha sido empregada originalmente (com o sentido de "bonito") à
Catedral de São Basílio, e que por força do habito foi mais tarde transferida para
a praça adjacente.
Nesta praça
fica também localizado o Mausoléu de Lenine, um local de ambiente controlado localizado
na Praça Vermelha, onde está guardado e exposto o corpo do líder e fundador da
União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, Vladimir Ilitch Ulianov.
A construção
consiste num salão coberto por cinco blocos em formato piramidal e cercado por
um balcão que pode ser acedido por duas escadas ao lado de um portão, e que por
sua vez dá acesso a uma tribuna.
O mausoléu esta
decorado com as cores vermelha e preta, representando o sangue e o luto,
respetivamente.
Assim como o
Túmulo do Soldado Desconhecido, o local é constantemente vigiado pelo batalhão
presidencial, estando , no entanto aberto a visitas.
Ao lado da
praça fica localizado, um centro comercial que foi talvez a primeira
aproximação da cultura comunista soviética ao ocidente, o Centro Comercial Gum.
O centro
comercial está aberto desde antes da Revolução Russa no edifício que alberga cerca
de 1.200 lojas. O centro comercial GUM foi, mais tarde, nacionalizado e
continuou a funcionar como tal até que Estaline decidiu que ali ficariam os escritórios
de parte do seu governo. Contudo a morte da sua esposa Nadezhda Alilúyeva, fez
com que o líder russo tinha mudado de ideias e usou o edifício como mausoléu
para a sua esposa.
Mais tarde,
em 1953, o Estado russo retomou o seu uso como lojas comerciais tendo-se
mantido na posse do estado até à dissolução da União Soviética. Nessa altura, o
GUM foi privatizado, tornando-se uma propriedade de Bosco Ciliegi, um proprietário
russo de boutiques.
O nome
manteve-se até aos dias de hoje, significando atualmente "Great Universal
Stores"
É atualmente
um destino muito popular entre turistas estrangeiros que visitam Moscovo.
Muitas lojas são de grandes marcas internacionais que ai vendem os seus
produtos de luxo, na maioria dos casos apenas acessíveis à elite da "societé"
russa.
Desde a
praça passando pelo Museu Histórico do Estado fomos até uma nova praça, mais
pequena onde se localiza um centro comercial subterrâneo, que não visitamos,
mas passamos muito tempo na superfície já que sendo um local agradável para
estar não tinha as questões de segurança relacionadas com a Praça Vermelha, de
onde inclusive fomos expulsos um dia por estarmos a cantar os parabéns a uma
amiga.
Continuando
o nosso caminho fomos até ao Teatro Bolshoi, onde não podemos entrar pois o
mesmo estava fechado para férias.
Aproveitamos para tirar fotos a tudo o que íamos vendo desde a antiga sede do KGB, aos diversos hotéis existentes na cidade.
Aproveitamos para tirar fotos a tudo o que íamos vendo desde a antiga sede do KGB, aos diversos hotéis existentes na cidade.
Por sugestão
de alguém do grupo fomos também visitar a Casa-Museu Gorky (Ryabushinsky
Mansion), uma fascinante mansão construída em 1906 em art-nouveau e projetada
por Fyodor Shekhtel e propriedade do célebre autor Maxim Gorky.
A casa é uma
fantasia visual com portas esculpidas, murais no teto, vitrais, uma fantástica pedra
esculpida na escadaria exterior e azulejos fabulosos. Além de todos estes
atrativos ainda existem na casa muitos dos objetos pessoais de Gorky, incluindo
a sua extensa biblioteca.
Uma das
principais atrações de Moscovo é o Kremlin, uma fortaleza situada no centro da
cidade e que serve de sede do governo da Rússia. Ocupa cerca de 30 hectares e
contém vários monumentos no seu interior altamente vigiado pela policia
enquanto efetuamos a visita. A simples saída do passeio para tirar uma foto
implicava logo uma chamada de atenção por parte da policia e a ameaça de
expulsão em caso de reincidência.
A muralha do
Kremlin conta com 20 torres, das quais a principal é a Torre do Salvador (ou
Torre Spasskaya), seguindo-se no sentido dos ponteiros do relógio, as torres do
Senado, São Nicolau, Arsenal do Canto, Arsenal do Meio, Trindade, Comandante,
Armaria, Borovitskaya, Água, Anunciação, Segredo, duas torres sem nome,
Beklemishev, São Constantino e Santa Helena, Alarme e finalmente a Torre do
Czar. Em frente à Torre da Trindade, no exterior do Kremlin, situa-se ainda a
Torre Kutafya.
