Por
coincidências do destino, o dia 1 de abril, tradicional dia das mentiras, neste
ano de 2018 coincidiu com o dia de Páscoa! Como a nossa viagem nada teve de
mentira, vamos lá então contar as nossas peripécias deste dia, continuando na
bonita cidade de Viena.
Começamos
o nosso dia com um pequeno almoço especial de Páscoa, pois fomos brindados com
os coelhinhos de chocolate (que mais tarde a Sofia chamou “um figo!”) e fomos
até ao centro da cidade. O dia começava com um dos locais mais ansiados pela
Beatriz, o Museu de Sissi, juntamente com o complexo Hofburg!
Dominando
o centro de Viena, o Hofburg é um complexo gigante de edifícios assimétricos
que foram construídos ao longo do tempo, somando mais de 240 mil metros
quadrados e 2,6 mil aposentos. Durante 600 anos, foi a residência dos
Hofburgs, soberanos austríacos que reinaram do século 13 até o fim da
monarquia, em 1918. A partir de então, tornou-se o centro político da República
da Áustria, sendo sede dos os escritórios do presidente, ministros e
secretários de estado, além de diversos museus. Cerca de 5 mil pessoas
trabalham no Hofburg atualmente.
O
Hofburg é paragem obrigatória e uma importante introdução ao mundo dos
Hofburgs, uma das mais importantes dinastias da Europa. Praticamente todas as
atrações de Viena giram em torno dos Habsburgs. Para muitos, o membro mais
famoso talvez seja a Sissi (1837 – 1898), como era chamada a imperatriz
Elizabeth da Áustria, esposa do imperador Francisco José I.
O
passeio pelo complexo Hofburg (vamos chamar-lhe assim!) permite conhecer os
aposentos imperiais, a coleção de prataria da corte e o Museu Sissi, que é sem
dúvida o ponto alto do programa.
Confessamos
que até então tudo o que sabíamos sobre Sissi se baseava nos filmes da trilogia
de Hollywood, lançada na década de 50. Nestes filmes, Sissi é retratada como
uma jovem feliz e extrovertida, que amava o seu marido. Foi um choque conhecer
a verdade por trás do mito e este é justamente o objetivo da exposição, aberta
ao público em 1994.
Sissi,
na verdade, foi uma mulher muito infeliz, obcecada pela beleza. Reconhecida
como a mulher mais bela do seu tempo, a imperatriz vivia fazendo dietas malucas
e gastava duas horas do dia apenas para pentear os cabelos, que chegavam aos
seus pés. Teve quatro filhos, sendo que a primeira morreu com apenas dois anos
e o seu único filho, que seria o herdeiro do trono, suicidou-se aos 31 anos
juntamente com a amante de 17 anos, após uma vida totalmente desregrada.
A
morte do filho acentuou o estado já depressivo de Sissi, que vivia solitária e
avessa às obrigações de imperatriz. Vivia permanentemente em viagem e adotava
práticas alimentares cada vez mais agressivas, enquanto o seu marido trabalhava
de manhã até ao anoitecer, sendo descrito como um verdadeiro “workaholic”.
Sissi não se dava bem com a sogra, a arquiduquesa Sofia, e era mal vista na
corte pela sua preferência pela Hungria. Durante todo o seu reinado, o seu
único interesse político foi a assinatura do acordo austro-húngaro, que foi
firmado em 1867, tornando Sissi a rainha da Hungria.
A
vida infeliz de Sissi teve um fim trágico. Em 1898, durante uma viagem a
Genebra, na Suíça, um anarquista italiano acertou-lhe no peito com um fino
estilete. Sissi faleceu horas depois. Ao saber da morte da esposa, Francisco
José I afirmou: “Vocês não sabem o quanto amei esta mulher”. Ao visitar o
escritório do imperador, realmente não duvidamos do amor que ele sentia pela
esposa. Retratos de Sissi estão espalhados por toda a parte.
Os
bilhetes para o ingresso no Museu Sissi, a Coleção de Prataria e os Aposentos
Imperiais custa cerca de 13 Euros, com áudio guia incluído, e a entrada é feita
pela Michaelerplatz.
Mais
uma vez temos restrições às fotos, sendo apenas permitido fotografar a parte da
exposição das pratas! Nos apartamentos reais, onde fica efetivamente o Museu da
Sissi é totalmente vedado, pelo que cumprimos as regras e não fotografamos. Se
tiverem curiosidade, basta pesquisas no Google que não faltam fotos
“clandestinas”!
Após
a visita ao museu partimos em direção a outro ponto da cidade, vantagem de
Viena ter uma rede de transportes públicos extremamente eficiente, para visitar
uma igreja que impressiona quem a observa: a Igreja de São Carlos Borromeu (Karlskirche,
em alemão!).
Durante
a epidemia da peste de 1713, o Imperador Carlos VI prometeu ao povo que, quando
a cidade fosse liberada da doença, construiria um templo dedicado a São Carlos
Borromeu, padroeiro da luta contra a peste.
A
construção da igreja foi um processo lento que só terminou 25 anos depois.
Provavelmente
o que mais chama à atenção ao ver a igreja são as duas colunas do exterior,
inspiradas na Coluna de Trajano de Roma, com uma decoração em espiral que
representa cenas da vida de São Carlos Borromeu.
A
Igreja de São Carlos Borromeu é uma das igrejas mais interessantes da cidade.
Embora se possa subir na cúpula para vê-la de perto, atualmente e devido às
obras, não nos parece muito recomendado, já que a estrutura temporária de
andaimes é pouco estável e a vista não vale tanto a pena.
