1 maio 2016 – Caminho Português de Santiago – Pontevedra - Santiago
Último
dia! Cada vez mais próximos do objetivo final: chegar a Santiago de Compostela!
Ainda
tínhamos um pouco mais de 60 km pela frente. A noite, apesar de bem dormida,
foi muito curta pois uma vez mais acordamos cerca das 6:00h da manha.
A
manhã estava ainda mais fresca e húmida que nos dias anteriores e o tempo apesar
de ensolarado estaria gelado até sensivelmente meio da manha.
Como
estávamos mesmo no centro da cidade de Pontevedra, não demoramos muito tempo a
entrar no caminho certo seguindo as vieiras colocadas nos edifícios, o que nem
sempre é fácil, pois abundam cartazes publicitários nas paredes, impedindo que
as vieiras amarelas e fundos azuis se destaquem. Nada que um pouco de paciência
e alguma visão de lince não resolvam. Uma particularidade curiosa: no centro da
cidade existe uma linha com umas luzinhas azuis e inscrições em metal colocadas
no chão que indicam o caminho para Santiago. Não as conseguimos visualizar pois
já era dia, mas conseguimos apreciar esta oferta da cidade aos peregrinos no passeio noturno que demos no dia anterior.
Logo depois de passar o rio Lérez, paramos numa pastelaria para tomar o pequeno-almoço, já que no hotel Madrid o mesmo aquela hora seria apenas pão de forma e bebidas de pacote. Já passamos por essa experiência no passado e não a quisemos repetir.
Logo depois de passar o rio Lérez, paramos numa pastelaria para tomar o pequeno-almoço, já que no hotel Madrid o mesmo aquela hora seria apenas pão de forma e bebidas de pacote. Já passamos por essa experiência no passado e não a quisemos repetir.
Na
pastelaria “A Devesa” todos podemos escolher o que comer e que bem que souberam
os croissants e os churros (ou farturas miniatura!) que nos ofereceram
juntamente com o que pedimos. Um miminho que fica na memória e influência na
hora de pensar em voltar.
Cerca
das 8:30h, quando o reclame da farmácia ao lado marcava 7ºC (achávamos nessa
altura que era um exagero! Não sabíamos o que nos esperava!) lá começamos a
pedalar até sermos interpelados pela Guardia Civil Espanhola por seguirmos por
uma estrada em sentido contrário ao permitido. Então o caminho marcado manda-nos
para uma estrada em sentido proibido e por onde queriam eles que os peregrinos
fossem? A culpa é de quem define o sentido de trafego da cidade que não acautelou
devidamente o itinerário.
Seguimos
por algumas ruas secundárias calmas (seria por ser domingo e ainda não serem nove
da manhã?) onde aqui e ali surgiam alguns cruzeiros e obras de cantaria espetaculares
que indicavam que estava no caminho certo. Depois, mais adiante, o caminho
chega a uma zona verdejante e calma que segue paralela ao caminho-de-ferro. Uma
zona muito húmida e muito agradável para pedalar, não fosse o frio gélido que
congelava os dedos das mãos desprotegidos pelas luvas não terem dedos.
Mais
adiante, chegamos a zonas residenciais onde alternavam caminhos em terra
batida, ruelas em cimento e estradas nacionais.
Nesta
altura, decidimos fazer um pequeno desvio ao percurso para mostrar uma beleza
natural aos membros do grupo que percorriam o caminho pela primeira vez.
O
desvio foi pequeno, já que o Parque dos moinhos e cascatas do rio Barosa fica a
poucos metros do percurso para Santiago.
As
cascatas do rio Barosa situam-se entre Pontevedra e Caldas de Reis. O destaque
do local vai sem dúvida para a enorme queda de água, onde as pessoas se
deliciam nos dias de verão com as águas refrescantes. A parte final da queda
faz-se sobre um enorme afloramento granítico que criou uma enorme parque de
diversões aquático natural. Existem várias poças e escorregas naturais onde as
pessoas se divertem. Por lá também encontramos vários moinhos, uns em melhor
estado do que outros.
