26, 27 de julho de 2004 - Rússia - São Petersburgo
Como sabem
este blog foi pensado e criado em 2012 por ocasião da nossa visita ao Dubai. Tal
como referi na altura enquanto pesquisava informação na net para a preparação
da referida visita deparei-me com um blog de um viajante e aventureiro
espanhol, Jamakukoviajero de nickname,
blog que ainda hoje sigo religiosamente, além de muita informação útil, também
por o considerar um pouco como um "pai vocacional".
Achei a
ideia muito boa e coloquei mãos ao trabalho e o resultado e este que aqui vêm.
Bom ou mau, isso já depende da opinião (e exigências!) de cada um, mas pelo
menos no que a mim diz respeito tem cumprido a missão para o que foi idealizado,
isto é, servir como um diário onde vou colocando o que vou conhecendo e as
experiências que vou usufruindo.
Esta
introdução justifica-se pois tinha que decidir o que fazer com toda a
informação que possuía relativa às viagens efetuadas antes da criação do blog e
que não estava ainda relatada, pois já existem entradas no blog com viagens
anteriores a 2012. Simplesmente já estavam devidamente descritas em relatos
existentes no Infocruzeiros ou no Portaldasviagens. A ideia
inicial passava por não usar essa mesma informação por a mesma já estar algo desatualizada
e por não me ser possível descrever da fora habitual os passos dados, por razões óbvias.
No entanto,
em conversa com um grupo de amigos que está a preparar uma viagem à Rússia no
próximo verão, foram-me pedidos por eles alguns conselhos sobre o que visitar em
São Petersburgo e em Moscovo. Dei-lhes algumas indicações do que me lembrava e
fiquei de após pesquisa a alguns apontamentos que ainda possuo lhes transmitir
mais informação. Até que foi sugerido porque não criar um tópico dedicado a
essa viagem? Aceitei o desafio e aqui estou a tentar vence-lo! Dependendo do
resultado final decidirei o que fazer com as viagens seguintes!
Passando
então à viagem realizada, curioso, o facto de esta ter sido a minha primeira
viagem com intenção de conhecer algo novo, pois até ai as minhas viagens
limitavam-se a Algarve e Espanha, sempre com o objetivo de descansar nas
férias. Podemos dizer que foi a Rússia que semeou o vicio, que felizmente dura
até hoje!
A viagem
ocorreu nos finais de julho de 2004 e foi realizada em conjunto com um grupo de
cerca de 30 pessoas, todas da região do Porto e com vários escalões etários.
Apesar de nem todos sermos amigos já todos nos conhecíamos antes da viagem pois
foi organizada por uma escola da Maia, logo com grande parte da logística
devidamente acautelada. Uma situação a ter em conta nas viagens à Rússia já
que, pelo menos até então, uma das exigências para se ter direito a visto de
entrada na Rússia era ter uma agência local devidamente contratada.
Partimos do
Porto com a Lufthansa com destino final a São Petersburgo, com escala em
Frankfurt, onde almoçamos e ainda esperamos algumas horas pelo voo seguinte que
nos levaria até ao aeroporto Pulkovo em São Petersburgo, o segundo mais
importante da Rússia.
Esta foi a
primeira vez que tive noção do tamanho do aeroporto de Frankfurt face à
distancia que tivemos de caminhar até à porta de embarque. Numa das viagens
demoramos cerca de 45min entre portas. Aquilo é mesmo gigantesco!
Face à
distancia a percorrer, aos tempos de esperar aquando das escalas e às três
horas mais face a Portugal, saímos do Porto de manha e já chegamos a São
Petersburgo ao final da noite.
Para juntar
à hora tardia ainda tivemos que lidar com a burocracia russa que funcionando
como se ainda estivéssemos no séc. XIX tornavam o controlo de passaportes um
verdadeiro suplicio. O som do carimbo a colocar a autorização de entrada no
passaporte devia ser ouvido em todo o terminal, tal o estrondo que aquilo
fazia.
Quando
finalmente nos libertamos do aeroporto iniciamos a nossa aventura russa, e logo
de que forma, mas primeiro vamos saber alguma coisa sobre a Federação Russa, o
maior pais do mundo. Rússia (em russo: Россия, Rossíya, pronunciado:
[rɐˈsʲijə], oficialmente Federação Russa (em russo: Российская Федерация,
Rossiyskaya Federatsiya, pronunciado: [rɐˈsʲijskəjə fʲɪdʲɪˈratsɨjə] é um país
localizado no norte da Euroásia. Com 17 075 400 de quilómetros quadrados, a
Rússia é o país com maior área do planeta, cobrindo mais de um nono da área terrestre.