E
como eram horas de almoçar, tínhamos ali mesmo ao lado um dos mercados mais
famosos de Viena, o Naschmarkt, onde podemos encontrar produtos mais ou menos
tradicionais, dizemos mais ou menos tradicionais, pois com o turismo tudo se
transforma e este mercado já não é nada do que era há alguns anos atrás!
Isto
era muito bem pensado e planeado, se o mercado estivesse aberto! Nem uma única
banca, um único restaurante, fosse o que fosse estava aberto para amostra! Lá
tivemos de ir procurar outro local com a promessa de voltar no dia seguinte
para visitar o mercado.
Felizmente
não tivemos de caminhar muito, pois ao lado do mercado encontramos uma “tasca
austríaca”, onde decidimos almoçar. Infelizmente não decoramos o nome e não
conseguimos encontrar na internet.
De
qualquer forma, uma excelente opção mesmo em frente ao Naschmarkt!
Após
o almoço e já no regresso ao centro da cidade vimos uma fila enorme junto a um
edifício, que verificamos ser o Museu da Cidade de Viena. A justificação para a
fila era o facto da entrada ser grátis no primeiro domingo do mês!
Não
estava nos planos, mas já que era grátis decidimos esperar e visitar. Ainda
esperamos cerca de 30 min pois o fluxo de entradas era controlado consoante as
saídas.
O
Museu da Cidade de Viena (Wien Museum) é composto
por um grande número de museus divididos por toda a cidade, entre os quais se
destacam o Museu do Relógio e algumas casas transformadas em museu que
pertenceram aos grandes mestres da música: Beethoven, Mozart, Schubert e Hadyn.
Um
dos museus mais conhecidos dos que fazem parte do Wien Museum é o Wien Museum
Karlsplatz, que foi o que visitamos.
Situado
nos arredores da Igreja de São Carlos Borromeu, o Wien Museum Karlsplatz é o
edifício principal da coleção do Wien Museum.
O
museu é uma mistura de história e arte dividida em três andares, começando pelo
térreo, onde estão exposições desde o ano 5600 a.C. até 1.500 d.C.
A
exposição começa com alguns ossos e restos pré-históricos e continua com o
período paleolítico, quando caçadores viviam nos arredores de Viena. Depois de percorrer Viena em tempos romanos, pode-se
ver uma exposição de objetos procedentes da Catedral de São Estevão, como
algumas estátuas e vitrais.
No
primeiro andar estão as exposições sobre Viena desde o ano 1500 até 1815,
formadas por diversos quadros do Renascimento e do Barroco, além de uma coleção
de armas e armaduras procedentes das Guerras Napoleónicas.
No
segundo andar há uma grande maqueta de Viena, além de uma reconstrução do
quarto de Adolf Loos, pioneiro da arquitetura moderna.
O
Wien Museum Karlsplatz é um lugar agradável onde conhecer de um modo ameno o
passado da cidade de Viena, compreendendo melhor seu presente e futuro, mas
ficamos um pouco desiludidos com o que encontramos no museu, pois tínhamos como
referência outros museus dedicados à história de grandes cidades como Londres, Nova
Iorque, Amesterdão e todos eles têm muito mais qualidade que este.
Regressamos
ao centro da cidade, i.e. ao bairro dos museus e como ainda era cedo a Beatriz
pediu para visitarmos o Museu de História Natural (Naturhistorisches Museum
Wien, em alemão! )
e como não se nega um pedido a uma filha, lá fomos nós!
Situado
no bairro dos museus, o Museu de História Natural possui exposições através das
quais é possível observar a diversidade da natureza e viajar através da história
do nosso planeta para conhecê-lo melhor.
O
edifício do museu, inaugurado em 1889, com um aspeto igual ao Museu de História
da Arte localizado mesmo em frente, abriga mais de 20 milhões de objetos.
As
exposições do museu dividem-se em 2 andares: no térreo está a melhor coleção da
Europa de minerais e pedras preciosas, além de coleções sobre a escultura
pré-histórica, a evolução do homem e grandes descobertas paleontológicas.
No
andar superior há uma imensa coleção de animais dissecados, muitos deles já
extintos, além das exposições temporárias. Entre os objetos a destacar no museu
está a Venus de Willendorf, uma estátua da fertilidade que tem mais de 24.000
anos.
Também
é interessante admirar a vaca marinha de Steller, um animal que se extinguiu há
mais de 200 anos, ou os enormes esqueletos de dinossauros.
O
museu é engraçado e semelhante a todos os outros que existem por esse mundo
fora! Não é visita obrigatória mas caso nunca tenham visitado outro Museu de
História Natural é uma boa opção.
Mais
uma vez viemos lanchar ao hotel, até porque ainda tínhamos algum tempo para uma
atividade surpresa que se seguia.
A
Virgínia quis proporcionar à Beatriz uma viagem no tempo! Através de uma
experiência 5D, viajaríamos no tempo para um percurso pela história de Viena! A
ideia pareceu-me engraçada e marcamos, já em Viena, com a empresa Time Travel –Vienna . O preço para os 3 foram
43,60€!
A
experiência tem tudo para ser um sucesso fantástico, mas num pormenor ou noutro
fica um pouco monótona! A viagem 5D é muito divertida, mas o “teatro” com os
Hofburg, o abrigo antiaéreo, etc deixa um pouco a desejar.
Termina
com um típico passeio de cavalo pelas atrações da cidade de Viena.
Valeu
por ser uma coisa diferente do que estamos habituados a experimentar.
Como
o dia já ia longo, jantamos uma pizzas num restaurante a caminho da estação do
metro e regressamos ao hotel para preparar as malas pois regressávamos a
Portugal no dia seguinte. Apenas à noite, por isso ainda podíamos aproveitar
mais alguma coisa da cidade.
Até
amanha..
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