O local de verão deve ser paradisíaco! Mas como nós estávamos lá para pedalar, lá voltamos ao nosso caminho ao longo da EN 550 até Caldas de Reis. O trajeto não é bonito, nem agradável! Seguir ao longo de uma nacional onde carros e camiões passam a toda a velocidade, enquanto lutas contra o vento frontal e ainda as deslocações de ar que eles provocavam, definitivamente não é uma visão agradável.
Pouco
depois de Caldas de Reis, chegamos a uma parte do percurso espetacular! Talvez
a melhor parte de toda a viagem: um trilho “single-track” no meio de uma
floresta densa, com desníveis alternados, mas com muitas descidas rápidas e
onde quase atropelava uma peregrina que seguia na direção contraria. Tenho de
reconhecer que me deixei entusiasmar e o gozo do btt veio ao de cima.
Muito gozo senti durante a descida! Quase que
deu para esquecer o cansaço e o atraso que tínhamos face ao planeado! Eram dez
e meia e ainda faltavam 30km para Santiago!
Estávamos
próximos de Padron, onde iriamos parar para um reforço alimentar especial. O
pensamento no bocadillo de presunto parece que serviu como incentivo extra para
pedalar mais um pouco. Finalmente atravessamos a Ponte Cessures. E logo do
outro lado esperava-nos uma sandes de presunto.
Passado
o lanche em Padrón e a cerca de 20km de Santiago, sentimos um friozinho na
barriga, a recordar outras aventuras. Como o Caminho não facilita, mesmo na
parte final somos brindados com autênticos bosques dignos de um qualquer filme
épico de Hollywood. Mas Santiago estava logo ali à espreita. Ao entrar na área
urbana, logo uma valente subida para queimar as últimas calorias. Santiago é
uma cidade grande e o Caminho leva-nos por uma das principais avenidas da
cidade, até parece igual a tantas outras. O boom dá-se assim que entramos no
alto de Santiago, na sua zona histórica. Magnifico! Como os rios desaguam no
mar, todas as ruelas (e são muitas!) desaguam na Praça Obradoiro, na Catedral
de Santiago. A construção em pedra, os milhares de peregrinos a chegar, o comércio
de Santiago a mover-se, tudo isto, sempre a ver a Catedral aproximar-se e assim
que se chega a praça, dá aquele arrepio, do desafio concluído, da experiência,
da carga do Caminho, do espirito peregrino. Era tempo de largar a bicicleta,
umas fotos de grupo, um olhar mais atento para a Catedral, um tentar
adivinhar de onde vinha este ou aquele
peregrino. Mas o caminho ainda não estava terminado, faltava ir até à oficina
do peregrino e recolher a Compostela, documento que certifica a nossa jornada.
E
está feito. Como o regresso a casa foi feito por transporte privado,
regressamos rapidamente a casa, mas mesmo assim, ainda houve tempo de desfrutar
um pouco de Santiago, sem pensar na bicicleta no dia seguinte.
Uma bela aventura. Altamente recomendada. Consegue juntar o desafio, o desporto, a cultura, a Natureza, tudo misturado de uma forma bem fluída e bastante enriquecedora.
Uma bela aventura. Altamente recomendada. Consegue juntar o desafio, o desporto, a cultura, a Natureza, tudo misturado de uma forma bem fluída e bastante enriquecedora.
A
pé, de bicicleta, o importante é ir…
Um
muito obrigado aos meus companheiros (as) de viagem, todos eles sem exceção… um
obrigado pela vossa companhia e apoio.
Para
terminar deixamos aqui os
Totais
do dia:
Distancia: 69,9km
Duração:
3h45m15s
Altimetria:
867mts
Velocidade
média: 18,6km/h
Calorias
gastas: 1.333kJ
Até
um dia destes, por aí…
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