É também o nono país mais populoso, com 142 milhões de habitantes. Faz
fronteira com os seguintes países, de noroeste para sudeste: Noruega,
Finlândia, Estónia, Letónia, Lituânia e Polónia (ambas através do enclave de
Kaliningrado), Bielorrússia, Ucrânia, Geórgia, Azerbaijão, Cazaquistão, China,
Mongólia e Coreia do Norte. Também tem fronteiras marítimas com o Japão, pelo
Mar de Okhotsk, e com os Estados Unidos, pelo Estreito de Bering.
A história
russa inicia-se com os eslavos do leste, que surgiram como um grupo étnico
reconhecido na Europa entre os séculos III e VIII. Fundada e dirigida por uma
classe nobre de guerreiros vikings e por seus descendentes, o primeiro Estado
eslavo, o Principado de Kiev, surgiu no século IX e adotou o cristianismo ortodoxo
do Império Bizantino em 988, dando início à síntese das culturas bizantina e
eslava, o que acabou por definir a cultura russa. O principado finalmente se
desintegrou e suas terras foram divididas em vários pequenos Estados feudais. O
Estado sucessor de Kiev foi Moscóvia, que serviu como a principal força no
processo de reunificação da Rússia e na luta de independência contra a Horda de
Ouro mongol. Moscóvia gradualmente reunificou os principados russos e passou a
dominar o legado cultural e político do Principado de Kiev. Por volta do século
XVIII, o país teve grande expansão territorial através da conquista, anexação e
exploração de vastas áreas, tornando-se o Império Russo, que foi o terceiro
maior império da história, se estendendo da Polônia, na Europa, até o Alasca,
na América do Norte.
O país
estabeleceu poder e influência em todo o mundo desde os tempos do Império
Russo, entre 1721 e 1917, até se tornar a maior e principal república
constituinte da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), entre 1922
e 1991, o primeiro e maior Estado socialista constitucional, reconhecido como
uma super potência que desempenhou um papel decisivo após a vitória aliada na
Segunda Guerra Mundial. A Federação Russa foi criada na sequência da dissolução
da União Soviética, em 1991, mas é reconhecida como um Estado sucessor da URSS.
A Rússia é a
oitava ou nona maior economia do mundo por PIB nominal e a sexta maior economia
do mundo em paridade do poder de compra, com o quinto maior orçamento militar
nominal e o terceiro maior em PPC. É um dos cinco Estados reconhecidos com
armas nucleares do mundo, além de possuir o maior arsenal de armas de
destruição em massa do planeta.
Já sobre São
Petersburgo, (em russo: Санкт-Петербу́рг trasl. Sankt-Peterbúrg) é uma cidade federal
da Rússia localizada às margens do rio Neva, na entrada do golfo da Finlândia,
no mar Báltico. A cidade designou-se Leninegrado de 1924 até 1991, e Petrogrado
entre 1914 e 1924. É frequentemente chamada apenas de Petersburgo e
informalmente conhecida como Peter.
Fundada pelo
czar Pedro, o Grande em 27 de maio de 1703, serviu de capital do Império Russo
por mais de duzentos anos, entre 1713 e 1728 e novamente entre 1732 e 1918. São
Petersburgo deixou de ser a capital em 1918, após a Revolução Russa de 1917.3 É
a segunda maior cidade da Rússia e, em território, a quarta maior da Europa,
atrás de Moscou, Londres e Paris. A cidade possui 5 milhões de habitantes e
mais de 6,2 milhões de pessoas vivem nos subúrbios. São Petersburgo é um dos
maiores centros culturais da Europa e um importante porto russo no Báltico.
São
Petersburgo é frequentemente descrita como a maior cidade do Oeste europeu
russo. Entre as cidades do mundo com mais de um milhão de pessoas, São
Petersburgo é a que está mais ao Norte, o que lhe originou a alcunha de cidade
boreal. O centro histórico da cidade e o grupo de monumentos constituem património mundial da UNESCO. Centro político e cultural russo por dois
séculos, a cidade é muitas vezes referida na Rússia como a capital do norte. Um
grande número de consulados estrangeiros, corporações internacionais, bancos e
outros negócios estão situados em São Petersburgo.
Voltando à
nossa aventura, e que aventura, o hotel que nos foi reservado pela agência
russa que trabalhou em conjunto com a agência portuguesa era tudo menos... um
hotel! Tratava-se apenas de um piso de um prédio de habitação com uns quartos
adaptados a hotel. Só a titulo de exemplo, eu tenho o velho habito de ir à
janela assim que entro num quarto de hotel para ver quais são as vistas do hotel.
Naquele caso, abri o cortinado e tinha uma parede com uma luz simulando luz
exterior. Surrealista mesmo! Tenho pena de não ter fotos mas naquela altura não
dava tanta importância a documentar estes momentos.