No interior
do Kremlin situam-se vários palácios e igrejas, algumas são autenticos tesouros
escondidos. Os mais importantes são:
* Palácio
das Facetas
* Palácio
dos Terems
* Grande
Palácio do Kremlin - construído entre 1839 e 1849 como residência dos
imperadores russos
* Palácio do
Arsenal do Kremlin
* Palácio
Estatal do Kremlin (antigo Palácio dos Congressos) - construído entre 1961
* Palácio de
Entretenimento
* Igreja da
Deposição das Vestes - construída entre 1484 e 1488, contém várias pinturas de
estilo russo
* Catedral
da Assunção, na Praça das Catedrais - construída entre 1475 e 1479 pelo arquiteto
Aristotle Fioravante, era a catedral do estado da Rússia; é uma combinação
entre o estilo russo e o estilo renascentista italiano.
* Igreja de
Ivan, o Grande - construída entre 1505 e 1508 pelo arquiteto Bon Fryazin, tem
um sino de 200 toneladas; em 1600, a torre é elevada até uma altura de 81
metros;
* Catedral
da Anunciação, na Praça das Catedrais - construída entre 1484 e 1489, era a
catedral privada dos czares;
* Catedral
do Arcanjo São Miguel - construída entre 1505 e 1508, estão aqui enterrados
vários príncipes e czares.
Para
finalizar as atrações que visitamos na cidade de Moscovo falta-nos falar de uma
das mais conhecidas. É do domínio publico que as estações do metro em Moscovo
são lindíssimas, muito mais que as de São Petersburgo.
O Metro de
Moscovo é conhecido como o Palácio Subterrâneo, devido precisamente À sua
beleza.
Inaugurado
na era de Estaline, em 1935, sendo o maior do mundo por densidade de
passageiros, transporta por volta de 3.341.500.000 pessoas por ano e cerca de
9,2 milhões de pessoas por dia.
Utilizando
os mais variados matérias, vindos de toda a União Soviética, Estaline mandou
construir um sistema de transporte de que o povo pudesse orgulhar-se. Até
existe quem diga que terá dito que os palácios eram para a nobreza e as
estações do metro eram para o povo.
Entrar numa
estação de metro é como quem entra para um palácio. O seu aspeto imperial
convida à admiração e à contemplação.
Com 188
estações, mais de 313 km de comprimento e com uma profundidade que chega aos 84
metros em algumas estações, o metropolitano de Moscovo encetou um
desenvolvimento grande e progressivo desde a sua abertura, em 1935, ao modo da
cultura soviética e com um rasto de imperialismo pelos extensos quilómetros a
partir de Moscovo, a capital russa e antiga capital da U.R.S.S., para as
diversas direções.
Faz parte do
conjunto de metropolitanos mais antigos do mundo e permanece sendo o terceiro
metropolitano mais usado pelos passageiros, logo a seguir ao metro de Tóquio e
ao metro de Seul.
Os primeiros
planos de construção de uma rede metropolitana remontam, na prática, ao período
pós-I Guerra Mundial, pós-Revolução Russa e pós-Guerra Civil e os primeiros
estudos datam dos anos 20 do século passado até ao início dos anos 30.
No entanto, uma
construção desta envergadura começou a ser pensada nos tempos do Império Russo
e o sentido do grandioso e da ideologia nunca deixaram de estar patentes. A
exposição e a promoção de temas socialistas por entre o espaço público,
juntamente com demonstrações de grandeza, do culto do chefe e da força a partir
da desejável, sempre desejável, unidade política e cultural do país, pretendia
um discurso de um país a uma só voz: a de Joseph Estaline.
Quanto mais
tempo o mesmo regime político durasse, mais oportunidades poderia ter de criar
e de manter, para a posteridade, novas correntes identitárias junto da
sociedade civil, com as quais o regime se identificasse. É sabido que o metro
de Moscovo serve para transportar, mas a sua grandiosidade interior não reflete
apenas um sinal da cultura de agora mas, sim, da cultura que se queria que
viesse.
Só nos falta
relatar o regresso a Portugal, novamente via Frankfurt numa viagem atribulada
face à turbulência que apanhamos entre Moscovo e a Alemanha e a um avião
avariado no regresso ao Porto, onde chegamos já a noite ia adiantada.
Muita coisa
ficou por ver neste imenso pais, cheio de riquezas e com uma cultura
sui-generis com a qual por vezes não é fácil de lidar, seja por pura
incapacidade, ou mais grave por incompreensão.
Certamente também
terá ficado muita coisa por contar, efeito do tempo passado e da memória que
retém o mais importante mas esquece os detalhes e é precisamente nestes que
está a diferença.
Até já
naquela viagem...
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