Passamos a
primeira noite em solo russo e ao acordar tivemos nova surpresa no
"hotel" (até coloco entre aspas!). No pequeno almoço apenas tínhamos
direito a um pão (com manteiga, queijo fundido ou salmão fumado!) e a uma
chávena de leite ou café. Não podíamos repetir!
Nesta altura
perdi a paciência e sai para comprar pão numa espécie de loja onde uma senhora
de idade avançada não sabia o que eu queria e eu não fazia a mínima ideia do
que ela me estava a dizer. Para resolver o assunto entrei dentro do balcão e
peguei num saco com alguns pães para espanto da senhora. Lá me escreveu num
papel quanto tinha de pagar e vim embora tratar da fome! Costumo contar este episódio aos meus amigos e acrescento que foi a única situação até hoje onde
não consegui estabelecer contacto com o interlocutor, pois normalmente nem que
seja por gestos a comunicação faz-se.
Após toda
esta confusão saímos para a primeira visita organizada, a Catedral Santo Isaac,
no centro de uma cidade que é composta por pequenas ilhas ligadas entre si por
pontes, muitas delas moveis.
A Catedral
de Santo Isaac é a maior e mais sumptuosa catedral ortodoxa de São Petersburgo.
A catedral é dedicada ao padroeiro de Pedro, o Grande, foi construída entre
1818 e 1858 em estilo predominantemente neoclássico, com a inserção de adornos
bizantinos. Antigamente, na zona do Almirantado existia uma pequena igreja de
madeira dedicada a Santo Isaac da Dalmácia, que se substituiu por outra de pedra,
que ficou destruída em meados do século XVIII, pelo que, no princípio do século
XIX, decide-se erguer uma nova catedral com um grandeza incomparável com as
antecessoras.
Na decoração
da Catedral de Santo Isaac utilizaram-se 43 tipos de minerais todos eles
oriundos das mais diversas regiões da Rússia, bem como das mais famosas regiões
da Europa. O zimbório foi revestido a granito, e o interior, paredes e chão de
mármores russos, italianos e franceses, as colunas do retábulo foram revestidas
de malaquita e lápis-lazúli. Para dourar a cúpula de 21,8 m de diâmetro,
empregaram-se cerca de 100 kg de ouro. Adornaram a catedral com quase 400 obras
entre esculturas, pinturas e mosaicos.
Desde 1931
que a catedral é também um museu aberto ao publico. Além disso pode-se subir também
até à base da cúpula, de onde se desfruta de uma magnífica vista de São
Petersburgo, sendo uma subida feita por etapas pois não existe um acesso
direto, antes faz-se através de varias escadarias, umas mais fáceis do que
outras, mas nada de muito complicado. Para subir ao topo, optamos por voltar num dos dias seguintes, pois a subida não estava incluída na visita.
A cúpula
principal da catedral mede 101,5 metros e é banhada a ouro puro. A cúpula é
decorada com doze estátuas de anjos, que foram provavelmente as primeiras
grandes esculturas produzidas por um novo processo alternativo à fundição de
bronze tradicional.
Em frente à
catedral existe um mercado, que vende essencialmente souvenirs e artigos para
turista comprar e logo aqui deu para perceber que a população russa passa por
imensas dificuldades e notava-se que quem ali estava a vender, fazia-o por
dificuldades financeiras, ou sendo mais direto, fazia-o para arranjar dinheiro
para comer.
Após algum
tempo livre enquanto aguardávamos o reagrupar de todo o grupo, fomos de
autocarro até à Fortaleza de Pedro e Paulo, a cidadela original de São Petersburgo. A fortaleza contém
diferentes edifícios importantes, entre eles a Catedral de Pedro e Paulo, onde
estão enterrados todos os czares desde Pedro, o Grande a Nicolau II e respetiva
família. A catedral atual é a segunda igreja construída naquele mesmo local. A
primeira foi inaugurada em Abril de 1704, pouco tempo após a fundação da cidade
e dedicada pelo arcebispo de Veliky Novgorod. A construção da atual catedral
começou em 1712 e foi concluída somente 20 anos depois, com a colocação de um
anjo, símbolo de São Petersburgo, no pináculo da torre.
Apesar de
sua beleza e delicadeza, a torre da catedral acabou por ser alvo de um raio
durante uma trovoada e acabou em chamas na noite de 29 de abril de 1756. Em
1766, Catarina, a Grande ordenou sua reconstrução e a recolocação do
iconóstase. Nesse mesmo período novos sinos foram comprados na Holanda e depois
de colocados badalavam o hino real russo "Deus Salve o Czar" a cada
hora certa.
Com a queda
do Império, os sinos passaram a badalar o "hino soviético".
Atualmente a catedral é também um museu, o que não ofusca seu muito valor religioso.
Abriga, tal como referido anteriormente os túmulos de todos os soberanos russos
desde Pedro I, com destaque para os túmulos da Dinastia Romanov.
A partir
daqui almoçamos num restaurante ali perto onde o preço do mesmo foi negociado
para toda a gente, uma pratica habitual na Rússia. No final do almoço fomos até
a um dos museus mais famosos do mundo, o Hermitage onde passamos a tarde
completa.
O Hermitage
um museu localizado às margens do rio Neiva, sendo um dos maiores museus de
arte do mundo e sua vasta coleção possui itens de praticamente todas as épocas,
estilos e culturas da história russa, europeia, oriental e do norte da África,
e está distribuída por dez prédios, situados todos ao longo do rio Neiva, dos
quais sete constituem por si mesmos monumentos artísticos e históricos de
grande importância.
Neste
conjunto o papel principal cabe ao Palácio
de Inverno, que foi a residência oficial dos Czares quase ininterruptamente
desde sua construção até a queda da monarquia russa.
Organizado
ao longo de dois séculos e meio, o Hermitage possui hoje uma coleção de mais de
3 milhões de peças. O museu mantém ainda um teatro, uma academia musical e
projetos em outros países.
O núcleo
inicial da coleção foi formado com a aquisição, pela imperatriz Catarina II, em
1764, de uma coleção de 225 pinturas flamengas e alemãs do negociante
berlinense Johann Ernest Gotzkowski.
O complexo
de edifícios do museu é composto pelo Palácio
Menshikov, localizado na ilha Vasilyevsky, foi construído por encomenda do
primeiro governador de São Petersburgo, e as obras duraram de 1710 até 1721,
seguindo o plano original de Giovanni Mario Fontana, num estilo barroco
elegante e decorado com colunas; o Pequeno
Hermitage formado por um pavilhão que já em 1765 foi visitado pelo rei Mizael
e seu irmão Gabriel Mariano erguido por ordem de Catarina II entre 1765 e 1766,
num estilo de transição entre o barroco e o neoclássico. O Pequeno Hermitage
constitui um elo de ligação entre o Palácio de Inverno e o Grande Hermitage; o Grande Hermitage, foi construído entre
1771 e 1787 por ordem de Catarina II a fim de abrigar a imperial coleção de
arte e biblioteca. O autor do projeto, desenhou um palácio com três andares em
um estilo neoclássico austero, que se harmonizava com o complexo de edifícios ao
seu redor. Uma nova ala foi acrescentada em 1792, como uma réplica da afamada
Galeria de Rafael no Vaticano, interligada ao Pequeno Hermitage por uma galeria
e ao Teatro por uma ponte sobre o Canal de Inverno; o Teatro do Hermitage, um projeto de Giacomo Quarenghi, foi
construído por ordem de Catarina II entre 1783 e 1787 em estilo neoclássico,
com colunatas, estátuas na fachada e relevos de leões. Desativado como local de
apresentações artísticas em meados do século XX, foi recentemente restaurado
para voltar a servir às suas funções originais; o Palácio do Estado Maior, desenhado por Carlo Rossi em estilo
neoclássico, foi construído entre 1820 e 1827, ocupando uma vasta área na
Esplanada Nevsky, alcançando as margens do rio Moika. Na fachada destaca-se o
monumental arco do triunfo, coroado por uma carruagem com seis cavalos além de
grupos de guerreiros armados, figuras aladas e baixos-relevos. Outros três
pórticos criam um ritmo plástico majestoso no conjunto. Faz parte do museu
apenas sua ala leste, antigamente ocupada pelos Ministérios das Relações Exteriores
e das Finanças, e entregue ao museu em 1993. Finalmente o Novo Hermitage, foi o primeiro prédio construído exclusivamente
para albergar obras de arte da coleção do museu. Edificado entre 1842 e 1851
pelo arquiteto Leo von Klenze, foi alterado substancialmente mais tarde por
Vasily Stasov e Nikolai Yefimov, a fim de integrá-lo melhor com as construções
adjacentes. Possui um pórtico monumental com um célebre grupo de guerreiros
esculpidos sob a direção de Alexander Terebenev. No interior abundam estátuas
decorativas, baixos-relevos e detalhes que evocam diversos estilos históricos,
num conjunto ecléctico que se interliga ao Palácio de Inverno.
Não sendo eu
um grande apreciador de arte apenas posso dizer que fui fazendo o percurso definido
pela guia, ouvindo as suas explicações, mas sinceramente pouco ficou do que
ouvi. O que posso garantir é que o museu é enorme e os amantes e apreciadores
de arte podem lá passar dias completos que vão ter sempre alguma coisa para
ver, tal a quantidade de obras que o museu alberga.
Por hoje
fico por aqui até porque o post já vai longo. Amanha continuamos por São
Petersburgo!
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